«O nosso homem chegou ontem a Berlim, ao fim da tarde, com uma missão muito difícil, mas não confidencial. Todos sabemos que vai tentar convencer a dona da Europa a não aplicar sanções a Portugal por não ter cumprido o défice de 3% em 2015. E que vai também tentar sensibilizá-la para a ideia de que não faz sentido o Estado português, único acionista da Caixa Geral de Depósitos, não poder proceder ao aumento de capital da instituição.
Confiamos todos que o nosso agente em Berlim tenha sucesso na sua missão. A sua capacidade argumentativa e a sua simpatia são seguramente trunfos importantes com que jogará. Mas só no final de junho, após as eleições legislativas em Espanha, é que se saberá se o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, teve êxito na sua missão junto da chanceler alemã, Angela Merkel. (…)
Marcelo é suficientemente diplomata para não lembrar a Merkel que, se vamos por aí, também a Alemanha deveria ser sancionada por acumular excedentes comerciais excessivos, acima do previsto pelos tratados europeus, desde há vários anos. Esperemos, contudo, que diga à senhora que manda na Europa que o anterior Governo português aplicou integralmente e para lá do que a troika, Bruxelas e Berlim queriam, a política de austeridade que preconizaram – pelo que sancionar Portugal pelos resultados de 2015 é sancionar também essa política. (…)
Terça-feira já teremos de volta o nosso enviado a Berlim. E nessa altura começaremos a saber se a sua missão foi coroada de sucesso.»
Nicolau Santos, no Expresso
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