Alguns dos segredos da primeira bomba nuclear da URSS
Acima o físico soviético físico Yulii Borisovich Khariton na companhia da primeira bomba nuclear soviética |
A culminação de um projeto secreto aconteceu na margem esquerda do rio Irtysh, a 130 km da cidade de Semipalatinsk, a noroeste da República Soviética do Cazaquistão.
Na instalação militar secreta, conhecida como “Polígono de Nº2 do Ministério das Forças Armadas”, a unidade militar 52 605, responsável por efetuar o teste do dispositivo RDS-1, ou “Artigo 501, detonou a primeira bomba nuclear soviética.
A notícia sobre a detonação de um artefato nuclear na União Soviética foi um duro golpe para o presidente dos EUA à época, Harry S. Truman, porque todos os cientistas americanos e a CIA havia assegurado que os soviéticos necessitariam de pelo menos 10 anos para desenvolver suas próprias armas atômicas.
Mas Truman recebeu um segundo golpe e muito mais forte quando os especialistas lhe disseram pouco tempo depois que todos os parâmetros da bomba soviética coincidiam a primeira bomba americana detonada em 1945.
A resposta de Moscou, também desconcertou o Ocidente, da tribuna do parlamento soviético, o físico Igor Vasilyevich Kurchatov, em um discurso carregado de patriotismo fez um anuncio sensacional:
“Os cientistas soviéticos consideram um dever patriótico garantir a segurança da Pátria e obtiveram êxitos importantes na fabricação de armas atômicas”, disse Kurchatov que fora ovacionado estrondosamente.
As pesquisas em matéria de física nuclear nos anos 30 e 40 do século passado fora realizado nos EUA, Inglaterra, URSS e Alemanha.
Mas foi precisamente na Alemanha que surgiram três figuras indispensáveis e que não podemos deixar de recordar: Albert Einstein, Klaus Fuchs e Otto Hahn.
Otto Hahn, ganhador do Prêmio Nobel de Química em 1944, obteve provas irrefutáveis da fissão nuclear de urânio em 1938, que permitia desenvolver novos tipos de armas.
Afortunadamente, estas armas não caíram nas mãos de Adolf Hitler, que levava já 5 anos no poder da Alemanha, por uma série de razões. Em primeiro lugar, porque o líder de Terceiro Reich exigiu resultados imediatos e ninguém podia garantir.
Ademais, muitos cientistas renomados emigraram da Alemanha. Aqueles que por alguma razão não simpatizavam com o governo nazistas, como Klaus Fuchs, que era membro do Partido Comunista da Alemanha (Kommunistische Partei Deutschlands), e aqueles que não pertenciam a raça ariana. Em outras palavras, os judeus e entre eles estava Albert Einstein.
Enquanto que Einstein emigrou diretamente para os EUA, Fuchs chegou ao “Novo Mundo” apenas em 1943, este momento importante de sua vida, comentarei logo.
Em 2 de agosto de 1939, Einstein escreveu uma carta para o presidente americano Roosevelt, que dizia: “Me consta que a Alemanha suspendeu atualmente a venda de urânio extraído nas minas da Tchecoslováquia ocupada...” Einstein então supôs que os nazistas necessitavam do urânio como matéria-prima para a construção de armas nucleares.
Dois meses e meio mais tarde, Franklin Roosevelt agradeceria a carta de Einstein e diria: “Isto nos obriga a atuar!”
No entanto, em 1945 se supôs que os alemãs havia suspendido a venda de urânio porque as fábrica de armamento da Alemanha necessitaram do urânio para reforçar a blindagem dos seus carros de combate.
Enquanto isso, na cidade canadense de Quebec, Roosevelt acordou com o primeiro-ministro britânico, Whiston Churchill, unir esforços para o desenvolvimento de armas nucleares, mas eles ocultaram seus planos de seu aliado, Joseph Stalin, líder da URSS.
Naquela época a Grã-Bretanha era objeto constante dos bombardeiros nazistas e por isso decidiu que as instalações nucleares fossem construídas nos EUA.
Para a realização do projeto, sob o nome código de “Manhattan”, foi criado em Los Álamos, no estado do Novo México, o Laboratório Nacional. Para isso americanos, britânicos e canadenses desempenharam cerca de US$ 2 bilhões algo equivalente a US$ 25.8 bilhões nos diais atuais.
Em março de 1943, o que antes havia sido um sanatório para jovens se converteu em um centro de pesquisas secretas vigiada pela inteligência militar e pelo FBI. Ali, se reuniram os físicos mais renomados do século XX, entre eles uma dezena de ganhadores do Prêmio Nobel. No total, cerca de 130 mil pessoas trabalharam no laboratório, entre civis e militares.
O laboratório secreto era chefiado pelo coronel Leslie Groves e seu diretor cintifico foi o físico americano Robert Oppenheimer.
Oppenheimer, por certo, estava casado com a sobrinha do marechal-de-campo alemão Wilhelm Bodewin Johann Gustav Keitel, quem em maio de 1945 assinaria a Ata de Capitulação da Alemanha Nazista.
Por indicação de Oppenheimer, da Inglaterra chegou a Los Álamos Klaus Fuchs, à época um dos mais renomados físicos nucleares e pesquisadores a energia nuclear.
A partir desse momento, o Kremlin começou a receber informação secreta sobre os intensos trabalhos de pesquisas sobre o emprego da energia atômica com militares nos EUA.
Os soviéticos, em uma tacada de mestre recrutaram Fuchs para ser um agente da inteligência soviética. Isso não fora difícil, uma vez, como eu bem disse, Fuchs era um ativista do Partido Comunista Alemão.
Em 13 de junho de 1945, 12 dias depois de terminada a montagem de um artefato nuclear, Fuchs informou os soviéticos sobre os preparativos para um teste importante do Projeto Manhattan.
A primeira detonação de uma bomba atômica da história aconteceu as 5:30 a.m do dia 16 de julho de 1945 na Linha de Mísseis de White Sands, em Alamogordo. Presente no teste, estava Klaus Fuchs.
O informe sobre o teste exitoso foi enviado em um avião especial ao presidente Truman, que nesse momento se encontrava na cidade alemã de Potsdam. Ali acontecera a terceira e última reunião dos líder das três potenciais aliadas.
Depois de ler o informe, Truman declarou: “Agora dispomos de uma arma que poderia mudar o rumo da história e da civilização”.
Truman e Churchill ficaram muito assombrado com a tranquila reação de Stalin, que permaneceu imutável. Inclusive pensaram que o líder soviético simplesmente não entendeu do que se tratava.
No entanto, imediatamente concluída a reunião, Stalin deu a ordem de acelerar o trabalho do programa nuclear soviética.
A reação de Stalin foi muito diferente quando lhe informaram sobre os bombardeios atômicas às cidades japoneses de Hiroshima e Nagasaki. Segundo relatos de pessoas que estavam presentes no momento em que Stalin soube o que havia acontecido em Hiroshima, Stalin ficou profundamente comovido.
Em 20 de agosto de 1945, na URSS foi criado um comitê especial para “coordenar todas as pesquisas sobre o uso da energia nuclear.
Lavrentiy Pavlovich Beria que era chefe dos serviços secretos, foi nomeado como presidente do comitê. O diretor desse comitê foi Igor Vasilyevich Kurchatov.
O físico Pyotr Leonidovich Kapitsa, ganhador Nobel de Física de 1978, por invenções básicas e descobertas na área da física de baixas temperaturas, também formou parte do comitê. “Se Beria quer se comportar-se como um diretor de orquestra, antes de mover a batuta, lhe conviria também conhecer as notas”, disse Kapitsa e pediu para ser excluído do comitê.
Os demais participantes do projetor aceitaram as condições e começaram a trabalhar.
Já em 1943, Igor Vasilyevich Kurchatov havia informado ao governo que URSS estava muita atrasada no que dizia respeito as pesquisas nucleares. Agora, esse atraso devia ser superado no prazo mais curto possível.
Nessas circunstâncias, a ajuda proporcionada pelos serviços de espionagem soviéticos teve um significado muito mais especial. O agente “Charles”, codinome de Klaus Fuchs, entregou em setembro de 1945 aos soviéticos uma descrição técnica de 33 páginas da bomba atômica americana.
Os testes da primeira bomba nuclear soviética aconteceram 4 anos mais tarde, em 29 de agosto de 1949. E efetivamente, a primeira bomba soviética em muitos aspectos tinha as características da primeira bomba americana.
Então, é certo que os cientistas soviéticos como alunos medíocres copiaram a lição dos alunos americanos?
Não. Não é assim tão simples.
Os materiais obtidos através dos agentes da inteligência soviética permitiram que eles não cometessem erros, evitar pesquisas sem sentido e, o mais importante, reduzir o tempo para a criação de armas nucleares próprias.
O monopólio nuclear americano deixara agora de existir.
Para esse momento, os EUA já havia elaborado a chamada “Operação Dropshot”, uma operação militar que previa atacar a URSS com ataques nucleares preventivos. Em uma primeira etapa, o plano estipulava lançar mais de 300 bombas nucleares e outras 250 mil bombas convencionais sobre o território da URSS. O plano tinha 200 alvos em 100 cidades diferentes.
“Se não tivéssemos atrasados em um ano ou um ano e maio, nós haveríamos sido vitimas do plano”, disse Stalin. Foi uma das poucas ocasiões que o líder soviética teve toda a razão.
Anos mais tarde, em 1992, o chefe do programa de armas nucleares da URSS, o físico Yulii Borisovich Khariton, destacou a importância dos dados obtidos pela espionagem soviética, sobretudo os dados fornecidos por Klaus Fuchs, para a criação da primeira bomba nuclear soviética.
No entanto, a situação de Fuchs ficava cada vez mais instável, já que a partir de 1949 os serviços secretos dos EUA e da Grã-Bretanha passaram a suspeitar de que ele havia repassado informação para URSS.
Fuchs foi preso em janeiro de 1950 e reconheceu sua culpa. Foi processado pelo Tribunal Penal Central de Londres e sentenciado a 14 anos de prisão, a pena máxima para quem repassasse segredos a uma nação aliada. Poderia ter sido pior: o mesmo Fuchs pensava que seria condenada a pena de morte.
Depois de cumprir 9 anos e meio de condenação, o Fuchs foi colocado em liberdade “por conduta exemplar”. Os últimos anos de sua vida ele passou na República Democrática da Alemanha, onde continuou sua carreira cientifica, logrando uma considerável importância. Foi eleito membro da presidência da Academia de Ciências Naturais e no Comitê Central do Partido Socialista.
Klaus Fuchs forneceu informações importantes para a URSS, de forma absolutamente desinteressada, partindo de suas convicções políticas e de certeza do profundo perigo que supunha o monopólio nucelar que pretendia os EUA.
O estado soviética homenageou Fuchs condecorando-o com a Ordem da Amizade dos Povos, um dos mais altos galardões da URSS.
Mas Fuchs não foi único agente que colaborou com os serviços secretos da URSS em matéria de pesquisas nucleares.
O casal Julius e Ethel Rosenberg também foram presos pelos EUA, acusados de entregar segredos nucleares americanas à URSS.
Hoje em dia podemos afirmar que Julius e Ethel Rosenberg colaboraram com os serviços secretos soviéticos. Mas é muito pouco provável que os dados proporcionados por eles, que não era especialistas em física nuclear, haviam sido uteis para os cientistas soviéticos para o desenvolvimento de armas atômicos.
Para desgraça de Julius e Ethel Rosenberg, o processo contra eles aconteceu na época do Macartismo, quando a simpatia pela ideologia comunista já era considerada um delito.
A colaboração entre Julius e Ethel Rosenberg e a inteligência soviética fora descoberta devido as declarações de Fuchs.
O casal rechaçou todas as acusações, mas os jurados os declaram culpados e uma semana depois o juiz Irving Kaufman os sentenciaram a cadeira elétrica.
Os desenhos que o casal entregara para os soviéticos foram descritos pelos cientistas como “caricaturas” e “cheios de erros”, mas o presidente Dwight Eisenhower mesmo assim aprovou a pena de morte.
Nos últimos minutos antes da execução o casal estavam juntos.
Na sala havia um telefone que conectava diretamente com o Ministério da Justiça. Uma chamada confessando sua culpa pode salvar suas vidas, mas Rosenberg afastou-se do telefone.
Em 9 de junho de 1953, às 20 horas e 6 minutos Júlio foi executado na cadeira elétrica na prisão de Sin Sing, 6 minutos depois, Ethel morreu.
Talvez não há nenhum país no mundo onde a traição dos interesses nacionais fique impune.
Assim, é!
Mas quem foi punido pela morte de centenas de milhares de civis e por ferir outras tantas pelos bombardeios atômicos no Japão?
Repensemos uma carta de Einstein para o presidente Truman: “Eu não sei como que armas se lutará na Terceira Guerra Mundial, mas eu sei como farão na Quarta Guerra Mundial: com paus e pedras.”
codinomeinformante.blogspot.pt
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Na história há relatos de duas situações nas quais bombas atómicas foram utilizadas e causaram estragos irreversíveis. As bombas foram lançadas durante a Segunda Guerra Mundial, ambas pelos Estados Unidos contra o Japão, nas cidades de Hiroshima e Nagasaki. O poder de destruição das bombas foi imenso, quase 200 mil foram mortos, iniciando, assim, a era nuclear.
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Tudo começou quando Einstein, em 1939, admitiu que poderia ser viável a construção de uma bomba atómica. Já no início da década de 40 essa ideia começou a ser difundida, o que foi uma oportunidade para dezenas de cientistas europeus, fugindo do nazismo e do fascismo, encontrarem refúgio nos Estados Unidos. Um desses cientistas era o físico italiano Enrico Fermi que, em 1942, juntamente com sua equipe, produziu uma reacção atómica em cadeia.
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As teorias de Einstein começavam a entrar em prática, mas muitos já temiam o mais provável: que a bomba pudesse causar grandes estragos, pois era impossível determinar e controlar o impacto de uma explosão dessa natureza.
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No ano de 1945, a equipe liderada por J. Robert Oppenheimer construiu uma bomba de fissão nuclear. Os primeiros testes ocorreram na manhã de 16 de julho de 1945, no deserto do Novo México. Posteriormente foi inventada a bomba de hidrogénio, testada em Bikini, chamada de bomba H, a qual se revelou cinco vezes mais destruidora do que todas as bombas convencionais usadas durante a Segunda Guerra Mundial.
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De lá pra cá, as bombas nucleares já foram usadas centenas de vezes em testes nucleares por vários países do mundo. Atualmente, as maiores potências mundiais buscam o chamado “poder bélico”, que consiste na aquisição das técnicas de destruição mais eficazes e precisas. Nações que possuem tal poder são mais respeitadas no âmbito político.
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O idealizador da bomba atómica, Einstein, tomando consciência da tragédia provocada pela bomba atómica, e sendo ele o idealizador desta ameaça mundial proferiu a seguinte frase: “Tudo havia mudado...menos o espírito humano”.
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