Opinião
Queremos saber das tricas da oposição, quando as vidas de todos os portugueses estão a mudar para melhor?
Se há coisa que me enerva solenemente é a hipocrisia política, especialmente quando a mesma se manifesta despudoradamente entre ciclos políticos, como se os mesmos não fossem a continuidade uns dos outros e se de peças avulsas de teatro se tratasse. Desce o pano! Novos papéis, nova comédia, nova tragédia, novos papéis, os mesmos atores e atrizes.
Convém e urge não esquecermos as sucessivas inconstitucionalidades do Governo PSD-CDS, apoiadas subliminarmente pelo nosso ex-Presidente da República. Vivemos, àquela época não longínqua, tempos de autêntica delapidação do país, do tecido económico, das famílias, do futuro dos nossos jovens, da dignidade dos nossos reformados, enfim, dos portugueses e de Portugal. Fomos trucidados enquanto país e feridos na nossa dignidade e soberania.
De tudo fizeram, em prol da manutenção dos privilégios e mordomias dos grandes grupos económicos. Houve fome, houve doença, houve desemprego, famílias sem teto por terem de entregar as suas casas à banca, houve famílias que não suportaram os aumentos das rendas e foram obrigadas a abandonar os seus lares, houve crianças a ir para as escolas sem pequeno-almoço e cuja única refeição quente que comiam era a da escola, houve jovens a deixarem de estudar, houve jovens e famílias a emigrar, houve reformados a enganar o estômago com torradas e água para poderem ter “uns trocos” para comprar medicamentos, houve desespero, houve aumento da violência. Houve insensibilidade social!
Os portugueses, durante quatro anos, fizeram a travessia do deserto sem água, apenas na companhia de si próprios e das instituições de proximidade local que, contra toda a austeridade, se mantiveram firmes e de tudo fizeram para atenuar a decadência total da malha social dos seus territórios. Um país inteiro, obrigado pelo então Governo e então Presidente da República, a chocar de frente e de forma violenta com a Constituição de Abril.Todos fomos roubados, todos fomos atacados nos nossos rendimentos, todos fomos vítimas das inconstitucionalidades e do desrespeito pelas decisões dos tribunais, todos fomos jogados à nossa boa sorte, apenas porque tivemos durante demasiado tempo um Presidente, uma maioria e um Governo com um projeto político concertado e subserviente de destruição do nosso país. Mas tudo isto é passado, felizmente!
Portugal está a erguer-se, Portugal e os portugueses tomaram um novo rumo. António Costa e o seu Governo, com apoio da esquerda parlamentar, encetaram um caminho de reversão das medidas impostas pela anterior maioria de direita, devolvendo sucessivamente aos portugueses, na generalidade, a dignidade que merecem, nomeadamente ao nível da função pública, das pensões e Segurança Social, do trabalho e do aumento do salário mínimo, dos impostos e dos transportes.
Parece, então, que, afinal, a geringonça funciona, sem que nenhum dos quadrantes políticos que a compõem perca a sua identidade partidária e ideológica. E isto é uma grande, aborrecida e inevitável chatice para a direita neoliberal que, no desespero, despertou agora para as questões da responsabilidade social.
PSD e CDS, perdidos na inquietude e no desassossego político face à velocidade de cruzeiro e bom êxito da geringonça, balançam-se nervosamente entre os caminhos da gincana e trica política, ora gritando contra as medidas que dignificam a vida dos portugueses, ora protestando em murmúrios sobre o tema CGD e Mário Centeno, com a clara intenção de fragilizar o Governo, querendo manter vivo um assunto que está morto e enterrado.
Por fim, pergunto: queremos lá nós, portugueses, saber das tricas da oposição, dos mexericos do PSD e do CDS, quando, efetivamente, as vidas de todos os portugueses e de Portugal estão a mudar para melhor? Disponham-se por favor e definitivamente de responsabilidade política e aprofundem temas, propostas e contributos políticos que a todos façam esquecer a desgraça nacional a que nos votaram durante quatro anos. Saiam do alpendre, é de um país que se fala, o nosso.
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