A agenda política do partido no poder em Angola, o MPLA, é apresentada este sábado (10.02.), mas ainda nada se sabe sobre o substituto de José Eduardo dos Santos, que poderá abandonar a vida política ativa este ano.
A bicefalia e a substituição do ex-chefe de Estado José Eduardo dos Santos na presidência do MPLA, o Movimento Popular de Libertação de Angola, continuam a ser tema de conversa.
O politólogo Agostinho Sicato, diretor do Centro de Debates e Estudos Académicos de Angola, diz que a questão da bicefalia "é um falso problema" e justifica: "Porque temos um Presidente da República e um presidente do MPLA. Até agora nós estamos bem. Cada um tem de se basear no seu documento, nomeadamente a Constituição e os estatutos do partido."
Opinião diferente tem o jornalista Makuta Nkondo, deputado independente da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), o segundo maior partido da oposição.
MPLA e JES arrependidos de terem escolhido JL?
Makuta Nkondo diz que "o MPLA está arrependido, Eduardo dos Santos está arrependido [de ter promovido João Lourenço à Presidência]. Neste momento, o MPLA está fraccionado, está dividido."
O deputado considera que há dois grupos no seio do "partido dos camaradas". Os apoiantes do antigo chefe de Estado, segundo ele, "sentem-se ameaçados. Para eles, João Lourenço, se lhe deixarem livre, vai longe."
Já quanto aos apoiantes do atual Presidente da República, João Lourenço, "aqueles membros pontapeados, cuspidos, que fizeram uma travessia no deserto, estes todos por vingança estão contra Eduardo dos Santos. Querem mudança e estão contra a bicefalia. Eu não acredito que João Lourenço venha a ser Presidente do MPLA".
Não ao excesso de poderes
A agenda política do MPLA, o partido no poder, para 2018 foi definida no final de janeiro e será apresentada no próximo sábado (10.02.). Ainda não se sabe quem será o presidente do partido que vai orientar a execução deste plano.
Para Agostinho Sicato, não seria de bom tom se João Lourenço também sucedesse a Eduardo dos Santos. O excesso de poderes inviabiliza a democratização de um Estado, diz o politólogo.
"José Eduardo dos Santos enquanto Presidente da República também foi uma pessoa íntegra, mas os poderes a mais que ele teve tanto no partido quanto na presidência levaram-no a cometer erros", considera Agostinho Sicato.
O antigo chefe de Estado poderá abandonar a vida política ativa este ano, como anunciou em 2016. Agostinho Sicato defende a realização do um congresso com diferentes candidatos para substituir o atual presidente do MPLA.
João Lourenço na liderança do MPLA: Sim ou não?
O politólogo sublinha: "Não o Presidente João Lourenço porque se for automaticamente neste país tudo que parece novidade passará a ser a mesma coisa".
Recentemente, o ministro angolano das Relações Exteriores, Manuel Augusto, disse que o MPLA iria privilegiar uma "lógica de continuidade", o que pressupõe a entrega das rédeas do partido a João Lourenço.
Na altura, Isabel dos Santos, filha do anterior Presidente, reagiu nas redes sociais alegando que Manuel Augosto tinha "promovido João Lourenço a presidente do MPLA".
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche Welle
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