Partido nacionalista hindu próximo de ampla vitória na Índia
O partido nacionalista hindu de Narendra Modi está perto de uma vitória esmagadora nas eleições legislativas na Índia, acabando com 10 anos de poder da dinastia Gandhi-Nehru, desgastada por um crescimento econômico frágil e escândalos de corrupção.
Segundo as projeções divulgadas nesta sexta-feira, o Bharatiya Janata Party (BJP) de Modi e seus aliados conquistariam quase 330 cadeiras das 572 do Parlamento, o que representa uma maioria absoluta sem precedentes nas últimas três décadas.
O anúncio foi comemorado em vários pontos do país.
"Esto é o início da mudança, uma revolução popular e o início de uma nova era", disse à AFP Prakash Javadekar, dirigente do BJP, na sede do partido em Nova Délhi.
O Partido do Congresso, que retornou ao poder em 2004, admitiu a derrota, que pode ser a mais grave da história da formação que domina a vida política da Índia - com breves interrupções - desde a independência do país do Império Britânico em 1947.
Os dirigentes do partido, Rahul e Sonia Gandhi, assumiram a responsabilidade pela derrota.
"Respeitamos a decisão. Assumo minha responsabilidade na derrota", afirmou Sonia Gandhi, presidente do partido, em termos similares aos do filho Rahul, candidato do partido.
"Gostaria de começar felicitando o novo governo. O povo concedeu um mandato. Nós nos saímos muito mal. Como vice-presidente do partido assumo minha responsabilidade", disse Rahul.
Rahul Gandhi - filho de Rajiv Gandhi e neto de Indira Ganghi, dois ex-primeiros-ministros assassinados quando estavam no cargo - realizou uma campanha considerada frágil pelos analistas.
"Aceitamos a derrota. Estamos dispostos a sentar na bancada da oposição", afirmara mais cedo o porta-voz do partido, Rajeev Shukla.
Modi, filho de um vendedor de chá, de 63 anos, prometeu durante a campanha instaurar um governo forte e capaz de recuperar a economia da Índia, o país com segunda maior população do mundo, com 1,237 bilhão de habitantes.
Após uma década de crescimento superior a 8%, o PIB da terceira maior economia asiática (depois de China e Japão) está em fase de desaceleração, com uma expansão de 5% em 2012/2013.
Modi usa como exemplo o balanço de sua atuação como governador do estado de Gujarat desde 2001.
O mercado demonstra otimismo sobre a capacidade de Modi para superar as dificuldades da Índia, como as infraestruturas deficientes e a inflação galopante.
Além dos nacionalistas hindus, Modi também recebeu o apoio de parte dos mais pobres, que tradicionalmente votavam no Partido do Congresso por seus programas sociais.
Os ataques dos críticos - um deles o chamou de "carniceiro de Gujarat" - e as advertências das minorias religiosas sobre as divisões que poderia provocar entre a população não parecem ter afetado sua popularidade.
O apelido foi recebido após as violentas manifestações de Gujarat em 2002, que deixaram mais de mil mortos, em sua maioria muçulmanos, ante a aparente passividade da polícia.
A chegada de Modi ao poder obrigará um giro radical dos grandes países ocidentais, que o boicotaram durante quase 10 anos por causa dos distúrbios.
Os indianos hinduístas representam 80% da população, contra 13% de muçulmanos. O restante está composto por minorias cristãs, sikhs e budistas.
Durante a campanha, Modi evitou ressaltar as reivindicações nacionalistas mais radicais do BJP.
Mas para os analistas, o novo chefe de Governo será julgado principalmente por sua atuação na área econômica.
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