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quinta-feira, 28 de junho de 2012


Europeu: interpretações para uma derrota


Tal como em situações como o desemprego ou a emigração também no desporto devemos seguir o pensamento do nosso líder pois é para isso que temos líderes, para pensarem por nós. Além disso ainda temos a vantagem de termos várias interpretações para o mesmo fenómeno. Como encara Passos Coelho a derrota da selecção portuguesa frente à espanhola nas meias-finais no Europeu?
  
Se fosse antes das eleições Passos Coelho diria que apesar de não ter tido responsabilidades na derrota pedia desculpa aos portugueses. Depois de ganhar as eleições a derrota de Portugal seria o castigo merecido por não se ter feito o trabalho de casa, seriam necessárias reformas para que o ataque português fosse mais produtivo e o Gaspar depressa descobriria um desvio que justificaria o corte dos prémios de jogo.
  
Antes das eleições Passos Coelho diria que a selecção nacional, ao contrário do que sucedeu com a selecção espanhola, não fez o trabalho de casa. Depois das eleições Passos Coelho justificaria a derrota dizendo que era inevitável e que o actual treinador pouco ou nada poderia fazer, o programa já estava negociado pelos anteriores dirigentes da Federação.
  
Antes das eleições Passos Coelho desvalorizaria o papel das arbitragens criticando os que tentavam justificar os problemas da selecção com os erros intencionais dos árbitros que estariam a ser estimulados pelo Platini. Depois das eleições Passos Coelho juntaria a sua voz a Cavaco Silva e proporia uma federação europeia de árbitros independente da UEFA e de outros interesses privados.
  
Antes das eleições Passos Coelho consideraria a derrota uma desgraça para o país, acusaria o governo de nada ter feito para a evitar e apresentaria uma moção de censura ao governo. Depois das eleições Passos Coelho diria que a derrota foi a consequência dos nossos abusos e desleixo, que seria uma oportunidade para o país promover as mudanças e reformas e que cada português devia encontrar nessa derrota um incentivo para a mudança.
Antes das eleições Passos Coelho consideraria a derrota uma desgraça económica para o país, agora descobriria que com a derrota seria pouco provável a venda de alguns jogadores que ainda jogam em Portugal, o que traria vantagens ficais pois enquanto cá estão sempre vão pagando alguns impostos.
  
Antes das eleições a derrota seria uma infelicidade para um povo que em tempo de sacrifícios seria recompensado com o espectáculo do futebol. Depois das eleições a derrota da selecção poderá ser um importante contributo para aumentar a produtividade e a ausência na final equivaleria ao corte de um feriado, de um ponto de vista económico a derrota nas meias-finais seria trata pelo sôr Álvaro como uma importante reforma estrutural que muito agradaria à tia Merkel.
  
PS: A esta hora Cavaco Silva já terá dito à esposa “Ó Maria, toma lá mais esta camisola do n.º 1, engoma-a e junta às outras. Como agora o governo quase não me dá trabalho para férias aproveitamos e o jipe em vez de levar os despachos leva a minha colecção de camisolas do n.º1 da selecção.

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