A barbárie nazista foi derrotada em StalingradoA barbárie nazista foi derrotada em Stalingrado
No dia 2 de fevereiro de 1943 o Exército Vermelho infringiu em Stalingrado uma memorável derrota contra as forças nazistas que haviam invadido a URSS. Foi o começo do fim para Hitler e seus parceiros nazistas.
Poema de Carlos Drummond de Andrade
Em Stalingrado, o ridículo e sanguinário “Reich dos Mil Anos” foi ferido de morte e os soldados soviéticos começaram a marcha para o oeste que só terminariam em Berlim onde, em 8 de março de 1945, impuseram a rendição final à Alemanha nazista.
Stalingrado tornou-se sinônimo mundial do heroísmo e da luta pela pátria e pelo socialismo que, no Brasil, Carlos Drummond de Andrade cantou neste poema.
A banda Bassoti, formada por operários da periferia de Roma (Itália), ligados à esquerda italiana, notória pelos shows que promove contra o imperialismo e em apoio aos povos do mundo, especialmente os palestinos, gravou a música que acompanha o poema de Drummond (José Carlos Ruy).
Depois de Madri e de Londres, ainda há grandes cidades!
O mundo não acabou, pois que entre as ruínas
outros homens surgem, a face negra de pó e de pólvora,
e o hálito selvagem da liberdade
dilata os seus peitos, Stalingrado,
seus peitos que estalam e caem,
enquanto outros, vingadores, se elevam.
A poesia fugiu dos livros, agora está nos jornais.
Os telegramas de Moscou repetem Homero.
Mas Homero é velho. Os telegramas cantam um mundo novo
que nós, na escuridão, ignorávamos.
Fomos encontrá-lo em ti, cidade destruída,
na paz de tuas ruas mortas mas não conformadas,
no teu arquejo de vida mais forte que o estouro das bombas,
na tua fria vontade de resistir.
Saber que resistes.
Que enquanto dormimos, comemos e trabalhamos, resistes.
Que quando abrimos o jornal pela manhã teu nome (em ouro oculto) estará firme no alto da página.
Terá custado milhares de homens, tanques e aviões, mas valeu a pena.
Saber que vigias, Stalingrado,
sobre nossas cabeças, nossas prevenções e nossos confusos pensamentos distantes
dá um enorme alento à alma desesperada
e ao coração que duvida.
Stalingrado, miserável monte de escombros, entretanto resplandecente!
As belas cidades do mundo contemplam-te em pasmo e silêncio.
Débeis em face do teu pavoroso poder,
mesquinhas no seu esplendor de mármores salvos e rios não profanados,
as pobres e prudentes cidades, outrora gloriosas, entregues sem luta,
aprendem contigo o gesto de fogo.
Também elas podem esperar.
Stalingrado, quantas esperanças!
Que flores, que cristais e músicas o teu nome nos derrama!
Que felicidade brota de tuas casas!
De umas apenas resta a escada cheia de corpos;
de outras o cano de gás, a torneira, uma bacia de criança.
Não há mais livros para ler nem teatros funcionando nem trabalho nas fábricas,
todos morreram, estropiaram-se, os últimos defendem pedaços negros de parede,
mas a vida em ti é prodigiosa e pulula como insetos ao sol,
ó minha louca Stalingrado!
A tamanha distância procuro, indago, cheiro destroços sangrentos,
apalpo as formas desmanteladas de teu corpo,
caminho solitariamente em tuas ruas onde há mãos soltas e relógios partidos,
sinto-te como uma criatura humana, e que és tu, Stalingrado, senão isto?
Uma criatura que não quer morrer e combate,
contra o céu, a água, o metal, a criatura combate,
contra milhões de braços e engenhos mecânicos a criatura combate,
contra o frio, a fome, a noite, contra a morte a criatura combate,
e vence.
As cidades podem vencer, Stalingrado!
Penso na vitória das cidades, que por enquanto é apenas uma fumaça subindo do Volga.
Penso no colar de cidades, que se amarão e se defenderão contra tudo.
Em teu chão calcinado onde apodrecem cadáveres,
a grande Cidade de amanhã erguerá a sua Ordem.
Do livro Rosa do Povo (1945). In Carlos Drummond de Andrade. Poesia e Prosa. Rio de janeiro, Editora Nova Aguilar, 1983
VÍDEO
Banda Bassotti - Stalingrado
Da redação do Vermelho
http://www.vermelho.org.br/noticia/204991-1
Fame e macerie sotto i mortai
Come l'acciaio resiste la citta'
Strade di Stalingrado, di sangue siete lastricate
ride una donna di granito su mille barricate
Sulla sua strada gelata la croce uncinata lo sa
D'ora in poi trovera' Stalingrado in ogni citta'
L'orchestra fa ballare gli ufficiali nei caffe'
l'inverno mette il gelo nelle ossa
ma dentro le prigioni l'aria brucia come se
cantasse il coro dell' Armata Rossa
La radio al buio e sette operai
sette bicchieri che brindano a Lenin
e Stalingrado arriva nella cascina e nel fienile
vola un berretto, un uomo ride e prepara il suo fucile
Sulla sua strada gelata la croce uncinata lo sa
D'ora in poi trovera' Stalingrado in ogni citta'
https://daliedaqui.blogspot.pt
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