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domingo, 3 de março de 2013


A agiotagem, o compadrio, o nepotismo e a submissão aos grandes grupos económicos, destroem SNS.




ENTREVISTA a António Arnault sobre o estado do SNS. 
"O Serviço Nacional de Saúde (SNS) não corre perigo de vida pelas “dificuldades 
orçamentais” que hoje marcam a vivência nacional… Mas por outras malfeitorias 
diz António Arnault “É a agiotagem, o compadrio, o nepotismo, a submissão 
aos grandes grupos económicos e a falta de sensibilidade social que põem em 
causa a sustentabilidade do SNS e demais conquistas de Abril”. Quem o diz é 
António Arnaut, o “pai” do SNS, que em entrevista exclusiva ao nosso jornal antecipa cenários: “Este mal só acabará quando, como dizia o Torga, ‘o povo vier à tona da 
história’, ou seja, quando o povo empunhar uma grande vassoura para, com o cabo, 
dar umas vergastadas nos carreiristas, e depois varrer o lixo para a vala comum 
dos medíocres”… (...)

P -Como pensa ser possível expulsar os “bandidos”, desde logo os agiotas, quando é certo
 que à cabeça dos ditos cujos, encontramos a troika, que como sabe cobra mais de 3% pelo 
dinheiro emprestado… Muito mais do que qualquer banco empresta ao mais empedernido 
salafrário.
António Arnaut – A troika emprestou 78 mil milhões e cobra, em juros e comissões, 
35 mil milhões. Bancos nacionais e estrangeiros emprestaram dinheiro a 
Portugal a juros, em alguns casos, superiores a 10%, que pediram ao BCE a 1%. 
É esta “agiotagem”, de que já falava o Eça, que tem impedido o progresso dos 
países pobres e ameaça o Estado Social e, também, o SNS.

P -E o compadrio? Como pensa ser possível acabar com uma cultura que, poder-se-ia afirmar
 sem receio de falácia, integra o ideal a que pomposamente se apodou de “Alma Lusa”, 
e que encontra o seu apogeu na máxima “a família está primeiro” e se verte, na oralidade, 
entre tantas outras formas, na singela: “vê lá se arranjas alguma coisita para o Manelinho, 
que o coitado anda a precisar de ganhar algum…”
O compadrio e o nepotismo são uma instituição nacional. Por isso há tanto 
incompetente nos lugares cimeiros. Este mal só acabará quando, como dizia o 
Torga, “o povo vier à tona da história”, ou seja, quando o povo empunhar uma 
grande 
vassoura para, com o cabo, dar umas vergastadas nos carreiristas, e depois 
varrer o lixo para a vala comum dos medíocres.

P -Apontou, também, como culpada pela desgraça em que se vai afundando o SNS, a 
submissão do Governo aos grandes grupos económicos… Ao mensalão pago a “parasitas” 
a “viver à custa do sector público, através de convenções espúrias e de outras manigâncias 
conhecidas”. Como pôr fim a esta “gula devoradora”, como aqui há dias a descreveu? 
Não esquecendo que falamos de “arranjos” blindados; que em caso de rescisão dos contratos
 PPP… Obrigam a indeminizações cujo montante nem a troika arranja…
A pergunta já contém a resposta. Ninguém hoje duvida que os grandes grupos 
económicos mandam nos governos, porque são eles que subsidiam as campanhas 
eleitorais. Quem ataca o SNS são os que querem fazer da saúde um negócio e 
precisam de aumentar a sua clientela para aumentar os seus lucros. Ficam ressalvadas 
as pessoas sérias que ainda há na política e no mundo empresarial.(...)

P -O que sente quando ouve o Dr. Paulo Macedo referir que não quer ser o coveiro do SNS; 
que “a redução de custos vai levar a uma maior eficácia”… Para logo apontar: coveiro será 
quem não tomar medidas de redução da despesa”…
Ainda dou ao Dr. Paulo Macedo o benefício da dúvida. Disse-lhe há dias que se 
ele quer, efectivamente, salvar o SNS estarei ao seu lado. Caso contrário, estarei 
à sua frente. (...)

P -Tem afirmado que “só haverá paz social se o sacrifício for equitativamente repartido por todos”. 
Considera que as recentes medidas adoptadas pela tutela vão nesse sentido? Por exemplo… 
O aumento das taxas moderadoras, como foi aplicado, responde à exigência de equidade?
O aumento excessivo das taxas moderadoras e a criação de novas taxas, 
dificultam ou impedem o acesso a cuidados de saúde de muitos cidadãos. 
Em Janeiro houve menos 58.000 consultas hospitalares e nos dois primeiros 
meses do ano, menos 4.000 cirurgias. Os números não mentem…

P -A troika mandou cortar! O governo cortou (muito embora cerca de 50% da poupança 
tenha resultado de reduções administrativas nos preços dos medicamentos e não em reformas
 estruturais). 
Fica-se com a impressão de que há medo de mexer no resto… Nos interesses instalados… Partilha esta 
opinião?
O governo cortou mais do que a troika mandou. Há medo e conivência. 
É chocante verificar que são sempre os mais carenciados que pagam as crises. 
Sabe porquê? São muitos e já estão habituados…

P -Nesta onda de “cortar a eito” reduziu-se a produção, como se esta fosse irmã-gémea de 
eficiência… E aumentou, como nunca, o número de utentes em espera para cirurgia, primeiras 
consultas, recurso às urgências… e o número (considerado inusitado) de mortes em idosos nos 
primeiros meses do ano… Pressente ligação entre umas coisas e outras?
Admito que sim, mas não podemos ter a certeza. Certo é que muitos cidadãos 
deixaram de procurar cuidados de saúde e de aviar receitas por carência económica. 
Sou testemunha desse drama.

P -É legítimo pedir tanto à população portuguesa? E o pior é que vem por aí mais; 
as medidas da troika não ficam por aqui. Na “calha” está um novo aumento das taxas 
moderadoras, a restrição dos custos dos subsistemas, o corte dos preços dos genéricos e 
a diminuição dos custos operacionais, no valor de 100 milhões de euros. Tudo este ano!
Por detrás de algumas medidas draconianas está um programa ideológico 
ultraliberal que visa destruir o Estado Social e o próprio Estado Democrático. 
Habermas já acusou a Europa de estar a desconstruir a democracia e 
Mário Soares alertou-nos para um novo tipo de fascismo, a que Boaventura Sousa Santos 
chamou há tempos “fascismo social”. Pode ser forte a comparação, mas eu, 
que sou homem de esperança, digo: “Não passarão”… (...)
É preciso bom senso. Com a saúde não se brinca. O grande problema é que a 
maior parte dos nossos políticos, de todos os governos, não conhece o país real 
nem sente o sofrimento do povo. Muitos deles nunca entraram numa unidade 
do SNS. (...)fonte


ARTIGO COMPLETO: http://apodrecetuga.blogspot.com/2013/03/a-agiotagem-o-compadrio-o-nepotismo-e.html#ixzz2MVqcwhSw

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