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terça-feira, 12 de junho de 2012


Intervenção de Manuel Begonha, Presidente da Associação Conquistas da Revolução, na romagem à campa do General Vasco Gonçalves





Intervenção de Manuel Begonha, Presidente da Associação Conquistas da Revolução, na romagem à campa do General Vasco Gonçalves

Estamos aqui para evocar o 7º aniversário da morte do General Vasco Gonçalves.
Conheci o General em 1974, tendo privado assiduamente com ele durante a fase mais intensa da Revolução e com frequência até à sua morte.
Como conheci bem de quem estou a falar gostaria de partilhar convosco alguns dos traços que mais me impressionaram do seu carácter, em momentos excepcionais em que se não cultivava o politicamente correcto, nem se recorria a promessas e mentiras com preocupações eleitoralistas.
Vasco Gonçalves vivia preocupado com o tempo. Tempo que faltava para o que era preciso construir e ajudava os inimigos da Revolução.
Transportava consigo os ensinamentos da sua condição de engenheiro militar, que se reflectiam na forma como exercia a liderança, na organização, no rigor, na capacidade de análise e no respeito pela opinião dos outros.
Desde cedo, se dedicou ao estudo e à interpretação dos processos históricos, adquirindo assim uma cultura sólida que lhe permitia ir avaliando o presente e projectar o futuro.
Possuía uma enorme fraternidade e respeito pelo povo português para quem olhava pela janela do passado, ancorando o seu pensamento nas tábuas dessa vida sofrida.
Gostava de consultar aqueles em quem confiava, mesmo os mais novos, antes de tomar decisões ou para procurar superar as suas dúvidas, inquietações ou incertezas.
Era um homem limpo de preconceitos e de ideais puros.
Embora não tolerasse desvios de carácter foi vítima de deslealdades, traições e calúnias que precipitaram o avanço da contra-Revolução.
Vivemos então uma época em que se verificou o aumento significativo de mulheres que saíram à rua para se envolver no combate político. Não quero deixar de destacar Aida Gonçalves, notável mulher do nosso General que sempre esteve a seu lado, dando-lhe um suporte muito valioso em todas as ocasiões mesmo as mais difíceis.
Estamos no talhão dos combatentes deste cemitério e não é por acaso. Vasco Gonçalves sempre se mostrou um combatente e não deixou de exortar o nosso povo ao combate.
“A nossa luta desenvolve-se em torno do que é e não do que gostaríamos que fosse. Os povos só se libertam pela luta intensa, incansável e de todos os dias, contra a opressão, quando se cansam perdem; para que a luta triunfe é necessário que o povo tenha consciência da sua exploração e também de quem o explora e como 0 explora. Só assim são aceitáveis os sacrifícios que a Revolução pede, só assim aparece claramente projectado o inimigo do povo”.
Passado todo este tempo, reconstituíram-se os antigos grupos económicos e formaram-se outros. O poder económico condiciona o poder político, alterando as regras da democracia e a própria Constituição.
A Justiça é implacável para os pequenos delitos, mas permissiva para os grandes grupos financeiros. Os governantes são incompetentes, imaturos e prepotentes.
Reina a impunidade e a insensibilidade social.
Neste ambiente de convulsão da história é preciso preservar o pensamento de Vasco Gonçalves pois, como diz Ondjaki “Nós somos nosso próprio esquecimento – borracha do futuro a apagar o passado nas ardósias do presente”.
Mas como no passado, a nossa missão é combater. Combater a desinformação e as intenções deste Governo que se empenha em acabar com o Estado Social, quebrar o ânimo dos trabalhadores reduzindo-lhes o salário, para ter um exército de desempregados que se lancem numa disputa desesperada por um posto de trabalho sem garantias.
Assim sendo, compete-nos uma tarefa fundamental para conquistar um futuro melhor que é informar e esclarecer os indecisos e os explorados.
Vêm agora louvar a nossa paciência.
Recusamos a vossa hipócrita simpatia. Queremos sim, lutar nas cidades e nos campos para travar este Governo que nos está a conduzir irreversivelmente para o desastre.
No respeito pelos limites constitucionais, temos de quebrar este ciclo de governantes que se vêm alternando no poder. É necessário que o voto mude, para que não fique tudo na mesma e o 25 de Abril seja cumprido.
Queremos construir um novo futuro para a nossa Pátria. Inspiremo-nos neste Homem e sejamos dignos da sua memória.
VIVA O GENERAL VASCO GONÇALVES
VIVA PORTUGAL

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