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quinta-feira, 10 de março de 2011

O CHÃO E A VIDA - Página facebook

O CHÃO E A VIDA Vivemos na época da informação. Megabytes de informação.
Agências noticiosas, revistas, jornais e Internet para todos os gostos, a debitar consecutivamente informação. Informação de que não se precisa, informação que não se quer, informação que não se retêm, mesmo quando se ouve e que não se fixam, ainda que se percebam....
Mas de fascínio da coscuvilhice em larga escala até que muda a perspectivas das coisas. Saber coisas sobre Haiti, Islândia ou o Nepal dá um ar de sabedor. Saber que lojas abriram em Roma, Pequim ou Nova Iorque dá um estatuto definitivamente cosmopolita. Saber os nomes dos políticos que fazem girar o mundo, dos modelos que são capa das revistas, dos programas de computador do último ano deve dar para jogos de cultura geral ou concorrer em concursos de televisão, se não der para parecer inexcedivelmente culto ou estupidamente interessado nas últimas do mundo.
Dito isto, convém acrescentar que não tenho nada contra esse mega império, até porque, no meio de milhentas inutilidades e redundâncias, acaba por haver sempre qualquer coisa que dá jeito.
Só que, mergulhados na ideia de que o mundo é a tal “ aldeia global “ e que a informação é da família da comunicação, ficamos atónitos quando, de repente, percebemos que nos perdemos.
Percebemos, por exemplo, que sabemos imensas coisas interessantes que se passam nos E.U.A., e desconhecemos por completo à últimas do nosso bairro. Percebemos, por exemplo, que sabemos tudo sobre as vidas dos Kennedys ou do Michael Jackson, e não sabemos quem é o vizinho do lado, o que passa com os colegas de emprego ou o que aflige e apoquenta a nossa família.
Presos à ideia de uma informação universalista, esquecemo-nos da comunicação simplista. Daquela coisa de perguntar a alguém, a sério e para valer, o habitual “ olá como estás ? “ , e ficar à espera que nos contam coisas, que nos digam impressões e acontecimentos, diferentes ou próximos de nossos, a que nos apeteça responder. Por vezes, descobrimos, atónitos, que há muito tempo, que não temos uma conversa saborosa e cheio daquelas que nos enchem a alma e nos põem bem com o mundo.
E, às vezes, descobrimos até que essa possibilidade básica de qualquer ser humano socializado, a de comunicar, se transformou uma difícil tarefa.

ABÍLIO DE SOUSA

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