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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


  • Gustavo Carneiro 


Cães de fila
Nos dias mais próximos aos da realização do XIX Congresso do PCP (antes, durante e depois) sucederam-se nos diferentes órgãos de comunicação social nacionais artigos e opiniões sobre o Partido. Ou, melhor dizendo, sobre caricaturas do que efectivamente é o PCP, daquilo que defende ou de como se organiza.
E houve-os para todos os gostos e à medida de todos os preconceitos. Uns totalmente primatas. Outros mais ou menos sofisticados. Mas quase todos (salvo raras e honrosas excepções) do mais primário anticomunismo. Não por os seus autores discordarem do PCP (direito que assiste a qualquer um), mas por não haver nessas prosas um mínimo esforço de encetar uma análise séria ao Partido e ao seu congresso ou de travar um honesto debate ideológico, com ideias e perspectivas diversas sobre as mais variadas temáticas. Nada! Apenas preconceito, ódio e medo. Deles, sim. Mas sobretudo de quem principescamente lhes paga para que digam o que disseram e para que calem o que calaram. Como bons (não lhe chamarei «funcionários», pois não merecem) cães de fila que são.
E só esta sua «profissão» pode explicar que do PCP registem factos tão interessantes como a localização de um seu Centro de Trabalho paredes meias com lojas de roupa de luxo (pouco importando quem aí se instalou primeiro e as alterações verificadas, nos últimos anos, na natureza e origem dos inquilinos de tão famosa avenida lisboeta), e que do Congresso que realizou na semana passada realcem questões tão prementes como… o seu início a uma sexta-feira.Nem se lhes exigia, por manifesto exagero, que analisassem o alcance profundo do projecto de Democracia Avançada e Socialismo reafirmado no Congresso ou até mesmo o significado da política patriótica e de esquerda defendida pelo PCP e do caminho que este aponta para a sua concretização. Mas podiam ao menos referir coisas seguramente tão desinteressantes como a participação, na preparação do Congresso, de 18 213 militantes em 1257 assembleias, reuniões e debates realizados expressamente para o efeito. Ou o facto tão pouco significativo que certamente será o envio pelos militantes de 1900 contribuições para as Teses e 600 para as alterações ao Programa, o maior número registado nos últimos três congressos. E, quem sabe, se não teriam que dizer, mesmo que de passagem, que o Partido «dos funcionários» teve, afinal, entre os 1241 delegados presentes no Congresso apenas 191 destas certamente tão detestáveis criaturas.
Se fossem pagos para serem honestos e sérios poderiam ainda referir, sei lá, que 34 por cento dos delegados tinham menos de 40 anos ou que 161 deles não eram sequer militantes comunistas à data do anterior congresso, em finais de 2008. Mas isto implicaria derrubar o edifício de preconceitos contra o PCP que custou toneladas de papel e horas de emissão a erguer, o que não agradaria nada aos seus mandantes, que afinal lhes pagam simplesmente para que obedeçam.
Que fiquem descansados pois não lhes faltará trabalho! O PCP andará por cá por muitos e bons anos. Mais do que eles, dos que os seus patrões e do que este sistema caduco que tão zelosamente defendem.


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