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segunda-feira, 1 de julho de 2013

Quilómetro da linha da Trafaria custa quase o triplo da do TGV






Ao minuto 15 deste vídeo, José Gomes Ferreira, faz referência a alguns contornos 
estranhos que envolvem o caso do novo negócio de milhões que o governo e os 
privados andam a cozinhar. A linha  da Trafaria.

Será este mais um caso de policia? Mais uma mega obra na forja! Eles não 
desistem.
"A anunciada linha para mercadorias entre o também anunciado terminal de contentores da 
Trafaria e a linha do Sul, perto do Pragal, terá um custo por quilómetro que quase triplica 
o da linha do TGV entre o Poceirão e Caia, que incluía uma via dupla electrificada e ainda,
 numa parte do seu percurso, uma terceira linha para mercadorias.
O presidente da Refer, Rui Loureiro, disse no Parlamento, que o ramal da Trafaria teria um 
custo de 160 milhões de euros. 
O projecto chumbado do TGV, do Governo Sócrates, custava 1359 milhões e decorria ao 
longo de 160 quilómetros com uma linha de alta velocidade, ao lado da qual coexistiria uma 
via única destinada ao tráfego de mercadorias integrada no eixo Sines-Badajoz. Rui Loureiro 
explicou aos deputados que a linha da Trafaria é dispendiosa, mas necessária, e que já 
existia um traçado bem definido que vai passar pela arriba fóssil da Costa de Caparica. Contudo, contactada pelo PÚBLICO, a Refer não quis divulgar qualquer informação sobre esse traçado." fonte

"A ligação ferroviária ao futuro porto da Trafaria vai custar cerca de 100 milhões de euros, 
um investimento a suportar pela Refer.
(...)A futura linha sairá do porto da Trafaria em curva larga sobre a Mata dos Franceses, 
em São João da Caparica, contornando depois a arriba para seguir em direção á linha do sul, 
junto ao Pragal. A carga contentorizada segue por ferrovia até à plataforma logística do Poceirão, 
que é gerida pelaMota Engil e pelo gigante brasileiro Odebrecht." fonte

Os cenários esperados poderão ser vários... 
A obra avança favorecendo as especulações imobiliárias anexas, favorecendo os 
que atempadamente compraram terrenos na zona, favorecendo a banca, favorecendo 
construtoras, favorecendo o dono da sortuda concessionária privada que irá explorar 
o empreendimento, através do velho esquema das PPP, um cenário provável que 
habitualmente lesa o interesse nacional e os impostos, em troca de uma obra despesista 
e pouco útil.
Ou então a obra é travada favorecendo, mesmo assim, os acima referidos e lesando 
o estado e os contribuintes, não falha... Aliás basta revermos o caso do TGV, e as 
dúvidas dissipam-se. Quem saiu a perder?

"Governo paga 30 milhões para indemnizar consórcios do TGV no troço Lisboa-Poceirão 
anulado em 2010.
De qualquer forma não são referidos os consórcios que ficam de fora da indemnização devida. 
Os dois primeiros classificados foram os consórcios Tave Tejo, liderado pelos 
espanhóis da FCC, e a Altavia, liderado pela Mota-Engil
Houve um outro concorrente, a Elos, onde estava a Soares da Costa e Brisa." fonte
"TGV português já custou 300 milhões mesmo sem um quilómetro de linhaSão ainda 
contas preliminares, mas já é possível estimar quanto custou o projecto de alta velocidade
 (TGV) em Portugal até agora, incluindo fundos públicos e dinheiro gasto pelos concorrentes, 
o TGV já custou 300 milhões de euros." fonte
"Relatório aponta indícios de dolo e gestão danosa no concurso do TGV. Relator da comissão 
parlamentar de inquérito considera que alta velocidade Poceirão/Caia “é um exemplo concreto 
de que o recurso às PPP serviu essencialmente como forma de financiamento do Estado 
para realizar obra”. fonte

O importante não é fazer a obra ou zelar pelo interesse do contribuinte
o importante é fazer a obra quando se está no governo para assim favorecer as 
sanguessugas do partido que estiver no poder, pois cada partido tem as suas 
sanguessugas, apesar de existirem algumas que dão para os 3 lados, e são amigas 
de todos os governos. 
"Temos de reconhecer que o posicionamento da direita sobre o TGV tem sido de uma 
coerência irrepreensível: é sempre contra quando está na oposição e é sempre a favor quando 
está no Governo.
Em 2003, estava o País em "défice excessivo" e em recessão, Durão Barroso e Paulo Portas 
assumiram como prioridade cinco linhas de TGV, num investimento total de 12,5 mil
 milhões de euros e cabendo ao Estado suportar até 2,5 mil milhões. Nessa altura, a direita não 
achava o projecto despesista, nem queria travar o endividamento público ou canalizar o crédito 
para as PME. Pelo contrário, Durão Barroso invocava o "desígnio nacional" e estudos que 
garantiam que o TGV iria criar 90 mil empregos e fazer crescer o PIB em 1,7%.
Em Novembro de 2003, na Figueira da Foz, o Governo PSD/CDS acordou com Espanha quatro 
linhas de TGV: Porto-Vigo (a concluir em 2009); Lisboa-Madrid (2010); Aveiro-Salamanca 
(2015) e Faro-Huelva (2018). Para além disto, anunciou a linha Lisboa-Porto e acordou numa 
linha convencional para mercadorias Lisboa-Setúbal/Sines-Madrid (a concluir em 2008).
Por Resolução do Conselho de Ministros de Junho de 2004 (ano em que também foi decidida
 a compra de 2 submarinos), o Governo aprovou todas aquelas infra-estruturas, especificando 
que a linha para Madrid e a linha para Salamanca, apesar dos custos acrescidos, seriam 
compatíveis com o transporte de mercadorias. E fixou em 2013 a data de conclusão da linha 
Lisboa-Porto. Projectos e calendários foram confirmados na Cimeira de Santiago de Compostela, 
em Outubro de 2004, já com o Governo Santana Lopes.
O Governo socialista, por muito que a verdade custe, achou tudo isto um exagero
Sem renegar os compromissos internacionais assumidos, reduziu o projecto TGV a duas únicas
 linhas (Lisboa-Madrid, que adiou para 2013 e Lisboa-Porto, que adiou para 2015) e suspendeu 
as demais (prosseguindo os estudos para Porto-Vigo). Mais tarde, face à crise financeira, 
suspendeu também a linha Lisboa-Porto, fazendo concentrar os fundos comunitários 
disponíveis para este projecto na ligação a Madrid (em formato compatível com o transporte 
de mercadorias), de modo a reduzir os encargos do Estado.
Como se sabe, caiu o Carmo e a Trindade. Chegada à oposição, a direita, que antes queria 
cinco linhas de TGV, passou a achar que apenas uma seria "um projecto faraónico". 
A sua campanha demagógica fez da única linha sobrante, a ligação Lisboa-Madrid, o exemplo 
acabado do despesismo "socialista". E assim foi até que deixou de ser, isto é, até que a direita 
voltou ao Governo.
Depois da revelação feita pelo ministro das Finanças, o ministro da Economia bem tenta 
disfarçar, dizendo que não está prevista "qualquer iniciativa" para retomar o projecto até 2015. 
Mas as iniciativas do Governo não faltam: redefiniu (embora de forma ainda confusa) 
o conceito do projecto Lisboa-Madrid, agora no formato "alta prestação" e para o transporte 
de mercadorias; negociou esse conceito com Espanha e estabeleceu um calendário de 
conclusão (até 2018); por fim, requereu em Bruxelas uma reserva de financiamento comunitário
para o projecto, a utilizar no período 2014-2020. Para iniciativa, não é pouco.
Entretanto, o financiamento bancário previsto para o troço TGV Poceirão-Caia, antes 
demonizado, passou a ser considerado virtuoso quanto às taxas de juro e às maturidades, 
reconhecendo-se que "na actual conjuntura não se obteriam condições financeiras similares". 
Vai daí, o crédito contratado de 600 milhões de euros, em vez de ir para as PME, passou a ser 
bom para a Parpública e até já nem faz mal que se tenha de arranjar outro financiamento, 
em piores condições, quando for preciso negociar a ligação Lisboa-Madrid.
Cheguei a pensar tirar o moral da história quanto a este comportamento da direita sobre o 
TGV. Mas não lhe encontro moral nenhuma.Pedro Silva Pereira, Jurista
Deixo ainda neste link um comentário, do qual desconheço o rigor, mas que achei 
curioso.

E é neste faz e desfaz, que não faz nem deixa de fazer, que se vão esgotando
 milhões, sem obra à vista, sem obra que sirva para melhorar o país.


ARTIGO COMPLETO: http://apodrecetuga.blogspot.com/2013/07/quilometro-da-linha-da-trafaria-custa.html#ixzz2XnKHGMlM

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