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segunda-feira, 15 de abril de 2013


“As Aparências Enganam”: Frida Kahlo E A Moda

Quando Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón nasceu, em 1907, nunca imaginou que se transformaria em referência de moda mais de 100 anos depois. Muito menos deve ter pensado que, após a poliomielite na infância e o acidente de bonde, problemas que lhe deixaram sequelas no corpo, seu nome seria considerado um ícone fashion.
Desfiles de Moschino, Christian Lacroix e Jean Paul Gaultier
Embora a artista mexicana seja muito mais conhecida e lembrada pelo trabalho na pintura, especialmente por seus autorretratos, sua aparência marcante e autêntica a fez tornar-se um ponto de destaque numa sociedade na qual a padronização e a massificação dão o tom. Além disso, o visual deFrida vinha sempre acompanhado de atitude e consciência crítica, características que têm se tornado cada vez mais raras, seja na moda, seja nos modelos culturais da atualidade.
Frida Kahlo viveu grande parte de sua vida na Casa Azul, em Coyoacán, no México, local onde até hoje estão guardados seus objetos de afeto e de memória, tais como artefatos folclóricos, quadros, roupas e joalheria artesanal. O vestuário da pintora era composto basicamente por peças representativas dospovos indígenas mexicanos, como colares com símbolos astecas (pedra jade, desenhos com círculos, cruzes e serpentes) e o vestido tehuana, característico das mulheres zapotecas, que, por sua vez, lutaram por ideais de liberdade e independência econômica para seu povo. Após a revolução de 1910, que depôs o governo de Porfírio Diaz, o orgulho nacional cresceu, e diversos artistas mexicanos passaram a criar suas obras em torno de temas nacionais. Ao se vestir com peças que representavam as antigas civilizações pré-colombianas, Frida fazia de sua roupa uma forma de expressão política e de apoio à ideologia pós-revolucionária.
Frida adotou esse tipo de vestuário a partir da cerimônia de seu casamento com o pintor Diego Rivera, em 1929, quando usou um traje popular, emprestado pela empregada de seus pais, composto por saia longa e estampadablusa e rebozo. O rebozo é uma peça tão utilizada pela artista mexicana que ele está presente tanto em fotografias quanto em seus autorretratos. Trata-se de uma espécie de xale comfranjas, confeccionado em diferentes tipos de material, dos mais simples aos mais nobres, e seu uso é comum entre as mulheres mexicanas de diversas classes sociais. Ao usar correntemente o rebozocruzado no peito, Frida fazia alusão ao modo como o usavam as revolucionárias soldaderas.
Assim, nada em Frida era por acaso. Seja para disfarçar seus problemas físicos, contra os quais lutou até o fim da vida, em 1954, seja para expressar-se politicamente, as roupas de Frida Kahlo eram a tradução visual de sua personalidade forte e de sua força de expressão. Tanto é que podem ser vistas também em diversas de suas telas, como “Meu vestido pendurado lá ou Nova York” (1933), “Memória ou O coração” (1937) e “Autorretrato com vestido de veludo” (1926), para citar algumas. Mais do que adepta de um caráter étnico, o estilo de Frida é a prova de que moda e política podem caminhar de mãos dadas.
Em 1958, a Casa Azul se transformou no Museu Frida Kahlo, com a missão não apenas de preservar o legado e a história da artista mexicana, mas também de mostrar o quanto a autenticidade e a exuberância das roupas de Frida fazem bem ao mundo da moda.
Para saber mais:
  • Exposição Las aparencias engañan: los vestidos de Frida Kahlo. Museo Frida Kahlo, Londres 247, Col. del Carmen, Coyoacán, México. A partir de 22 de novembro de 2012. Site: www.museofridakahlo.org.mx
  • Filme “Frida” (2002). De Julie Taymor, com Salma Hayek e Alfred Molina. Canadá/México/EUA.
  • Livro “Frida – a biografia”. Hayden Herrera. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2011.
  • Livro Self Portrait in a Velvet Dress: The Fashion of Frida Kahlo. Carlos Phillips Olmedo et allii. Chronicle Books, 2008 (em inglês).

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