Redacção do Zequinha: As Cabras
Era uma vez duas cabras. Apesar de terem opiniões diferentes sobre o mundo, eram muito amigas. Uma delas odiava a Europa, mas era uma cabra teimosa, cheia de convicções, muito respeitada, até pelos seus inimigos.
A outra cabra era mais esperta. Dizia que gostava muito da Europa mas, além de caloteira, sofria do síndrome do Tio Patinhas: só pensava em dinheiro e queria guardar nos seus cofres todo o dinheiro dos pastos europeus onde se apascentava. Além disso, apesar de estar sempre a elogiar os europeus, roubava-os para dar de comer aos seus cabritinhos e encher os celeiros do pasto de ração.
A cabra que odiava a Europa um dia enlouqueceu … e assim morreu! Ao seu funeral vieram quase todos os seus amigos, mas também cabras, cabrestos e cabrões de toda a Europa, que ela odiara em vida. Ninguém no pasto onde esta cabra era dona e senhora respeitou o seu pedido para ser enterrada sem o apoio do Estado, por isso fizeram-lhe um funeral com pompa e circunstância, que custou 12 milhões de euros aos cabritos que ela esfolou em vida. Dizem que foi uma cerimónia muito bonita, onde o Camarão lhe teceu rasgados elogios e leu poemas muita giros.
A outra cabra, apesar de amiga, não foi ao funeral , alegando falta de tempo, pois anda preocupada em matar mais uns milhares de presas, para dar de comer aos seus cabritinhos.
Eu não gosto nada de cabras, mas preferia a que morreu, porque ao menos tinha convicções e só roubava ou chicoteava quem vivia no seu pasto. A cabra viva, além de outros defeitos, é uma grande caloteira
Crónicas do rochedo
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