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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra



Já se queimaram muitas pestanas em alertas que dão conta da especulação imobiliária como um mal advindo da actividade em expansão que faz correr euros, directa e indirectamente no nosso país, e já se apontaram dedos ao alojamento local como o causador da perda de autenticidade de locais históricos. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra!

Eu acho que a falha reside na fragilidade de outros sectores de actividade e/ou na fragilidade a que estão sujeitos alguns membros da nossa sociedade, não por culpa do turismo em si, mas por se viverem situações de precariedade laboral, económica e social gritantes.
Têm de ser criadas, a meu ver, ferramentas para impedir que a nossa cultura tão orgulhosamente (e bem!) mostrada nestes últimos tempos se transforme numa falsa fachada turística, em leilão e que as pessoas não sejam despejadas das suas casas, dos seus bairros. Que as actividades que por si, fazem com que o local seja interessante de ser visitado, não morram. Há que capacitar, inclusivamente, a juventude de instrumentos para ocupar esses locais sem que os tapetes da habitação lhes sejam puxados de debaixo dos pés.
Na comunidade histórica da Ilha da Culatra, eu sei que estão criadas as bases para que a mesma não se perca e não se vá desalojando por via de fragilidade do principal sector – a pesca, que poderia criar uma fissura económica tão grande que obrigaria as pessoas a render-se às pressões do sector imobiliário, o que os destruiria enquanto comunidade piscatória histórica.
A criação do estatuto para a comunidade da Culatra visa dar a única hipótese de continuarem a ser exercidas as actividades de sempre. A juventude culatrense que por lá quiser ficar, pode. É agora possível! A comunidade, assim, mantém-se e fica protegida das pressões económicas que sectores emergentes possam causar. Não acaba destituida da sua identidade cultural. Eram esses os receios de toda a gente.
A comunidade da Ilha da Culatra ganha com esse estatuto. Foi aprovada por unanimidade a ferramenta que lhe permite, simplesmente, continuar a ser. É uma grande vitória quando a balança sai equilibrada e os direitos das populações locais e a sua dignidade são garantidos.
E isto não significa que não possa ser visitada e aproveitada também para fins turísticos, desde que de forma responsável e que beneficie a comunidade. O que está vigente é que seja sustentável para todos. Comunidade de pescadores, mariscadores, turismo e ambiente, sem riscos de implosão por desequilíbrio de um dos elementos. A fragilidade foi prevenida e combatida, a meu ver, da melhor maneira e parece-me que poderá resultar.
Selma NunesNemTantoMarTerra
www.maisalgarve.pt

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