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terça-feira, 31 de maio de 2016

OS DETALHES DA ACUSAÇÃO CONTRA PEREIRA CRISTÓVÃO



Apontaram armas às vítimas, quase estrangularam um empresário e até arrancaram o soalho de uma casa à procura de milhões. A história do grupo liderado por Pereira Cristóvão, que é julgado esta quarta.
Apontaram armas à cabeça das vítimas, quase mataram um empresário por estrangulamento e até arrancaram o soalho do chão de uma casa à procura de milhões de euros. Pretexto? Eram polícias e estavam a fazer uma rusga. Os suspeitos acabaram por ser descobertos pela PJ: no grupo havia, sim, três polícias no ativo, mas não estavam a trabalhar. Aproveitavam o tempo livre para assaltar casas com vários amigos que conheciam do ginásio. E não o faziam inadvertidamente. Por trás, ao comando, havia quem pensasse nos alvos a assaltar e nas casas onde existissem grandes quantias em dinheiro. E esses seriam, segundo a acusação do Ministério Público, o antigo vice-presidente do Sporting e ex-inspetor da PJ, Paulo Pereira Cristóvão, o antigo líder da Juve Leo, Mustafá, e um traficante de droga de nome Celso.
Os 18 suspeitos sentam-se no banco dos réus esta quarta-feira, dia 1 de junho. O início do julgamento começa cinco dias depois de Pereira Cristóvão ter sido condenado a uma pena suspensa de quatro anos e meio por peculato, uso indevido de dinheiro do clube e denúncia caluniosa.

Como Celso ganhou 20 mil euros preso em casa

Estava desempregado quando conheceu Cristiano, um homem ligado ao ramo dos negócios imobiliários com casa em Cascais. A amizade foi estreitando e, sem trabalho, Celso “Kota” acabaria por aceitar ser uma espécie de moço de recados do empresário. Começou a conhecer-lhe os segredos e a tentar angariar-lhe investidores angolanos e brasileiros para um negócio que Cristiano queria montar no Brasil. Andava com ele de um lado para o outro. Até que a polícia lhe deitou a mão. E prendeu-o por tráfico de droga em 2014. Fim da amizade.
A amizade acabou ali, mas Celso levaria consigo os tais segredos. Preso em casa à espera de uma acusação, era frequentemente visitado pelo amigo Paulo Pereira Cristóvão, o ex-inspetor da PJ que em 2007 assinava um livro sobre o desaparecimento de uma criança no Algarve, para, quatro anos depois, ser eleito vice-presidente do Sporting. Foi por esta altura que os dois se conheceram, segundo disse Celso às autoridades.
De acordo com a acusação do Ministério Público, foi numa das visitas a casa de Celso, em 2014, que o ex-inspetor da PJ conheceu Paulo S.. Paulo tinha pedido ajuda a Celso para reaver 520 mil euros que Cristiano lhe ficara a dever — por causa dos negócios do Brasil, que não acabaram bem. Como Celso nada podia fazer, porque estava em prisão domiciliária, sugeriu que pedissem apoio a Pereira Cristóvão.
O agente Conceição e um colega de serviço, o agente Elói Fachada, juntamente com dois outros suspeitos, fariam o assalto. Simulariam ser polícias e estar a fazer uma busca domiciliária para poderem apropriar-se do que interessava: o dinheiro.
Celso sabia bem onde o empresário Cristiano guardava o dinheiro dos negócios. Tinha dois cofres em casa e era lá que, possivelmente, estaria guardada a sua fortuna. Pereira Cristóvão fez, então, uma proposta: cobraria a Paulo S. uma comissão de 10%, ou seja, 52 mil euros sobre o valor recuperado. O negócio ficou fechado.
Segundo o Ministério Público (MP), o plano foi pensado por Pereira Cristóvão, por Celso e por um outro arguido no processo: Mustafá, a alcunha de Nuno Miguel Mendes, então líder da Juve Leo. Os três, vistos pelas autoridades como o comando da rede criminosa, terão dado indicações dos seus planos a Babá, irmão de Mustafá, que informou Luís Conceição — um agente ao serviço da PSP de Almada encarregado de “forjar os mandados de busca e detenção”. Com a morada e o nome completo de Cristiano, o polícia elaborou um mandado de busca por suspeitas de tráfico de diamantes. O documento era falsamente assinado por um juiz.
Antes do dia do assalto, os suspeitos fizeram dois reconhecimentos à casa do empresário, em Cascais. E só no dia 27 de fevereiro de 2014 executaram o crime. Pereira Cristóvão, Mustafá e o irmão Babá esperaram num carro estacionado ali perto. O agente Conceição e um colega de serviço, o agente Elói Fachada, juntamente com dois outros suspeitos, fariam o assalto. Simulariam ser polícias e estar a fazer uma busca domiciliária para poderem apropriar-se do que interessava: o dinheiro.
Conceição e Fachada apresentaram-se no condomínio de crachá policial à cintura e armados com as pistolas da PSP. Ainda forneceram um colete da PSP a um terceiro arguido, Mário Lopes — que subiu com eles até à casa de Cristiano. O quarto elemento, um personal trainer, ficou à porta do condomínio, junto ao porteiro. Tinha como função vigiar quem entrava e saía.
Foi Edna, uma cabeleireira que à altura estava desempregada, quem lhes abriu a porta. Os três homens entraram e ordenaram-lhe que se sentasse no sofá. Traziam um mandado de busca pelo crime de tráfico de diamantes. O empresário Cristiano, namorado de Edna, saiu disparado do quarto. Ainda pediu que lhe mostrassem o documento assinado pelo juiz. Mas os alegados polícias apontaram-lhe uma arma à cabeça e obrigaram-no a colaborar. Primeiro revistaram-no e apreenderam-lhe o dinheiro que trazia nos bolsos. Depois o telemóvel. Reconduziram-no ao quarto e obrigaram-no a dizer os códigos do cofre. Ou morria.
Lá dentro, segundo a vítima: 145 mil euros em dinheiro, 500 mil em cheques, documentos e um fio de ouro de cinco mil euros.
Enquanto os suspeitos guardavam o dinheiro num saco, a filha de Cristiano, de 16 anos, chegou a casa. Foi obrigada a sentar-se ao lado de Edna, a namorada do pai. Edna foi também obrigada a contar o dinheiro que Cristiano trazia no bolso: 770 euros. Antes de saírem, os assaltantes ainda pegaram nas chaves de um Lamborghini Gallardo e de um Aston Martin do empresário. Alegaram que tinham que ir fazer o auto de apreensão e que voltariam. Só queriam tempo para fugir.
O crime demorou cerca de 30 minutos. Depois disso, a divisão do produto do roubo em duas partes iguais: uma para os organizadores, Celso, Pereira Cristóvão e Mustafá; outra para os executantes. Uns e outros seguiram em carros separados até ao Guincho. Segundo o Ministério Público, foi Pereira Cristóvão quem recebeu o saco do dinheiro. Seria, mais tarde, Babá quem entregaria os valores aos executantes.
Os polícias e os dois cúmplices seguiram para a Margem Sul. Pelo caminho, na Ponte 25 de Abril, livraram-se do telemóvel da vítima. Os restantes, Pereira Cristóvão, Mustafá e Babá, seguiram noutro carro para a casa de Pereira Cristóvão, na Malveira. Foi ali, na garagem, que o ex-inspetor da PJ contou o dinheiro, mas não somou os 145 mil que estariam no cofre, tal como se queixou Cristiano. Contou 80 mil. Pereira Cristóvão guardou metade e deu o restante a Babá, que devia dividir pelos outros. Deu-lhes também o fio em ouro. Os cheques de milhares de euros à ordem de Cristiano foram destruídos no lavatório da garagem. Não podiam deixar provas.

Nuno, mais conhecido por "Mustafá", era líder da Juve Leo quando foi detido
Dias depois, Pereira Cristóvão entregou 20 mil euros a Celso, preso em casa. Era a sua parte. Os irmãos Babá e Mustafá ficariam com 10 mil euros cada um e dariam 7500 a cada um dos participantes no assalto. Opersonal trainer receberia menos, ficaria com 1500 euros, porque tinha ficado apenas de vigia.
“Não foi possível apurar qual o destino dado à quantia de 65 mil euros, correspondente entre o valor numerário retirado à vitima (145 mil) e o valor repartido entre os arguidos”, lê-se no processo.
“Não foi possível apurar qual o destino dado à quantia de 65 mil euros, correspondente entre o valor numerário retirado à vitima (145 mil) e o valor repartido entre os arguidos”, lê-se no processo.







Pereira Cristóvão e Celso usaram o dinheiro para pagar as rendas de casas. O ex-inspector da PJ pagou três meses adiantado, Celso pagou 12. Os senhorios são testemunhas no processo. Pereira Cristóvão assumiu ter cometido este assalto numa entrevista àRTP. Mas tem uma versão diferente dos factos: diz que foi “um ato de amizade”, que foram cobrar uma dívida e que se limitou a fazer a ponte entre a pessoa a quem deviam dinheiro e Mustafá.

O suposto traficante que quase morreu no assalto

As informações que as patrulhas traziam, por vezes, à esquadra da PSP de Almada eram analisadas atentamente pelos agentes Luís Conceição e Elói Fachada. Podia ser que entre os casos existissem possíveis vítimas. Foi uma destas informações que conduziu os assaltantes a um novo alvo: Elisário, um empresário suspeito de tráfico de droga.
Naquele dia de março de 2014, Elisário estava a pagar ao barbeiro quando exibiu um maço de notas. Confidenciou que se preparava para saldar uma dívida a um empresário da construção civil. Mário Lopes — um dos operacionais da organização — estava lá e ouviu. Telefonou rapidamente a Babá e a um outro amigo, também arguido no processo, e combinaram segui-lo para o assaltarem. Abordaram-no junto a uma rotunda e obrigaram-no a entregar a pasta em couro onde tinha 2.850 euros. Levaram também um documento que ele trazia com a sua identificação, usado pelo agente Luís Conceição para forjar mais um mandado de busca.
Dois meses depois, novo plano que visava Elisário. O alvo teria uma “casa de recuo” na Damaia, como referem os procuradores do Ministério Público. E havia informação de que, naquela noite, ele iria transacionar nada mais, nada menos, que quatro quilos de droga. Desta vez, os dois agentes da PSP fizeram-se acompanhar de mais dois cúmplices. Abordaram a vítima ainda à porta do prédio. Identificaram-se como polícias, amarraram-lhe as mãos e obrigaram-no a subir até casa. Ali prenderam-lhe os braços com braçadeiras de plástico e enfiaram-lhe uma toalha na cabeça. Não queriam que testemunhasse o que se seguiria.
Como a vítima negou sempre haver mais dinheiro e droga, um dos arguidos aproximou-se dele pelas costas “e começou a estrangulá-lo code tal forma que ele acabou por perder os sentidos”. Quando retomou a consciência, voltou a ser agredido, para falar. 
Os suspeitos remexeram tudo até encontrarem um cofre no quarto da vítima. Obrigaram-no a dizer o código e encontraram 10.500 euros em notas de 200, 100 e 50 euros. Havia ainda um cheque de 10 mil euros. Mas não ficaram satisfeitos. Faltava a droga.
Foi naquele momento que a filha do empresário tocou à campainha. Um dos suspeitos ainda teve esperança que ela desistisse, mas ela insistia. Então, abriu-lhe a porta e explicou-lhe que estava a decorrer uma “operação policial”. Enquanto a mantinham na sala, no quarto deitaram o pai dela na cama e obrigaram-no a dizer onde estava o resto do dinheiro e da droga. Como ele negou sempre haver mais, um dos arguidos aproximou-se dele pelas costas “e começou a estrangulá-lo com os braços de tal forma que ele acabou por perder os sentidos”. Quando retomou a consciência, voltou a ser agredido, para falar. Ameaçaram que matariam a família. Deram-lhe socos, insistiram. Voltaram a apertar-lhe o pescoço e ele perdeu novamente os sentidos.
Nesta altura, dois amigos da vítima bateram à porta e os cinco arguidos fugiram do local a correr. Os arguidos Luís, Elói, Mário, Cláudio e Bruno Pereira encontraram-se depois no Fogueteiro. Os agentes da PSP receberam cerca de 2100 euros cada um pelo assalto.
Nessa noite, o agente Luís Conceição ainda telefonou à PSP de Almada. Queria dar-lhes conta de que chegaria atrasado para o turno que ia da meia-noite às 8h. Só não disse que as razões do atraso se deviam ao facto de ter estado a fazer um assalto.
Elisário não foi deixado em paz. Dias depois, na sua casa na Quinta do Conde, em Sesimbra, recebeu uma nova visita. Mário Lopes deixou-lhe na caixa de correio o cheque de 10 mil euros que tinham roubado na Damaia e um recado:
“Boas… Não cumpriu com as suas palavras, vou deixar o meu contacto 9xxxxxxx, Metade de Lisboa querem os seus Quilos, Você precisa de mim… Ligue-me e encontramo-nos, vou sozinho…”
Ele ignorou.

Arrancaram tacos do chão à procura de dinheiro do BPN. E nada

A informação corria no meio e terá sido o próprio Paulo Pereira Cristóvão, através do telemóvel da então companheira, que a fez chegar aos executantes. Numa casa da Avenida do Brasil, em Lisboa, vivia um homem ligado à Sociedade Lusa de Negócios (SLN), então detentora do BPN, que após o escândalo do banco escondera “três ou quatro” milhões de euros por baixo do soalho em tacos da casa.
Na noite de 15 de abril, pelas 22h30, o grupo que iria executar o assalto rondou o prédio para fazer o reconhecimento da zona. Dois dias depois, a visita.
Os dois agentes da PSP, Luís Conceição e Elói Fachada, aproveitaram a presença de um funcionário da EDP no prédio para entrar. Subiram de elevador até ao pátio do quinto piso. E, aqui, encontraram-se com dois outros arguidos, Mário Lopes e Carlos Lopo. Juntos, subiram um lanço de escadas até ao sexto piso e bateram à porta. Foi Maria quem abriu. Mas, assim que ouviu Luís Conceição a ler o mandado e a dizer o nome de Manuel S., a mulher avisou que deviam estar enganados. Esse não era o nome do proprietário daquele apartamento.
Os arguidos usaram pés de cabra para levantar o soalho de várias divisões à procura dos milhões do BPN. Não encontraram nada.
Crentes de que ali estaria uma fortuna, os quatro arguidos entraram. A mulher queria avisar o patrão que estava ali a polícia. Mário Lopes impediu-a e ficou a controlá-la na sala. Os arguidos usaram pés de cabra para levantar o soalho de várias divisões à procura dos milhões do BPN. Não encontraram nada.
Os suspeitos abandonaram o local e dirigiram-se logo ao estádio de Alvalade, onde estaria Mustafá. Este, surpreendido, tentou encontrar uma forma de compensar as horas perdidas naquele apartamento. Mas os assaltantes estavam furiosos. E começaram aqui as discussões de como os assaltos deviam ser planeados.

O chinês que não tinha assim tanto dinheiro

Em maio de 2014, o grupo ficou-se pela Margem Sul. Com a informação de que um comerciante chinês, com casa na Costa de Caparica, teria na sua posse milhares de euros, Babá, Carlos Lopo e os dois agentes da PSP, Luís Conceição e Elói Fachada, passaram algumas horas a vigiar-lhe a casa. No dia 5 de maio bateram-lhe à porta.
Sob pretexto de que vinham à procura de droga, mais concretamente de cocaína, os suspeitos vasculharam tudo. Debaixo da cama do casal encontraram uma caixa com 2400 euros no interior. E foi por essa altura que a mulher do comerciante chegou a casa. “Estamos a fazer uma busca policial”, responderam-lhe, obrigando-a a entregar a bolsa. Lá dentro estavam outros 2600 euros. De saída ainda levaram um iPad.

A mulher que guardava num cofre o dinheiro do marido emigrado em Angola

No dia em que Clarisse foi apresentar queixa à PSP de Almada, foi atendida por Luís Conceição. Conversa puxa conversa e acabou por confessar ao polícia que o marido tinha emigrado para Angola, empurrado pela crise económica. E que todos os meses lhe enviava dinheiro. Disse-lhe, também, que o dinheiro se encontrava num cofre na casa da mãe, em Mem Martins. Quando ele lhe pediu mais elementos, ela não hesitou em fornecer-lhos. A conversa tornou-se tão íntima que Luís Conceição enviaria, dias depois, uma mensagem a Clarisse para que fosse tomar um café com ele.
Aos amigos do ginásio, Luís Conceição deu os dados da mãe de Clarisse para mais um assalto. O roubo podia render-lhe 80 mil euros. Mas ele não podia dar a cara. Seria reconhecido. Ficaria à porta. À casa, no terceiro andar de um prédio em Mem Martins, subiriam o agente Fachada e três outros arguidos, Flávio, Nuno e Serge, o personal trainer. O agente Elói Fachada decidiu levar um terceiro polícia (a sério) no grupo. E pediu à sua companheira, também agente da PSP, para acompanhá-los.
Para que as vítimas acreditassem que eram polícias, ainda pediram a Clarisse que assinasse o "papel do juiz". Depois saíram e disseram que voltariam em breve, para retirar as impressões digitais. 
O papel da agente Telma acabou por revelar-se fundamental. Já dentro de casa, e perante Clarisse e a a mãe dela, os assaltantes simularam, mais uma vez, estar a executar uma busca. Mandaram-nas esperar na cozinha. E terá sido Telma a convencê-las a dizer onde estava o cofre e qual era o código. Os suspeitos não encontraram os 80 mil euros. Foram embora com 5500 euros e peças em ouro avaliadas em 3 mil euros — que foram mais tarde vendidas por menos de metade do valor. Levaram outros 100 euros da carteira de Clarisse.
Para que as vítimas acreditassem que eram polícias, ainda pediram a Clarisse que assinasse o “papel do juiz”. Depois saíram e disseram que voltariam em breve, para retirar as impressões digitais. Elas obedeceram. Só mais tarde, quando telefonaram para a esquadra, perceberam o que se passara.

Como eles tentaram roubar um mecânico colecionador de carros. E não conseguiram

Em junho de 2014, o assalto correu ainda pior. Desta vez a vítima era Genésio, um mecânico que se dedicava a alugar carros clássicos para casamentos e batizados. Com uma frota de 32 carros antigos, aos olhos dos clientes era provável que guardasse uma fortuna em casa. Foi nisso que o eletricista Flávio e o mecânico Nuno Caçador acreditaram quando o vigiaram para partilhar a informação com os dois polícias, Luís Conceição e Elói Fachada. O agente Conceição fez o mandado e chamou ainda o personal trainer, que participara no crime de Cascais, para executar o plano.
Era dia 27, o relógio marcava as 10h, quando Sara ouviu a campainha. Espreitou pelo ‘olho-de-boi’ e viu um crachá da polícia. Desconfiou. Minutos antes, a filha tinha chegado a casa e tinha comentado que viu homens suspeitos no jardim. Eram eles que agora estavam ali. Sara preferiu não abrir a porta. E o assalto não se concretizou.

O que diz o Ministério Público

Os procuradores do Ministério Público João Melo e Vítor Magalhães acreditam que Pereira Cristóvão, juntamente com o líder da Juve Leo, Mustafá, e Celso, um traficante de droga a cumprir pena de cadeia, eram os líderes da rede criminosa. Estariam no “topo da cadeia de comando desta organização”, cabendo-lhes “as tarefas de recolha de informação e decisão sobre a identificação de pessoas e locais a assaltar”, lê-se no processo que o Observador consultou.
Os restantes arguidos, que se terão conhecido num ginásio na Quinta do Conde, em Sesimbra, eram os operacionais. Entre eles estão os três agentes da PSP que reuniam “os meios logísticos necessários à execução dos assaltos”. O elo de ligação entre o comando e os executantes era Babá, a alcunha de Paulo Santos, irmão de Mustafá.
O Ministério Público acusou os 18 suspeitos dos crimes de roubo, sequestro e associação criminosa. Todos eles começam a ser julgados a 1 de junho no Campus da Justiça, em Lisboa, pelos crimes de roubo, sequestro e associação criminosa.
observador.pt

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