Carta Aberta de Cientistas ao Papa: Não vos Deixeis Influenciar Pelos Enganos Ambientalistas!
Santidade,
No momento em que os líderes mundiais consideram um acordo sobre o clima, muitos Vos olham em busca de orientação. Louvamos o cuidado que demonstrais para com a Terra e os filhos de Deus, especialmente os pobres.
Nesta carta levantamos algumas questões de interesse geral, que Vos pedimos considerar ao transmitir tal orientação.
Grande parte do debate sobre a gestão ambiental tem sua raiz num confronto entre visões do mundo baseadas em doutrinas opostas a respeito de Deus, da Criação, da humanidade, do pecado e da salvação.
Infelizmente, esse embate afeta com frequência as conclusões da ciência ambiental. Ao invés de um cuidadoso relato exibindo as melhores provas, recebemos conclusões altamente especulativas e teóricas, apresentadas como resultados seguros da ciência.
Nesse processo a própria ciência fica diminuída, e muitos líderes morais e religiosos bem-intencionados correm o risco de oferecer soluções baseadas em ciência enganosa.
Tragicamente, o resultado é que as próprias pessoas que se pretende ajudar podem acabar prejudicadas.
Isto é especialmente trágico, porquanto a própria ciência surgiu na Europa Medieval, numa cultura alimentada durante muitos séculos por uma imagem bíblica da realidade que incentivava empreendimentos científicos.
Esta verdade é comum e corrente para uma ampla e diversificada gama de historiadores e filósofos da ciência. Como explicou Alfred North Whitehead:
A maior contribuição do medievalismo para a formação do movimento científico [foi] a crença inexpugnável de que [...] há um segredo, um segredo que pode ser revelado. Como foi essa convicção tão vividamente implantada na mente européia? [...]
Ela deve provir da insistência medieval sobre a racionalidade de Deus, concebida como a energia pessoal de Jeová, e com a racionalidade de um filósofo grego. Cada detalhe foi supervisionado e ordenado: a busca na natureza só poderia resultar numa confirmação da fé na racionalidade.[...]
Na estimativa de Whitehead, as idéias de outras religiões sobre um deus ou deuses não poderiam sustentar tal entendimento do universo.
Em seus pressupostos, qualquer “ocorrência [como no animismo ou no politeísmo] poderia ser devida ao decreto de um déspota irracional” ou [como acontece com o panteísmo e o materialismo ateu], a “alguma origem impessoal e inescrutável das coisas. Não existe a mesma confiança [como se dá no teísmo bíblico] na racionalidade inteligível de um ser pessoal”. (Alfred North Whitehead, Science and the Modern World (New York: Free Press, [1925] 1967), 13, 12, 13, citado em Rodney Stark, The Victory of Reason: How Christianity Led to Freedom, Capitalism, and Western Success (New York: Random House, 2005), 14–15. Similarmente, Loren Eiseley escreveu que “foi o mundo cristão que finalmente deu à luz de uma maneira clara e articulada, o próprio método da ciência experimental.” (Loren Eiseley, Darwin’s Century [Garden City, NY: Doubleday, 1958; reprinted, Doubleday Anchor Books, 1961], 62, cited in Nancy R. Pearcey and Charles B. Thaxton, The Soul of Science: Christian Faith and Natural Philosophy [Wheaton, IL: Crossway Books, 1994], 18.)
No mesmo sentido, Pierre Duhem observou que “a mecânica e física de que os tempos modernos justificadamente se orgulham, proveem, através de uma série de pequenos melhoramentos quase imperceptíveis, de doutrinas professadas no cerne das escolas medievais.” (Citado em David C. Lindbergh e Robert S. Westman, eds., Reappraisals of the Scientific Revolution [Cambridge: Cambridge University Press, 1990], 14, via Pearcey and Thaxton, Soul of Science, 53.)
Em suma, a cosmovisão bíblica lançou a ciência como um esforço sistemático para entender o mundo real através de um rigoroso processo de teste de hipóteses pela observação do mundo real. O Prêmio Nobel de Física, Richard Feynman, explicou “a chave da ciência” da seguinte maneira:
Em geral, buscamos uma nova lei [científica] pelo seguinte processo: Primeiro nós fazemos uma conjectura.
Depois calculamos as consequências da nossa conjectura, para ver que implicações haveria caso essa lei que conjeturamos fosse verdadeira.
Em seguida comparamos o resultado desse cálculo com a natureza, com experimentos ou experiências, e o confrontamos diretamente com a observação [do mundo real] para ver se funciona. Se a hipótese não concordar com a experiência, ela está errada.
Nesta simples declaração está a chave da ciência. O fato de sua conjectura ser bonita não faz qualquer diferença.
Pouco importa a inteligência de quem a fez ou qual seja o seu nome: se a conjectura divergir da experiência ela está errada. E acabou-se.
(Richard Feynman, The Character of Physical Law (London: British Broadcasting Corporation, 1965), 4, emphasis added)
Esta afirmação simples, porém profunda e absolutamente essencial à prática de uma ciência genuína, é necessária e unicamente derivada da visão bíblica do universo.
Estudiosos cristãos e judeus têm produzido ciência de alta qualidade ao longo dos séculos. Eles estão confiantes de que a ciência genuína leva à verdade sobre Deus e o homem e não entra em conflito com ela.
É por isso que existe, e tem existido por muitos séculos, uma Academia Pontifícia de Ciências e milhares de faculdades e universidades judias e cristãs em todo o mundo.
Assim, como pessoas de fé bíblica, temos um compromisso não só com a verdade, mas também com a prática da ciência como caminho para chegar à verdade.
Hoje, quando cientistas executam modelos climáticos complexos em grandes computadores para simular sistemas naturais incomensuravelmente mais complexos, tais como o clima da Terra, não podemos esquecer nosso compromisso com a verdade ou com aquela “chave da ciência”.
Como disse o cientista social Myanna Lahsen (Myanna Lahsen, “Seductive Simulations? Uncertainty Distribution around Climate Models,” Social Studies of Science 35/6 (December 2005), 895–922), nossos modelos podem tornar-se “simulações sedutoras” se os modeladores, outros cientistas, o público e os formuladores de políticas se esquecerem de que modelos informáticos não são a realidade, mas devem ser confrontados com ela.
Se o resultado discordar da observação, são os modelos que devem ser corrigidos, e não a natureza.
Ao lado de uma sólida ciência, nossa abordagem da política climática deve conter duas opções preferenciais: pela humanidade e, na humanidade, pelos pobres.
Com isso não visamos lançar a humanidade contra a natureza, menos ainda pobres contra ricos. Pelo contrário, afirmamos que, como somente a humanidade reflete a imago Dei, qualquer esforço para proteger o meio ambiente deve estar centrado no bem-estar do ser humano e particularmente no dos pobres, por serem os mais vulneráveis e menos aptos a se protegerem.
Como escreveu o Rei Davi: “Feliz quem se lembra do necessitado e do pobre, porque no dia da desgraça o Senhor o salvará” (Salmo 40,2).
Uma boa política climática deve reconhecer a excepcionalidade humana, o chamado de Deus às pessoas para dominarem o mundo natural (Gênesis 1,28), e a necessidade de proteger os pobres do mal e de ações que prejudiquem sua emancipação da pobreza.
Hoje, muitas vozes proeminentes qualificam a humanidade como flagelo do planeta, dizendo que o homem é o problema, e não a solução.
Tais atitudes falseiam com muita frequência a correta avaliação dos efeitos do homem sobre a natureza.
Alegando ingenuamente “ciência estabelecida”, elas exigem medidas urgentes para proteger o planeta de um catastrófico aquecimento global induzido pelo homem.
Ao atribuir o aquecimento dito antinatural ao uso de combustíveis fósseis para obter energia essencial ao desenvolvimento humano, tais vozes exigem que os homens se desfaçam do dominium que Deus lhes concedeu, ainda que isso signifique sua permanência ou recaída na pobreza.
http://www.anovaordemmundial.com
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