José Mário Branco 70 anos
Para quem nunca deu grande importância aos seu próprios aniversários e passou muitos, quase sem dar conta, não fosse um ou outro telefonema de um familiar ou amigo, hoje graças às novas tecnologias começa a ser difícil a gente esquecer-se (ou fazer-se esquecido) do aniversário dos mais próximos e daqueles que não sendo próximos em termos sanguíneos ou de intimidade acabam por nos ser muito queridos.
De facto acho que assisti a 2 ou 3 espectáculos ao vivo com o José Mário Branco, o mais próximo que dele estive foi da plateia para o palco.
No entanto o J.M.B faz parte dum leque de cantores que marcou a minha vida e a forma de nela estar.
Muito se poderia escrever sobre este cantaautor, maestro, compositor, orquestrador encenador e mais uma série de coisas que não faço intenção de para aqui trazer, porque outros mais conhecedores e entendidos certamente o farão.
No entanto não poderia deixar de prestar aqui a minha homenagem ao José Mário e agradecer-lhe o facto de um dia me ter feito perceber que a “Cantiga é uma Arma”
carrega na seta do vídeo aqui em baixo
Nota:
José Mário Branco compôs para a peça "A Mãe" de Bertolt Brecht pelo grupo de teatro A Comuna e gravou um disco com o nome da peça, i em 1978. Esta é uma das canções que como todas tem música do Zé Mário e as letras também baseadas nos textos de Brecht.
As canseiras desta vida
As canseiras desta vida
tanta mãe envelhecida
a escovar
a escovar
a jaqueta carcomida
fica um farrapo a brilhar
Cozinheira que se esmera
faz a sopa de miséria
a contar
a contar
os tostões da minha féria
e a panela a protestar
Dás as voltas ao suor
fim do mês é dia 30
e a sexta é depois da quinta
sempre de mal a pior
E cada um se lamenta
que isto assim não pode ser
que esta vida não se aguenta
-o que é que se há-de fazer?
Corta a carne, corta o peixe
não há pão que o preço deixe
a poupar
a poupar
a notinha que se queixa
tão difícil de ganhar
Anda a mãe do passarinho
a acartar o pão pró ninho
a cansar
a cansar
com a lama do caminho
só se sabe lamentar
É mentira, é verdade
vai o tempo, vem a idade
a esticar
a esticar
a ilusão de liberdade
pra morrer sem acordar
É na morte ou é na vida
Obrigado José Mário Branco por tudo o que nos deste e que assim continueis por muito, muito tempo.
blog Folha seca
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