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terça-feira, 19 de junho de 2012

UMA FLOR VERMELHA NAS PAREDES DO CAIS


                                               Poema que me apeteceu reeditar


Não sei quem és
mas pelos gestos vieste por bem
rasgar o vento com as mãos
a neve dos meus cabelos
e eu cansado de florestas apócrifas
das palavras em bando
comecei a plantar árvores
vi os pássaros regressarem
em acordes
a luz das noites que não dormem

Na partilha de horizontes
o amor é revolucionário
voa nos mastros mais altos
garatuja búzios de sons
intervem por causas
muito para lá das utopias
e se levanta resiste
ao pôr do sol
mesmo que os barcos entristecidos
estilhacem
nos espelhos da água
algumas pedras com vida por dentro

Registo por um instante
o ar que nos move
pinto com a boca
uma flor vermelha
nas paredes do cais




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