O monstro agoniza, o hálito apodrece,
roubando à primavera o claro rosto,
a carne canceriza e a mão estremece,
mas mata, mata sempre o seu punhal,
pois quer como sudário o próprio mundo.
Moribundo o chacal, com o grito inunda
a terra de destroços incendiando o vento;
o corpo já vacila, o olhar escurece,
mas mata, mata sempre a sua lâmina,
pois quer como mortalha as nossas vidas.
A boca é uma cratera de pasmo e pus,
em raiva e em argila os pés afunda,
roubando à primavera o claro rosto,
a carne canceriza e a mão estremece,
mas mata, mata sempre o seu punhal,
pois quer como sudário o próprio mundo.
Moribundo o chacal, com o grito inunda
a terra de destroços incendiando o vento;
o corpo já vacila, o olhar escurece,
mas mata, mata sempre a sua lâmina,
pois quer como mortalha as nossas vidas.
A boca é uma cratera de pasmo e pus,
em raiva e em argila os pés afunda,
as flores esmaga no mortal orgasmo,
e mata, mata ainda o seu gládio –
toda a luz quer devorar o seu estertor,
aniquilar o amor, destruir a esperança,
tudo o que é caro à vida, à morte dar –
é a morte que nos quer deixar de herança,
escrevendo nas cinzas da paisagem:
e mata, mata ainda o seu gládio –
toda a luz quer devorar o seu estertor,
aniquilar o amor, destruir a esperança,
tudo o que é caro à vida, à morte dar –
é a morte que nos quer deixar de herança,
escrevendo nas cinzas da paisagem:
Aqui jaz o capital.
Em sangue amanhecido,
Em sangue amanhecido,
em sangue anoiteceu;
fez todo o mal que pôde –
só então morreu
fez todo o mal que pôde –
só então morreu
(in A Poesia Deve Ser Feita Por Todos , versão revista.Desenho de Dorindo Carvalho)
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