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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Uma democracia de pernas para o ar


Uma democracia de pernas para o ar

Apela-se a que a sociedade civil seja interventiva, que não esteja sempre à espera que o Estado responda às suas necessidades. Apela-se ao voluntariado. Alerta-se para os perigos associados ao submundo da droga a que estão expostos os jovens. Sublinha-se a utilidade de actividades que complementem as que são desenvolvidas no horário lectivo, que não apenas desviam os jovens dos atrás referidos perigos, como ainda ajudam a desenvolver as suas competências. Fala-se muito das relações frias que se estabelecem, sem criar laços, nas grandes cidades. Constata-se a desertificação e degradação urbanística dos grandes centros. E ouve-se falar em insegurança, que há polícias em número insuficiente para tanta criminalidade.
Exceptuando esta última frase, a escola da Fontinha era tudo isto. Um espaço inútil, degradado, que esteve ao abandono durante cinco anos e que um grupo, com o seu trabalho e com materiais que pagaram do próprio bolso, decidiu recuperar para transformá-lo num lugar onde as crianças do bairro pudessem aprender a ser gente. Em qualquer lugar do mundo dito civilizado, em qualquer cidade do país, tal esforço seria reconhecido e apoiado. Menos na cidade de Rui Rio. A escola da Fontinha não lhe custava um cêntimo. A escola da Fontinha respondia a necessidades das populações que o município a que preside não satisfaz. A escola da Fontinha era um entre milhares de imóveis devolutos da propriedade da Câmara Municipal do Porto que esta deixa degradar. Pois tinha que ser precisamente aquele.
Ontem, por ordem de Rui Rio, um grupo de rufias fardados deu folga à tal gandulagem de que tanto se fala para ir à escola da Fontinha expulsar quem nela todos os dias dava o seu melhor para servir a sua comunidade. Ao murro e ao pontapé, empregando uma brutalidade inimaginável, tratamento que excede largamente o mandato conferido pelas fardas que ultrajam, até mesmo se o aplicassem a criminosos que aqueles cidadãos claramente não são. Partiram tudo. Computadores, bicicletas, material didáctico, brinquedos. Tudo isto para que Rui Rio possa devolver aquele imóvel à inutilidade degradada. Tudo isto para que aquelas crianças sejam empurradas para uma existência degradante. Esta barbaridade tem que ter consequências. Ainda somos uma democracia. E uma democracia não pode tolerar a repressão gratuita, a prepotência exercida contra a cidadania. Isto não pode ficar assim.

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