O maior escritor do século XIX, Victor Hugo, morre em 22 de Maio de 1885 de congestão pulmonar, aos 83 anos. O carro fúnebre “dos pobres”, como desejara, carregaria o ataúde ao local das cerimónias oficiais. Os seus restos mortais seriam expostos sob o Arco do Triunfo e depois levados para o “Panthéon”. Uma multidão de 2 milhões de pessoas seguiu o cortejo.
O autor de Os Miseráveis, O Corcunda de Notre-Dame, Hernâni, Contemplações e tantas outras obras-primas brilhou em vários géneros, passando da poesia ao romance histórico e às peças de teatro.
Victor Hugo nasceu em 26 de Fevereiro de 1802 em Besançon, sendo o mais novo de três irmãos. O seu pai era general do Império Napoleónico. Mas foi a sua mãe, em particular, que o educou.
Ainda no liceu, Hugo parecia já ter uma ideia bem precisa do seu futuro. Aos 14 anos escreveu: “Quero ser como Chateaubriand ou nada.” A sua inspiração, François-René de Chateaubriand foi um escritor que se imortalizou pela magnífica obra literária pré-romântica. É notado pelo rei Luis XVIII que lhe manda pagar uma pensão. Em 12 de Outubro de 1822 casa-se com Adele Foucher, uma amiga de infância, com quem teve cinco filhos.
Hugo junta-se a alguns escritores e formam o grupo Cenáculo. Este círculo de jovens autores seria o foco do romantismo. Em 1827, publica a peça Cromwell. O prefácio anuncia claramente a sua vontade de romper com as regras clássicas – unidade de tempo, de lugar e de acção. Aos 27 anos, Hugo apresenta uma nova peça, Hernâni, na Comédie-Française.
Os partidários do classicismo mostram-se ofendidos uma vez que a regra das três unidades não fora respeitada. O confronto entre os românticos e os clássicos é violento. Travariam a mesma batalha a cada representação de Hernâni. Hugo torna-se o cão de fila da escola romântica, em companhia de Gérard de Nerval e Théophile Gautier.
Em 1828, surgem os Orientais e o Último Dia de um Condenado. Em 1831, publica o seu primeiro romance histórico, O Corcunda de Notre Dame, que celebrizou as personagens Quasimodo e a cigana Esmeralda. Desde o lançamento, a obra conheceu um extraordinário sucesso. O público romântico apreciou sobremaneira o universo da Idade Média recriado magistralmente por Hugo.
Em Fevereiro de 1833, é levada ao palco a primeira representação da sua Lucrécia Bórgia. Entre os actores encontrava-se Julie Drouet, por quem Hugo se apaixona. Essa história de amor duraria cinquenta anos.
Em 1841, é eleito para a Academia Francesa de Letras. A sua filha primogénita, Léopoldine, morre jovem em 1843. Esta tragédia afecta-o profundamente e muitos creem que foi o acontecimento que o levou para a política.
É eleito pelo Partido Republicano, deputado à Assembleia Constituinte de 1848. Condena asperamente o Golpe de Estado de 2 de Dezembro de 1851 do príncipe Luís Napoleão, sobrinho de Napoleão Bonaparte, a quem cognominava ‘Napoleão, o Pequeno’ em contraposição a Bonaparte que chamava ‘Napoleão, o Grande’.
Forçado ao exílio na Bélgica, Hugo aproveita para compor poemas que reúne em Les Châtiments (1853) e Contemplações (1856). Em 1862, conclui Os Miseráveis, que obtém estrondoso sucesso de público e crítica e que torna imortais personagens como o trabalhador Jean Valjean e o chefe de polícia Javert.
Com a proclamação da República em 1870, Hugo regressa a Paris. Encarna aos olhos do povo a resistência republicana ao Segundo Império. Em 8 de Fevereiro de 1871, é eleito para deputado e, em 1876, senador. Uma de suas primeiras intervenções é a defesa em favor da amnistia aos ‘communards’ da Comuna de Paris. Quando completou 80 anos, uma multidão estimada em 600 mil pessoas desfilou diante das suas janelas na Place Vendome.
Victor Hugo sobressaiu-se também no campo político e social. Lutou contra a pena de morte, pela paz, pela condição feminina, denunciou o clero. Reconhecido em vida pelos seus pares e pelo povo como o grande escritor de seu tempo, a obra imortal de Victor Hugo é um património da cultura universal.
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
Victor Hugo em 1875, por Comte Stanisław
Cricatura de Victor Hugo no ponto máximo da sua carreira política, por Honoré Daumier, (1849)
O funeral de Victor Hugo
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