A empresa algarvia Chorondo e Filhos investiu cerca de 7 milhões de euros na construção de uma nova fábrica de transformação de alfarroba no Areal Gordo, em Faro, que irá substituir a velinha Industrial Farense, situada junto à sede regional da Segurança Social, na capital algarvia. A nova unidade fabril permitirá a esta empresa duplicar a capacidade de transformação de semente deste fruto, um produto com elevado valor de mercado.
A nova fábrica, que já está em fase de testes, deverá estar «a trabalhar em pleno até ao final deste ano», até porque o edifício da Industrial Farense, onde a empresa faz atualmente a 2ª transformação, «já foi vendido», segundo Isaurindo Chorondo, proprietário desta fábrica.
A unidade empregará, «numa primeira fase, 12 pessoas». O número de funcionários poderá aumentar, dependendo das necessidades, tendo em conta que esta é a força de trabalho para a laboração com apenas um turno.
O investimento feito por esta empresa familiar, criada em 1944 por Gregório Chorondo e hoje gerida pelo seu neto, foi um dos exemplos dados pela Câmara de Faro, numa visita que promoveu a obras que já foram ou estão a ser feitas no concelho, com capitais privados.
Mais do que o espaço físico em si, a empresa algarvia apostou forte na modernização tecnológica, tendo mesmo desenvolvido algumas das máquinas que integram a linha de produção. Isso permite um elevado nível de automação e uma melhor eficiência.
O funcionamento da fábrica pode, de resto, ser controlado à distância, com recurso a um smartphone, graças a uma aplicação desenvolvida por Ricardo Pacheco, responsável pela manutenção desta unidade. Durante a demonstração, todas as máquinas foram colocadas em funcionamento e desligadas a partir de um telefone, algo que pode ser feito de qualquer sítio do planeta, desde que haja ligação à Internet.
A matéria prima nasce nos campos do Algarve e sofre uma primeira transformação – separação da semente da polpa – nas fábricas que a Chorondo e Filhos tem em São Brás de Alportel e em Boliqueime. «Atualmente, somos autossuficientes ao nível das graínhas», revelou Carlos Moura, o responsável pela produção da fábrica.
A semente é, depois, trazida para Faro, para que se produza, a partir dela, diferentes produtos, nomeadamente a goma de alfarroba, com grande procura devido aos seus múltiplos usos, mas também farinha de gérmen da graínha – quase toda exportada, com o Japão a ser o grande mercado.
A goma de alfarroba, o produto «com mais valor», é muito usada na indústria alimentar, não só por ser um espessante natural, mas também devido às suas caraterísticas, como o facto de ser livre de glúten, entre outras. «É dos poucos componentes que são permitidos nos produtos para bebés. Mais recentemente, tem sido estudada a sua utilização no tratamento do cancro e na fertilização humana», acrescentou Carlos Moura.
Esta é, assim, a valência da Chorondo e Filhos que faz a diferença, já que permite tirar muito maior rendimento de um produto que existe em abundância na região e cuja qualidade é internacionalmente reconhecida.
As 100 toneladas que a empresa algarvia exporta anualmente para o Japão, mercado com elevada exigência, acabam por ser uma confirmação da qualidade dos produtos que saem desta fábrica.
A nova unidade do Areal Gordo terá uma capacidade de produção anual na ordem das 2 mil toneladas, no que à goma de semente de alfarroba diz respeito. A sua construção iniciou-se em 2010.
Certo é que a linha de montagem está a funcionar e já se vai ouvindo o som das máquinas a funcionar, na nova fábrica da Chorondo e Filhos.
Isaurindo Chorondo
Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação
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