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quarta-feira, 25 de julho de 2018

Austrália rouba e espia Timor-Leste… Agora julga decente espião denunciante


É mesmo um conto digno do pirata James Cook, da frota britânica, que alegadamente descobriu a Austrália… Tudo indica que depois dos navegadores portugueses e holandeses nos anos de 1500-1600. Mas a Austrália foi reivindicada pelos britânicos em 1770 e inicialmente colonizada por meio do transporte de presos para a colónia de Nova Gales do Sul, fundada em 26 de janeiro de 1788. Bandidos, portanto, foram os seus primeiros colonos. Prática daqueles tempos.

Talvez por isso lhes ficasse no ADN serem “amigos do alheio”. No caso de Timor-Leste “amigos” do petróleo do Mar de Timor, sobrando-lhes ainda o vício de espiar os vizinhos de que os governos ‘cangurus’ tanto afirmam serem amigos. Pois. Já sabemos o que para eles significa essa do “amigos”. 

Uma testemunha, um espião australiano, acabou por, alegadamente, denunciar as ações espiãs do governo australiano para com o governo e Estado de Timor-Leste. Da parte da Austrália tudo isso por petróleo, por dólares, por ganância, talvez até por vício ancestral de roubarem. E é agora a Austrália que se considera no direito de julgar Bernard Collaery, o elemento australiano alegadamente denunciante de ação inadmissível contra o “amigo” Timor-Leste. Bernard esteve certo. Quem não esteve certa foi a gentalha nos poderes, sem escrúpulos, descarada e doentia ainda hoje. Gentalha que infesta o planeta e o nosso quotidiano. Sobretudo coisa de Estados Piratas. (MM | TA)

Ex-agente e advogado acusados de conspiração na Austrália julgados nesta quarta-feira

Redação, 24 jul (Lusa) - O julgamento de um ex-agente dos serviços secretos e de um advogado acusados de conspiração pelo Ministério Público australiano num caso relacionado com as negociações de fronteiras e exploração petrolífera começa na próxima quarta-feira.

O ex-agente do Serviço Secreto de Informação Australiano, conhecido apenas por 'Testemunha K', e o seu advogado, Bernard Collaery, foram acusados de conspiração no passado dia 28 de junho pelo Ministério Público e são agora julgados à porta fechada.

Os acusados enfrentam uma pena máxima de dois anos de prisão, se forem considerados culpados em julgamento.

Em causa está uma denúncia por parte da 'Testemunha K', que revelou um esquema de escutas montado pelos serviços secretos australianos em escritórios do Governo timorense, em Díli.

As escutas terão sido instaladas em 2004 por uma equipa liderada pela 'Testemunha K' durante obras de reconstrução dos escritórios, oferecidas como cooperação humanitária pela Austrália.

De acordo com os relatos, através das escutas, o Governo australiano obteve informações que permitiriam favorecer as intenções australianas nas negociações com Timor-Leste da fronteira marítima e pelo controlo da zona Greater Sunrise, uma rica reserva de petróleo e gás.

O tratado, que acabaria por ser assinado, apontava que cada país teria 50% da área a explorar, embora a maior parte das reservas se encontrasse dentro de território timorense.

Quando tomou conhecimento da existência das escutas, Díli contestou o tratado e apresentou uma queixa contra a espionagem de Camberra junto do Tribunal Arbitral de Haia, argumentando que, devido às ações do Governo australiano, o acordo era ilegal.

Timor-Leste retirou a acusação como um ato de boa fé e, em março de 2018, os dois países assinaram um novo tratado que delimitou uma fronteira marítima permanente entre os dois países, passando Timor a receber pelo menos 70% das receitas originárias da exploração do Greater Sunrise.

Desde 2012 que a 'Testemunha K' está retida na Austrália, após uma rusga organizada pelos ASIO (serviços secretos australianos) ter confiscado vária documentação, incluindo o passaporte.

Em 2016, a testemunha viu-se impossibilitada de viajar até Haia para dar o seu testemunho, visto que o Ministério dos Negócios Estrageiros australiano negou uma nova emissão do passaporte.

O caso tem sido contestado por várias organizações e personalidades.

Recentemente, vários ativistas do Movimento Contra a Ocupação do Mar de Timor condenaram o Governo australiano pela sua atuação, comparando-a com as do ditador indonésio Suharto.

"O Movimento Contra a Ocupação do Mar de Timor está surpreendido que, nos dias de hoje, o Governo australiano esteja a fazer o que antes julgavam que apenas o ditador Suharto fazia durante o seu reino".

O movimento, que é composto por várias organizações timorenses, condenou as acusações, apelidando-as de terem "motivações políticas" um ataque do Governo à democracia e liberdade de expressão.

"Esta atitude do Governo da Austrália demonstra que o Governo fará qualquer coisa em prol dos interesses comerciais do país", mesmo que implique "violar a lei internacional e privando um dos seus vizinhos mais pobres", disse o movimento.

Atualmente, Timor-Leste é o país asiático com menor Produto Interno Bruto.

No início do mês, um ex-diplomata da ONU que integrou a equipa de Timor-Leste espiada em 2004 criticou a Justiça australiana.

Em declarações ao jornal britânico The Guardian, Peter Galbraith considerou a acusação aos dois homens uma ação "vingativa e sem sentido", quando o que a Austrália devia fazer era esquecer este "episódio pouco edificante".

Galbraith insistiu que a operação de espionagem conduzida contra ele e outros funcionários de Timor-Leste foi "claramente um crime" à luz da lei internacional.

"É apenas vingativo e inútil, é hora de seguir em frente. Finalmente, depois de 18 anos, a Austrália fez a coisa certa [assinando o tratado de petróleo e gás em março desde ano]. Aceite os elogios, que são merecidos, e siga em frente", considerou.

JYO (ASP) // ARA


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