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quinta-feira, 26 de abril de 2018

Frase...

... ouvida no centro Comercial Allegro a uma das quatro jovens que, por acaso, era a única de pele negra, e que se dirigia às outras três de pele branca que estavam a levantar dinheiro no Multibanco: 
"Vocês não sabem o que é trabalhar 40 horas e receber 500 euros"
E como as outras amigas dissessem qualquer coisa -  possivelmente estavam a queixar-se também dos seus salários mínimos e sorriam atrapalhadas sem saber o que responder - ela insistia quase irritada:

"Vocês não sabem, não"

Não sei porquê lembrei-me também daquela polémica pública surgida no ano passado em torno da questão de os Censos Populacionais poderem/deverem ou não introduzir questões sobre categorias étnicas, como forma de perceber melhor a realidade da discriminação. Algo que apenas poderá/será de certa forma apreendido em 2021

E disse para mim uns quantos palavrões sobre este mecanismo social que, tão facilmente, coloca uns trabalhadores uns contra outros, sem que vejam o tal mecanismo que é, essencialmente, uno. Seres humanos, com uma vida curta de 24 horas por dia, a trabalhar sem receber o devido. E a perder dinheiro face ao que foi. Um mecanismo que tem câmaras de ressonância pelas mais diversas vias e nos mais longínquos continentes, que repetem a ideia falsa - para imigrantes - de que "uma pessoa consegue viver bem ganhando um salário mínimo no país (580 euros)"
E de que é assim, sempre foi assim, às vezes, expressando esta ideia da forma mais desabrida, como só um presidente de uma confederação patronal parece dever expressar num contexto neo-realista: "Se calhar têm de ir para zonas onde o turismo ainda não acontece. Têm de ir para Rio de Mouro? Se calhar, têm. Ou para o Barreiro, Almada ou Montijo? Se calhar, têm. Quem é rico pode ir para o Bairro Alto ou para o Chiado, quem não é não pode. Não há um mundo perfeito."

Ora bem.


 ladroesdebicicletas.blogspot.pt

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