Governo anunciou mais «austeridade»
Resposta pronta ao roubo
O Secretário-geral do PCP considera as medidas anunciadas pelo Governo «cócegas» ao capital e um «roubo aos trabalhadores» e frisou que estes têm «fortes razões para lutar». A CGTP-IN propõe a convocação de uma grande jornada de luta ainda para este mês.
O Governo «faz umas cócegas, aplica uns trocos de tributação ao capital, comparado com aquilo que estão e querem roubar aos trabalhadores, seja da administração pública seja do setor privado», disse Jerónimo de Sousa depois de Vítor Gaspar ter anunciado, anteontem, mais medidas de «austeridade».
Para o Secretário-geral do Partido, «na declaração do ministro há um elemento fundamental que caracteriza bem os objectivos deste Governo: as alterações e redução dos escalões do IRS», frisou, antes de alertar que a compactação dos escalões tributários em prejuízo dos proveitos do trabalho dependente tem como objectivo «rapar mais nos salários» dos trabalhadores, representando «mais um golpe profundo» nos seus rendimentos.
Jerónimo de Sousa considerou que os trabalhadores «têm fortes razões para lutar». À saída de um encontro com a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, o Secretário-geral do PCP sublinhou ainda que para o executivo Passos/Portas os trabalhadores «são um estorvo» na sua sanha de destruição do Estado.
«O problema do Governo é que quer outro Estado, um Estado alienado do seu património público empresarial, um Estado alienado das suas obrigações constitucionais em relação aos serviços públicos, um Estado onde a transferência da sua riqueza e das suas funções seja atribuída ao capital», resumiu.
Antes, já o líder parlamentar comunista, Bernardino Soares, tinha reagido às medidas que o Governo pretende impor, destacando que «os portugueses têm de pôr fim a este percurso de afundamento do País» e que esta nova investida contra os trabalhadores e a generalidade do povo «não pode ficar sem resposta».
Quanto ao alívio da Taxa Social Única paga pelo patronato e o aumento em 7% da componente correspondente aos trabalhadores, anunciados na sexta-feira pelo primeiro-ministro, Passos Coelho, Bernardino Soares estimou que «mais de dois mil milhões de euros vão ser retirados dos salários dos trabalhadores e entregues, sobretudo, às grandes empresas». Isto «não vai criar nenhum emprego, vai é engordar os lucros daquelas empresas que, na maioria dos casos, já estão sedeadas no estrangeiro para nem sequer pagarem os impostos que deviam sobre os seus lucros».Indignação combativa
Face ao conteúdo da comunicação de Vítor Gaspar, também o secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, considerou «as políticas do Governo uma declaração de guerra aos trabalhadores, reformados e pensionistas, aos jovens e aos desempregados, bem como aos micro e pequenos empresários», e notou que por este caminho o executivo «não só não resolve nenhum dos problemas do País, como os agrava em todas as áreas».
Em conferência de imprensa realizada terça-feira na sede da central, o dirigente sindical lembrou que quanto ao capital, «sempre que se fala na necessidade de ser taxado ficamos a conhecer as generalidades, sem qualquer pormenorização». Quanto aos rendimentos dos trabalhadores, «tudo é pormenorizado à exaustão no sentido de ficar claro que este Governo continua numa obsessão de atacar os trabalhadores e outras camadas da população mais desfavorecidas».
Arménio Carlos falava aos jornalistas após uma reunião extraordinária da Comissão Executiva da central, na qual se decidiu propor ao Conselho Nacional (que à hora do fecho da nossa edição estava reunido) a convocação ainda para Setembro de uma grande jornada de luta. A CGTP-IN confirmou a realização do dia nacional de luta, a 1 de Outubro, e da Marcha Contra o Desemprego, entre 5 e 13 de Outubro.
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