Música, dança, devolução de animais à Natureza, observação noturna de camaleões, passeios de burro… tudo isto (e muito mais) vai acontecer no Ecofest, entre 4 e 6 de Maio, na Quinta de Marim, em Olhão, com o Parque Natural da Ria Formosa como pano de fundo.
Uma programação pensada para as famílias é a aposta do Ecofest. Pedro Bartilloti, da Associação Recreativa e Cultural do Algarve (ARCA), que organiza o evento, em parceria com o Parque Natural da Ria Formosa, explicou ao Sul Informação que «este festival acima de tudo foi pensado para famílias. Quer a parte musical, quer a parte ambiental, foram pensadas para pessoas de todas as idades. As atividades podem ser participadas por crianças de 4 ou 5 anos ou por pessoas de 80 anos».
«Sou pai e tento levar os meus filhos a determinados eventos ou festivais e, em muitos deles, não me sinto à vontade. Seja porque a música não tem a ver com eles ou porque não me sinto seguro com o público que atrai. Quisemos criar um festival em que não houvesse qualquer problema de os pais levarem os filhos, passando ali três dias a participar nas atividades. Isto é cada vez mais difícil e procurámos também dar-lhes boa programação», acrescenta Pedro Bartilotti.
A vertente musical enquadra-se «mais na área da world music. procurámos um conceito abrangente e variado, com música que se adapta ao local».
Segundo Pedro Bartilotti, foram escolhidos os grupos «em função do horário e do espaço. Por exemplo, grupos de rock não iriam resultar naquele local. Vamos ter grupos que vão tocar desde jazz, a música celta, música tradicional italiana, mas com muita energia, cantautores portugueses, música de Cabo Verde… Tentámos variar ao máximo, mas sempre procurando música alegre, com boa disposição. Grupos depressivos ou grupos sem groove, tentámos evitar».
Os espanhóis Rare Folk e os italianos Anonima Nuvolari vão dar os concertos de encerramento dos dois primeiros dias. O programador explica que «não precisam de ser estrelas internacionais, aliás muitos destes grupos são pouco conhecidos, mas, em termos de produto final, são muito bons. Não são conhecidos, mas não deixam de ser tão bons ou melhores que os outros», garante.
Em termos de espaço, haverá «três locais privilegiados. Temos o parque de merendas, onde vão acontecer espetáculos de música, haverá comes e bebes, algumas atividades do Dia Aberto (no dia 5) e a Ecofeira também vai acontecer perto dessa zona. Temos também um local, ao qual demos nome de Sítio da Nora, com atividades para famílias e crianças, e onde vamos realizar um minifestival de contos e, sendo que o conceito do festival é ter dinâmica, em determinados locais emblemáticos, como o moinho de maré, que é um sítio extraordinário, tentámos arranjar uma programação que encaixasse ali. Neste caso, achámos que a harpa da Helena Madeira fazia sentido».
Ao longo do dia, «vamos também ter sempre uma parte de música eletrónica, mas com sons ambientais».
Pedro Bartilotti revela ainda ao nosso jornal que o Ecofest vai também chegar à praia, porque «vamos ter uma performance de dança contemporânea na ria, da Filipa Rodriguez, e convidámos um músico dos Anonima Nuvolari, acordeonista, que vai chegar uns dias antes para preparar o espetáculo com ela».
Já sobre a vertente ambiental, o organizador do evento considera que as pessoas sabem que proteger o ambiente «é importante, mas muita gente não tem esse contacto. Queremos, com este festival, que pessoas se desloquem e vejam como são as coisas. Há quem nunca tenha visto um camaleão na vida! Queremos também alertar para a importância da limpeza, da necessidade de reduzir lixo e da reciclagem. Aliás, a vertente logística do Ecofest teve isso em conta, uma vez que a sinalética, ou os pufes, foram construídos com materiais reciclados».
Além disso, «vamos introduzir o Eco Copo. A intenção é que não haja copos de plástico dentro do parque».
De acordo com o organizador, são esperadas, ao longo dos três dias do evento 4 mil pessoas.
Entre os parceiros do Ecofest, encontra-se o RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, que «vai ser responsável pela Observação de Aves, pela observação noturna de camaleões [atividades que carecem de inscrição] e também pelas atividades de libertação de animais na natureza».
Também o Centro de Interpretação de Natureza do RIAS, na sua sede, no Parque Natural da Ria Formosa, pode ser visitado. De acordo com Pedro Bartilotti, eventuais donativos, «uma vez que o festival é gratuito, serão canalizados para o RIAS».
Os passeios de burro para crianças são outra das atividades do Ecofest. Pedro Bartilotti assume que «pode fazer alguma confusão aos defensores dos animais, mas asseguramos que, neste caso, não vai haver exploração do trabalho animal. Esta é uma forma que temos de apoiar esta quinta de Paderne, que promove a atividade, e que recolhe burros maltratados, ou abandonados, que necessitam de lar. Tudo isso tem encargos e arranjámos esta forma de colaborar com a quinta»
Todos os anos, no primeiro sábado de Maio, o Parque Natural da Ria Formosa promove o seu Dia Aberto. Em 2018, esse dia será integrado no Ecofest. Neste dia, haverá passeios de barco e «outras atividades promovidas pelo Parque com os seus parceiros. O Parque Natural da Ria Formosa vai também ser responsável pela Ecofeira, que vai reunir artesãos e produtores locais».
Ainda no âmbito do Ecofest, no primeiro dia do evento, na parte de manhã, a partir das 10h00, realiza-se o “Laboratório de Turismo Científico”, na sede do Parque Natural da Ria Formosa. Esta é uma sessão de trabalho aberta a todos os interessados, cuja inscrição pode ser feita aqui.
De acordo com a organização, «o objetivo é a geração de ideias para o desenvolvimento do Turismo Científico no Algarve, onde todos poderão participar ativamente na sessão de brainstorming, que será antecedida por apresentações rápidas pelos oradores Cláudia Henriques, professora da Universidade do Algarve, Cristina Veiga-Pires, diretora do Centro Ciência Viva do Algarve, João Branco, presidente da Quercus, e o jornalista Rui Cardoso, autor do livro “Turismo Científico em Portugal – Um roteiro”».
Esta será a primeira edição do Ecofest na Ria Formosa, mas é a terceira vez que o festival se realiza. «A ideia surgiu em 2008 com primeira edição em Odeceixe, feita em parceria com Almargem e com a Câmara de Aljezur. Essa edição foi um sucesso, tivemos apoio da Região de Turismo do Algarve, mas, no ano seguinte, não conseguimos apoio e não se realizou».
O Ecofest regressou em 2011, em Monchique, com a Câmara como principal parceiro, «mas depois, nos anos seguintes, houve o mesmo problema e, sem parceiros, não conseguimos dar continuidade», lembra Pedro Bartilotti.
Este ano,«surgiu a oportunidade a partir do programa 365 Algarve, que publicou que o Parque Natural se encontrava aberto a propostas de eventos que respeitassem a parte ambiental. A ARCA, tendo como parceiro o parque, que sempre se mostrou interessado, conseguiu que o projeto fosse aprovado. Mais tarde, juntou-se a Câmara de Olhão no apoio, que tem sido inexcedível na parte logística».
Agora, «o objetivo é dar continuidade ao Ecofest. Sabemos que 80% dos festivais, ao fim de um ou dois anos, desaparecem. Normalmente, porque são festivais que demoram muito tempo a atingir maturidade. Para o próximo ano, muita coisa será alterada. Temos uma base, mas é um terreno novo que estamos a pisar. O objetivo é que a médio/longo prazo, o festival se realize por si, que ganhe autonomia», conclui Pedro Bartilotti.
A programação completa do Ecofest pode ser consultada aqui.
www.sulinformacao.pt
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