O secretário-geral do PCP acusou hoje o PS de confundir "o rigor das contas públicas com a absolutização do critério da redução do défice imposto pelo Euro e a União Europeia", rejeitando a criação de impostos europeus.
No encerramento do seminário "Para onde vai a Europa? Não à União Europeia das transnacionais das grandes potências. Por uma Europa de cooperação, progresso social e de paz", Jerónimo de Sousa voltou a criticar o PS pelas opções políticas inscritas no Programa de Estabilidade e no Programa Nacional de Reformas.
"O PS confunde o rigor das contas públicas com a absolutização do critério da redução do défice imposto pelo Euro e a União Europeia", disse.
O PCP não quer discutir, segundo o líder comunista, "apenas as quatro décimas de défice", mas sim "as opções que estão por detrás de todas as décimas que se revelem necessárias para dar prioridade à vida dos trabalhadores, do povo e do país, sem o espartilho de imposições externas".
"Numa situação que possibilitaria avançar na resposta aos problemas do País, esta não se concretiza porque o PS e o seu Governo, convergindo com o PSD e o CDS, continuam comprometidos com os interesses do grande capital e a submissão às imposições do Euro e da União Europeia", condenou.
Num discurso muito crítico, como é habitual, em relação à União Europeia, Jerónimo de Sousa voltou a rejeitar "a criação de impostos europeus, a redução das verbas dos chamados fundos de coesão e de apoio à agricultura e a imposição de regras de condicionalidade macroeconómica na aplicação dos fundos comunitários".
O PCP bate-se, garantiu o seu secretário-geral, pelo "reforço dos meios financeiros do orçamento comunitário, a par de uma redistribuição justa e adequada pelos países em função dos seus níveis de desenvolvimento económico e social".
"O PCP considera que estes meios financeiros devem contribuir para o reforço do investimento público, o apoio aos sectores produtivos, à criação de emprego, aos serviços públicos, à proteção do ambiente e ao pleno aproveitamento das potencialidades de cada país, e não para o militarismo e a guerra", explicou.
De acordo com Jerónimo de Sousa, os comunistas consideram que "a contribuição para o orçamento comunitário de cada país deve ser proporcionalmente ajustada à sua dimensão e grau de desenvolvimento, tendo por base o respetivo Rendimento Nacional Bruto".
"O PCP salienta a importância de manter o princípio da unanimidade da decisão sobre o Quadro Financeiro Plurianual, enquanto instrumento do qual Portugal não deve prescindir na defesa dos interesses nacionais", observou.
O líder comunista criticou a União Europeia por ser um instrumento para "assegurar o domínio político e económico das grandes potências, particularmente da Alemanha, e a prevalência dos interesses dos seus grandes grupos económicos e financeiros".
"Para quantos se questionam quanto a este desígnio primordial da União Europeia, aí está a comprová-lo a recente redefinição do número de deputados no Parlamento Europeu e sua redistribuição por país, concretizada na medida da salvaguarda e reforço do domínio do processo de decisão por parte das grandes potências e prejudicando países como Portugal", exemplificou, recordando que o PCP rejeitou esta decisão.
Lusa | em Notícias ao Minuto | Foto: Sara Matos / Global Imagens
paginaglobal.blogspot.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário