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quinta-feira, 7 de junho de 2012


Isaltino Morais critica Governo e fala sobre combate à corrupção no Dia do Município

 
 

O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, criticou hoje o Governo pelo "ataque" ao poder local, acusou a Associação  Nacional de Municípios de ser "domesticada" e condenou o combate à corrupção  em "praça pública". 

Na cerimónia de comemorações do Dia do Município, que hoje se assinala,  Isaltino Morais conduziu o seu discurso por um caminho diferente do que  tem feito em anos anteriores e, em vez de enfatizar obras feitas pelo executivo,  optou por "discutir o país". 
"O que se tem passado é demasiado grave. Estamos a assistir ao maior  ataque ao poder local de sempre", disse Isaltino Morais, lançando o mote  para cerca de 45 minutos de duras críticas às atuais políticas do Governo.
Reformas sociais com "única preocupação contabilística", reorganização  administrativa autárquica que "visa a extinção compulsiva sem a participação  dos municípios", a redução de dirigentes "coberto de um manto ridículo e  pura demagogia", reforma do tecido empresarial municipal e a reestruturação  do setor da água foram os temas abordados por Isaltino Morais. 
"As autarquias são o bode expiatório do défice financeiro e o parente  pobre da administração central", afirmou o autarca. 
Isaltino Morais realçou, contudo, que apoia a mudança e as reformas,  mas repudia o "ataque social que tem sido feito com uma única preocupação  contabilística". 
O autarca considerou ainda que os sacrifícios impostos às autarquias  deviam "fazer corar de vergonha" a Associação Nacional de Municípios Portugueses  (ANMP) por estar numa "cúpula domesticada". 
A venda da EDP ao "desbarato" e a intenção de reformular o setor da  água são outras das medidas "absurdas" apontadas por Isaltino Morais. 
"Fica já a saber (a ministra do Ambiente) que 500 milhões de euros é  o preço mínimo de venda dos SMAS  (Serviços Municipalizados de Água e Saneamento)  de Oeiras e Amadora, a mais bem geria empresa de água em Portugal. A nós,  não nos ensinam muito sobre a gestão da coisa pública", frisou o autarca.
"O Governo propõe-se a instalar a mediocridade. E é esta falta de visão  estratégica nacional que empurrou o país para a pobreza e depois a única  saída que apontam aos portugueses é a da porta dos fundos, ou seja, a emigração",  acrescentou. 
Isaltino Morais lamentou o discurso "pessimista", mas realçou que "estes  são tempos em é que é muito difícil ter um discurso otimista", porque, justificou,  "a falta de sensibilidade política e humana do Governo está a abrir brechas  terríveis ao povo português". 
No seu discurso, o autarca aproveitou ainda para comentar os procedimentos  de combate à corrupção. 
"Acham que o combate à corrupção deve ser feito com manifestações em  praça pública, quando a corrupção deve ser combatida com leis claras e transparentes.  E quando chega a absolvição muitas vezes já é tarde porque já foi causado  muito sofrimento e as famílias já foram muito afetadas e mesmo quando chega  a absolvição, não se dá importância a isso", concluiu. 
No mês passado, o Ministério Público de Oeiras considerou prescrito  o procedimento criminal contra o presidente da Câmara de Oeiras pelo crime  de corrupção passiva para acto ilícito, pelo que arquivou o inquérito. 
No âmbito das comemorações do Dia do Município, no auditório municipal  Ruy de Carvalho, em Carnaxide, a câmara prestou ainda homenagem a "algumas  personalidades que contribuíram para o bem local e nacional".
Com Lusa

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