União Europeia não pode cair em depressão e paralisar"
Chefes da diplomacia dos seis países fundadores da União Europeia estão reunidos em Berlim. Ministro alemão pede celeridade nas negociações do Brexit
O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, declarou hoje que os seis fundadores da União Europeia (UE), que estão em Berlim para analisar o 'post-brexit', "não deixarão nunca que lhes tirem a sua Europa".
"Estou seguro de que estes Estados vão enviar a mensagem de que não deixarão ninguém tirar-lhes a sua Europa, este projeto de paz e de estabilidade", afirmou o ministro alemão antes do encontro com os homólogos Jean-Marc Ayrault (França), Bert Koenders (Holanda), Paolo Gentiloni (Itália), Didier Reynders (Bélgica) e Jean Asselborn (Luxemburgo).
Defendeu ainda que os responsáveis não se podem precipitar na tomada de decisões, "fingindo ter todas as respostas, mas perante a decisão britânica", a União Europeia "não pode cair em depressão e paralisar".
Jean-Marc Ayrault, ministro francês, defendeu que a saída do Reino Unido da UE devia ser ativada o mais rapidamente possível.
"É necessário ser rápido, que a negociação arranque (...) no interesse comum. A pressão vai ser forte sobre o primeiro-ministro britânico, David Cameron, na cimeira europeia de terça-feira e quarta-feira", adiantou Ayrault.
Cameron anunciou na sexta-feira, depois da vitória do 'brexit' no referendo, que sairia de funções em outubro e que deixaria ao seu sucessor a tarefa de negociar a saída da UE, pondo em ira os responsáveis europeus.
"Não é um divórcio amigável", afirmou o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. À antena de televisão alemã ARD na sexta-feira à noite.
"Não percebo porque é que o Governo britânico precisa de esperar até ao mês de outubro para decidir se envia ou não a carta de divórcio para Bruxelas. Eu gostaria de a receber imediatamente", insistiu.
O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, defendeu que Cameron tinha assim "todo o continente (europeu) como refém".
O encontro a seis em Berlim lança uma grande dança diplomática para tirar conclusões sobre a votação da saída do reino Unido da UE. Na segunda-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, recebe o presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, na véspera de dois dias da cimeira europeia.
"Estou seguro de que os 27 países querem defender esta Europa, que há uma grande vontade de reforçar a Europa", disse Steinmeier, sublinhando respostas urgentes deviam ser dadas sobre temas específicos, como "os refugiados e as migrações, a crise do emprego (...) e a segurança".
Por outro lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês indicou que os seis ministros vão debater a melhor maneira para relançar o projeto europeu com base numa proposta franco-alemã.
"Trabalhámos sobre uma proposta com Steinmeier sobre o que poderia aproximar os pontos de vista de uns e de outros. Uns privilegiam a integração da zona euro, outros a política de segurança e de defesa", adiantou.
"Toda a gente reconhece que o casal franco-alemão tem um papel. Não é exclusivo, mas se não houver um bom entendimento franco-alemão isso paralisa o resto", adiantou.
Os chefes da diplomacia dos seis países fundadores da União Europeia (UE) reúnem-se hoje em Berlim para debater as consequências do referendo britânico, em que os eleitores decidiram pela saída do Reino Unido da UE.
O Reino Unido, cujos eleitores escolheram na quinta-feira sair da UE, a Irlanda e a Dinamarca foram os países do primeiro alargamento da Comunidade Económica Europeia, a 01 de janeiro de 1973.
Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair da União Europeia (UE), depois de o 'Brexit' ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira, cuja taxa de participação foi de 72,2%.
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