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sábado, 24 de março de 2018

Sobre os Sindicatos, o Momento Atual e os Erros de Trotski. Por :V.I.Lénin



30 de Dezembro de 1920

Camaradas:

Meu material básico é o folheto do camarada Trotski: Sobre o Papel e as Tarefas dos Sindicatos. Comparando este folheto com as teses que ele apresentou no Comitê Central, e lendo-o com atenção, assombra-me a quantidade de erros teóricos e de inexatidões flagrantes que contém. Ao iniciar uma grande discussão no seio do Partido sobre este problema, como pôde preparar uma coisa tão infeliz em vez de apresentar algo mais pensado? Assinalarei, brevemente, os pontos fundamentais nos quais, em minha opinião, há erros teóricos essenciais.

Os sindicatos são uma organização industrial, não só historicamente necessária, mas também historicamente inevitável, que nas condições da ditadura do proletariado engloba quase a totalidade dos operários da indústria. Esta é a ideia fundamental, mas o camarada Trotski esquece-a constantemente, não parte dela, não a valoriza. O próprio tema proposto por ele: “Papel e Tarefas dos Sindicatos” é excessivamente amplo.

Do que foi dito, conclui-se que em toda a atividade da ditadura do proletariado o papel dos sindicatos é essencial ao máximo. Mas qual é este papel? Passando à discussão deste problema, um dos problemas teóricos mais importantes, chego à conclusão de que o papel dos sindicatos é de extraordinária peculiaridade. De um lado, ao abarcar, ao conter nas fileiras da organização a totalidade dos operários industriais, os sindicatos são uma organização da classe dirigente, dominante, governante, da classe que exerce a ditadura, da classe que aplica a coerção estatal. Mas não é uma organização estatal, não é uma organização coercitiva, é uma organização educadora, uma organização que atrai e instrui, é uma escola, escola de governo, escola de administração, escola de comunismo. É uma escola de tipo completamente desconhecido, pois nos sindicatos não há mestres e alunos, mas certa combinação extraordinariamente original daquilo que ficou do capitalismo, e que não podia deixar de ficar, e do que realizam em seu seio os destacamentos revolucionários avançados, isto é, a vanguarda revolucionária do proletariado. Pois bem, falar do papel dos sindicatos, sem levar em conta estas verdades, significa chegar inevitavelmente a uma série de erros.

Pelo lugar que ocupam no sistema da ditadura do proletariado, os sindicatos estão situados, se é justo dizer assim, entre o Partido e o poder do Estado. Na transição para o socialismo é inevitável a ditadura do proletariado, mas esta ditadura não é exercida pela organização que contém a totalidade dos operários industriais. Por quê? Podemos ler isso nas teses do II Congresso da Internacional Comunista sobre o papel do partido político em geral. Sobre isto não vou deter-me aqui. A questão é que o Partido, se assim se pode dizer, recolhe em seu seio a vanguarda do proletariado, e esta vanguarda exerce a ditadura do proletariado. E sem contar com uma base como os sindicatos não se pode exercer a ditadura, as tarefas estatais não podem ser cumpridas. Mas é preciso realizar estas funções através de uma série de instituições especiais de novo tipo, a saber: através do aparelho dos sovietes. Em que consiste a peculiaridade desta situação no que se refere às conclusões práticas? Como criam os sindicatos o vínculo da vanguarda com as massas; os sindicatos, através do seu trabalho diário, convencem as massas, as massas da única classe capaz de conduzir-nos do capitalismo ao comunismo. Isto de um lado.

De outro, os sindicatos são uma “reserva de forças” do poder do Estado. Isso são os sindicatos no período da transição do capitalismo ao comunismo. Geralmente não se pode realizar essa transição sem que a única classe educada pelo capitalismo para a grande produção e a única que está desligada dos interesses do pequeno proprietário exerça a sua hegemonia. Mas não se pode levar a cabo a ditadura do proletariado através da organização que engloba a totalidade dele. Pois o proletariado ainda está tão dividido, tão rebaixado, tão corrompido em alguns lugares (precisamente pelo imperialismo em certos países), não só na Rússia, um dos países capitalistas mais atrasados, como também nos demais países capitalistas, que a organização integral do proletariado não pode exercer diretamente a ditadura deste. A ditadura só pode ser exercida pela vanguarda, que concentra em suas fileiras a energia revolucionária da classe. Temos, pois, algo assim como uma série de rodas dentadas. Tal é o mecanismo da própria base da ditadura do proletariado, da própria essência da transição do capitalismo ao comunismo. Disto já se pode concluir que, quando o camarada Trotski, ao se referir na primeira tese à “confusão ideológica”, fala de uma crise especialmente e precisamente dos sindicatos, há no fundo desta afirmação alguma coisa errada do ponto de vista dos princípios. Falando de crise, só o podemos fazer depois de analisar o momento político. Quem tem “confusão ideológica” é precisamente Trotski, porque ele e não outro, na questão fundamental relativa ao papel dos sindicatos, do ponto de vista da transição do capitalismo ao comunismo, não percebeu, não levou em conta que nesse caso estamos em face de um complexo sistema de várias engrenagens e não pode haver um sistema simples, dada a impossibilidade de exercer a ditadura do proletariado através da organização que abarca a sua totalidade. Não se pode realizar a ditadura sem várias “correias de transmissão”, que vão da vanguarda às massas da classe avançada, e destas às massas trabalhadoras. Na Rússia, as massas trabalhadoras são camponesas; em outros países não existem tais massas, mas mesmo nos países mais adiantados há uma massa não proletária ou não puramente proletária. É esta efetivamente a razão da “confusão ideológica”. Trotski em vão responsabiliza os outros por ela.

Quando examino o papel dos sindicatos na produção, comprovo que Trotski incorre no erro fundamental de sempre falar deste problema “em princípio”, de falar do “princípio geral”. Em todas as suas teses, Trotski parte do ponto de vista do “princípio geral”. Já neste sentido, a formulação é radicalmente errada. Isto sem dizer que já o IX Congresso do Partido falou bastante sobre o papel dos sindicatos na produção, falou mais do que era necessário. E sem dizer que ele, Trotski, reproduz em suas próprias teses umas afirmações perfeitamente claras de Lozovski e Tomski, dos quais se utiliza para fazê-los desempenhar o papel de “saco de pancadas”, como se diz em alemão, ou de objeto em que exercita seus dotes polêmicos. Não há divergências de princípio, e foram escolhidos para isso, por azar, Tomski e Lozovski, que escreveram coisas citadas pelo próprio Trotski. Nelas nada encontraremos de sério no terreno das divergências de princípio, por muito interesse que tenhamos em encontrá-las. Em geral, o erro gigantesco, o erro de princípio, consiste em que o camarada Trotski arrasta o Partido e o poder soviético para trás, formulando agora a questão “no terreno dos princípios”. Felizmente passamos dos princípios ao trabalho prático, positivo. No Smolni(2), falamos sobre os princípios, e, inegavelmente, mais do que era preciso. Agora, passados três anos, sobre todos os pontos do problema da produção, sobre toda uma série de elementos integrantes deste problema, existem decretos, mas os decretos são coisas tão infelizes que, depois de assiná-los, nós mesmos os lançamos ao esquecimento e não os cumprimos. E depois, arbitrariamente, divaga-se sobre os princípios, inventam-se divergências de princípio. Mais adiante, assinalarei um decreto que se refere ao problema do papel dos sindicatos na produção, decreto que todos esquecemos, e eu também, do que me arrependo.

As divergências efetivas que existem não se referem de modo algum a questões relativas aos princípios gerais, salvo as que enumerei. Eu tinha o dever de salientar essas minhas “divergências” com o camarada Trotski, que acabo de enumerar, pois ao escolher um tema tão amplo, como Papel e Tarefas dos Sindicatos, o camarada Trotski, em minha opinião, incorreu em diversos erros acerca da própria essência da questão relativa à ditadura do proletariado. Mas, pondo isso de lado, é justo perguntar qual a razão por que não conseguimos em nosso trabalho a seriedade de que tanto necessitamos. Isto se deve à divergência sobre os métodos de abordar as massas, de ganhar as massas, de nos ligarmos às massas. Nisto consiste a essência da questão. Nisto reside justamente a peculiaridade dos sindicatos como instituições criadas no capitalismo, inevitáveis na transição do capitalismo ao comunismo e discutíveis quanto ao futuro. Está longe esse futuro que os sindicatos serão uma interrogação; nossos netos terão que enfrentar isso. Mas agora trata-se de como abordar as massas, de como ganhá-las, de como ligarmos a elas, de como garantir a boa marcha das complicadas correias de transmissão do trabalho (do trabalho destinado a exercer a ditadura do proletariado). Observem que, quando falo das complicadas correias de transmissão do trabalho, não penso no aparelho dos sovietes. O que se deve dizer sobre a complexidade das correias de transmissão, constitui um capítulo à parte. No momento, só falo em abstrato e do ponto de vista dos princípios sobre a relação entre as classes na sociedade capitalista; nela há proletariado, há massas trabalhadoras não proletárias, há a pequena burguesia e há a burguesia. Deste ponto de vista, mesmo que não houvesse burocratismo no aparelho do poder soviético, já temos uma extraordinária complexidade de correias de transmissão, em virtude do que foi criado pelo capitalismo. E nisto é preciso pensar sobretudo quando surge o problema da dificuldade da “tarefa” dos sindicatos. Repito, a divergência efetiva não consiste de modo algum no que pensa o camarada Trotski, mas no problema de como ganhar as massas, no problema de como abordá-las, de como nos ligarmos com elas. Devo dizer que se estudássemos detalhada e minuciosamente, embora em pequenas proporções, a nossa própria prática, a nossa experiência, evitaríamos inúmeras “divergências” e erros de princípios supérfluos de que está cheio o folheto do camarada Trotski. Por exemplo, há teses inteiras no folheto consagradas à polêmica sobre o “trade-unionismo soviético”. Inventou-se um novo espantalho, como se fossem poucos os existentes! E quem o inventou? O camarada Riazanov. Conheço o camarada Riazanov há vinte e tantos anos. Vocês o conhecem há menos tempo do que eu, mas o conhecem tanto quanto eu em relação às suas atividades. Sabem muito bem que entre os lados fortes que ele possui não está o de saber avaliar as palavras de ordem. E por que vamos apresentar nas teses como “trade-unionismo soviético” aquilo que o camarada Riazanov disse em certa ocasião tão inoportunamente? Isto é sério? Se for assim, então teremos “trade-unionismo soviético”, “posição soviética contrária ao tratado de paz” e não outras tantas coisas parecidas. Não há um único assunto em que não se possa colocar um “ismo” soviético. (Riazanov: “antibrestismo soviético”) Sim, absolutamente certo, “antibrestismo soviético”.

Incorrendo entretanto nesta falta de seriedade, o camarada Trotski, por sua vez, comete um novo erro. Conclui ele que a defesa dos interesses materiais e espirituais da classe operária não é da incumbência dos sindicatos em um Estado operário. Isto é um erro. O camarada Trotski fala de “Estado operário”. Permitam-me dizer que isto é pura abstração. Compreende-se que em 1917 escrevêssemos sobre o Estado operário, mas agora comete-se um erro evidente quando se diz: Para que e ante de quem defender a classe operária, se não há burguesia e o Estado é operário? Não se trata de um Estado completamente operário, aí está o x da questão. É nisto realmente que reside um dos erros fundamentais do camarada Trotski. Agora que passamos dos princípios gerais ao exame prático e aos decretos, querem arrastar-nos para trás, desviando-nos do trabalho prático e positivo. Isto não é admissível. Em nosso país, o Estado não é, na realidade, operário, e sim operário e camponês. Isto em primeiro lugar. E daí decorrem muitas coisas. (Bukhárin: Que Estado? Operário e Camponês?). E, embora o camarada Bukhárin grite lá de trás: “Que Estado? Operário e Camponês?”, não lhe responderei isto. Quem quiser, pode lembrar-se do Congresso dos Sovietes que acaba de se realizar e nele encontrará a resposta.

Porém há mais alguma coisa. No programa de nosso Partido — documento que o autor do "O ABC do Comunismo" conhece muito bem — já assinalamos que nosso Estado é operário com uma deformação burocrática. Tivemos que pendurar-lhe — como diria eu? — esta lamentável etiqueta, ou coisa parecida. É esta a realidade do período de transição. Pois bem, será que diante desse tipo de Estado, que praticamente se consolidou, nada têm os sindicatos a defender? Pode-se dispensá-los na defesa dos interesses materiais e espirituais do proletariado organizado em sua totalidade? Esta seria uma opinião completamente errada do ponto de vista teórico. Isto nos levaria às regiões da abstração ou de um ideai que alcançaremos no fim de quinze ou vinte anos, embora eu não esteja seguro de que o alcançaremos precisamente neste prazo. Temos diante de nós uma realidade que conhecemos bem, se não perdemos a cabeça, se não nos deixamos levar por especulações pretensamente intelectuais, ou por raciocínios abstratos, ou por alguma coisa que às vezes parece “teoria”, mas que na realidade é um erro, uma falsa apreciação das particularidades do período de transição. Nosso Estado de hoje é tal que o proletariado organizado em sua totalidade deve defender-se, e nós devemos utilizar estas organizações operárias para defender os operários em face de seu Estado e para que os operários defendam nosso Estado. Uma e outra defesa são realizadas através de uma combinação original de nossas medidas estatais e de nosso acordo e “entrelaçamento” com nossos sindicatos.

Desse entrelaçamento falarei mais adiante. Mas esta palavra já demonstra por si que inventar aqui um inimigo personificado pelo “trade-unionismo soviético” equivale a cometer um erro. Pois o conceito de “entrelaçamento” significa que há em presença coisas diferentes que ainda é preciso entrelaçar; o conceito de “entrelaçamento” subentende a necessidade de saber utilizar as medidas do poder estatal para defender diante deste poder estatal os interesses materiais e espirituais do proletariado organizado em sua totalidade. Porém, quando em lugar de entrelaçamento tenhamos articulação e fusão, então nos reuniremos num congresso em que faremos um exame positivo da experiência prática, e não de “divergências” de princípio ou de raciocínio teóricos abstratos. Também é infeliz a tentativa de descobrir divergências de princípios com o camarada Tomski e o camarada Lozovski, que são apresentados pelo camarada Trotski como “burocratas” sindicais (mais adiante direi em qual das partes em choque há tendências burocráticas). Sabemos muito bem que se o camarada Riazanov tem as vezes a pequena debilidade de inventar sem necessidade uma palavra de ordem, e quase uma palavra de ordem de princípio, o camarada Tomski não tem este defeito, apesar dos muitos de que padece. Por isso, parece-me que iniciar um combate com o camarada Tomski sobre os princípios (como faz o camarada Trotski) é passar do limite. Isto, na verdade, assombra-me. Houve um tempo em que todos nós demos muitos tropeções no que se refere às divergências fracionais, teóricas e de outros tipos (mas, é claro, também fizemos alguma coisa de útil), e parece que desde então superamos isso. Já é hora de passar da invenção e dos exageros sobre divergências de princípio para um trabalho prático. Nunca ouvi dizer que em Tomski predomine o teórico, que Tomski pretenda ostentar o título de teórico; talvez isso seja um defeito seu, isso já é outra questão. Mas Tomski, integrado como está com o movimento sindical, tem que refletir, consciente ou inconscientemente (isso já é outra questão, eu não digo que o faça sempre conscientemente), dada a sua situação, tem que refletir este complicado período de transição, e se quando alguma coisa dói nas massas e elas próprias não sabem o que lhes dói e ele também não o sabe (aplausos e risos), se então ele esbraveja, afirmo que isto é um mérito e não defeito. Estou absolutamente convencido de que podem ser encontrados em Tomski muitos erros teóricos parciais. É todos nós, se nos sentamos em torno de uma mesma mesa e escrevemos atentamente uma resolução ou umas teses, nelas introduziremos emendas, ou talvez não as introduzamos, pois o trabalho de produção é mais interessante do que a correção de divergências teóricas de pouca importância.

Passo agora à “democracia na produção”; isto, a bem dizer, é para Bukhárin. Sabemos muito bem que cada pessoa tem pequenas debilidades, até as grandes personalidades padecem de pequenas fraquezas, inclusive Bukhárin. Se surge uma expressão artificiosa, imediatamente Bukhárin se pronuncia a favor dela. No pleno do Comitê Central, reunido a 7 de setembro, Bukhárin escreveu quase com voluptuosidade uma resolução sobre a democracia na produção. E quanto mais penso nesta “democracia na produção”, mais claramente vejo-lhe a falsidade teórica, vejo que lhe faltou meditação. A única coisa que dela resultou foi a confusão. Diante disso, pelo menos em uma assembleia do Partido, é preciso dizer mais uma vez: “Camarada N. I. Bukhárin, menos floreios verbais: assim será melhor para você, para a teoria e para a República”. (Aplausos) A produção é sempre necessária. A democracia é uma das categorias exclusivamente da esfera política. Não se pode ser contra o emprego desta expressão em um discurso ou em um artigo. O artigo leva em conta e expressa com todo o destaque uma correlação, e isto basta. Mas quando se converte isto em tese, quando disto se deseja fazer uma palavra de ordem que agrupe “conformados” e divergentes, quando se diz, como faz Trotski, que o Partido deverá “escolher entre duas tendências”, isto já é completamente estranho. Referir-me-ei em especial a se o Partido deverá “escolher”, e de quem é a culpa de haver-se colocado o Partido na contingência de ter que “escolher”. De vez que a coisa já está formulada assim, devemos dizer: de qualquer modo, escolham menos palavras de ordem teoricamente falsas e que só causam confusão, como a da “democracia na produção”. Nem Trotski nem Bukhárin pensaram com a necessária clareza teórica sobre essa expressão, tanto um como o outro se confundiram. A “democracia na produção” sugere pensamentos que de nenhum modo se enquadram no âmbito de ideias que ambos possuíam. Eles queriam assinalar, fixar mais a atenção na produção, o que ficaria bem em um artigo ou discurso; mas quando o dito se converte em tese e quando o Partido deve escolher, eu afirmo: não escolham isto, porque é uma confusão. A produção é sempre necessária, a democracia nem sempre. A democracia na produção dá lugar a uma série de ideias radicalmente falsas. Recentemente a direção unipessoal era defendida. Não se pode fazer uma mistura, criando o perigo de confundir as pessoas: certas vezes, democracia, outras, direção unipessoal, e outras, ditadura. De nenhum modo é preciso renunciar à ditadura. Ouço que atrás de mim Bukhárin grita: “Completamente exato”. (Risos. Aplausos)

Prossigamos. Desde setembro falamos da passagem do sistema de trabalho de choque ao igualitarismo; falamos disto na resolução da conferência geral do Partido, aprovada pelo Comitê Central. A questão é árdua. De uma forma ou de outra é preciso combinar o igualitarismo e o sistema de trabalho de choque, mas estes dois conceitos se excluem mutuamente. No entanto, estudamos um pouco o marxismo, aprendemos como e quando se pode e se deve unir os contrários, e o que é principal: em nossa revolução, há três anos e meio, unimos os contrários praticamente e em muitas ocasiões.

É claro que é preciso abordar o problema com muita prudência e meditação. Porque já nos lamentáveis plenos do CC(3), nos quais se formaram o grupo de sete, o de oito e o famoso “grupo tampão” do camarada Bukhárin, falamos destas questões de princípios e determinamos que não é fácil passar do sistema de trabalho de choque ao igualitarismo. E para cumprir este acordo da Conferência de Setembro, devemos trabalhar um pouco, pois estes conceitos opostos podem ser unidos de maneira a resultar numa cacofonia ou de maneira a resultar numa sinfonia. O sistema de trabalho de choque equivale a dar preferência a uma produção, entre todas as necessárias, em virtude de sua maior urgência. Em que deve consistir a preferência? Que proporções deve alcançar? Esta é uma questão difícil, e devo dizer que para resolvê-la não basta a dedicação no cumprimento das tarefas, não basta o heroísmo pessoal de quem talvez reúna muitas qualidades excelentes, mas que valerá mais se ocupar o posto que deve ocupar; é preciso saber abordar um problema tão peculiar como este. Se se coloca a questão do sistema de trabalho de choque e do igualitarismo, a primeira coisa que deve ser feita é abordá-la com grande prudência, e isso é precisamente o que não se observa no trabalho do camarada Trotski; quanto mais reelabora suas teses iniciais, mais princípios falsos nelas existem. Eis o que lemos em uma de suas últimas teses:

“...Na esfera do consumo, isto é, das condições de existência pessoal dos trabalhadores, é preciso aplicar a linha do igualitarismo. Na esfera da produção, o princípio do sistema de trabalho de choque continuará sendo para nós ainda durante muito tempo o decisivo...” (teses 41, pág. 31 do folheto de Trotski).
Isto é uma completa confusão teórica. Isto é totalmente errado. O sistema de trabalho de choques implica numa preferência, mas a preferência sem consumo é uma enteléquia. Se há uma preferência em relação a mim e recebo um oitavo de libra de pão, não necessito dessa preferência para nada. A preferência no sistema do trabalho de choque é também preferência no consumo. Sem isto, o sistema de trabalho de choque é um sonho, uma fantasia, mas nós somos materialistas. E os operários são materialistas; se se fala do sistema de trabalho de choque, é preciso dar pão, roupa e carne. Só assim compreendíamos e continuamos compreendendo estes problemas ao discuti-los centenas de vezes, por motivos concretos, no Conselho de Defesa(4), quando um dirigente quer receber mais dizendo: “Minha fábrica é de choque”, e outro replica: “Dê-me mais, porque do contrário os operários de choque de tua fábrica não resistirão e o teu trabalho fracassará”.

Assim, pois, em relação com o igualitarismo e o sistema de trabalho de choque, a questão está colocada na tese de modo radicalmente falso. Além disso, redunda num retrocesso em relação ao que já foi praticamente comprovado e alcançado. Isso não é admissível, e indo por esse caminho não se pode conseguir nada de bom.

Outra questão: a do “entrelaçamento”. O mais certo, nestes momentos, seria não falar de “entrelaçamento”. A palavra é de prata, e o silêncio é de ouro. Por quê? Porque praticamente já nos ocupamos do entrelaçamento; não existe nem um Conselho Econômico provincial de importância, nem uma grande seção do Conselho Superior de Economia Nacional, do Comissariado do Povo de Vias de Comunicação, etc, em que não se tenha realizado praticamente o entrelaçamento. Mas os resultados são bons de todo? Aí, precisamente, está a dificuldade. Estudem a experiência prática de como se efetuou o entrelaçamento e o que se conseguiu com isso. São tantos os decretos em virtude dos quais se aplicou o entrelaçamento, em uma ou outra instituição, que não é possível enumerá-los. Mas ainda não soubemos estudar de modo prático o que resultou disto: o que deu o entrelaçamento em tal ou qual ramo da indústria, quando um membro qualquer de um sindicato provincial passou a ocupar um determinado posto no Conselho Econômico provincial; a que isto conduziu, quantos meses durou este entrelaçamento, etc. Ainda não soubemos estudar com um critério positivo nossa própria experiência prática. Soubemos inventar uma divergência de princípio sobre o entrelaçamento e, além disso, soubemos cometer um erro — nisso somos mestres —, mas não somos capazes de estudar nossa experiência e comprová-la. Pois bem, quando realizarmos congressos dos sovietes, em que, além de seções para o estudo das zonas agrícolas, do ponto de vista de uma ou outra aplicação da lei de melhoria da agricultura, haja seções para o estudo do entrelaçamento, para o estudo dos resultados do entrelaçamento na indústria moageira da província de Sarátov, ou da metalúrgica em Petrogrado, ou da indústria carvoeira no Donbass, etc; quando estas seções, depois de reunir grande quantidade de materiais, declararem: “estudamos isto e outras coisas mais”, então direi: “Sim, começamos a fazer alguma coisa de prático, saímos da infância!” Mas, que haverá de mais lamentável e errado, se depois de estar três anos aplicando o entrelaçamento, apresentam-nos umas “teses” em que se inventam divergências de princípio sobre o assunto? Empreendemos o caminho do entrelaçamento e não duvido que o empreendemos com acerto, mas ainda não estudamos devidamente os resultados de nossa experiência. Por isso, a única tática inteligente sobre o problema do entrelaçamento é a de ficar calado.

É preciso estudar a experiência prática. Assinei decretos e dispositivos onde estão contidas indicações sobre entrelaçamentos práticos, e a prática é cem vezes mais importante do que qualquer teoria. Por isso, quando se diz: “Vamos falar de “entrelaçamento” respondo: “Vamos estudar o que fizemos”. Não há dúvida de que cometemos muitos erros. Também é possível que grande parte de nossos decretos deva ser modificada. Concordo com isto, e não sinto a menor predileção pelos decretos. Mas então apresentem propostas práticas: é preciso refazer uma ou outra coisa. Isto será uma formulação positiva da questão. Isto não será um trabalho improdutivo. Isto não levará a cair na mania burocrática de fazer projetos. Quando vejo no folheto de Trotski o capítulo VI: “Conclusões práticas”, estas conclusões práticas padecem precisamente do referido defeito. Pois nelas afirma-se que devem fazer parte do Conselho Central dos Sindicatos da Rússia e do Presidium do Conselho Superior de Economia Nacional de um terço à metade dos membros que integram ambas as instituições e nas juntas assessoras da metade a dois terços, etc. Por quê? Simplesmente, “de oitiva”. É natural que, frequentemente, se façam precisamente em nossos decretos semelhantes correções “de oitiva”. Mas porque é inevitável que se faça isto nos decretos? Não sou defensor de todos os decretos e não pretendo torná-los melhores do que são na realidade. Há neles, a cada passo, grandezas convencionais tais como metade, um terço dos membros que integram uma e outra instituição, etc, grandezas calculadas a olho. Quando num decreto se diz uma tal coisa, isso significa: experimentai fazê-lo assim, pois balancearemos imediatamente os resultados de vossa “experiência”. Logo esclareceremos o resultado obtido. Quando tenhamos o resultado esclarecido, poderemos progredir. Estamos aplicando o entrelaçamento e o aplicaremos cada vez melhor, pois somos cada vez mais práticos e experientes.

Mas, pelo visto, comecei a enrascar-me na “propaganda dentro da esfera da produção”. É inevitável. Falando do papel dos sindicatos na produção, é preciso tocar necessariamente neste problema.

Passo ao ponto da propaganda, no terreno da produção. É também uma questão prática, que colocamos com um critério prático. Existem instituições estatais para a propaganda no terreno da produção, que já foram criadas(5). Se são boas ou más, não sei, é preciso comprová-las; e de modo algum é necessário escrever “teses” sobre esta questão.

Falando conjuntamente do papel dos sindicatos na produção, no que se refere à democracia nada mais é necessário além do democratismo comum. Artifícios como o da “democracia na produção” são falsos, e nada de útil surgirá deles. Isto em primeiro lugar. Em segundo, a propaganda no terreno da produção. As instituições já estão criadas. As teses de Trotski falam da propaganda na esfera da produção. Falam em vão, porque as “teses” sobre isto já são uma coisa antiquada. Se a instituição é boa ou má, ainda não o sabemos. Experimentaremos na prática e então falaremos. Vamos estudá-la e pedir pareceres. Suponhamos que se formam no Congresso dez seções compostas de dez membros cada uma: “Tu te ocupaste da propaganda na esfera da produção? Como? Quais os resultados?” Depois de estudar isto, recompensaremos aqueles que alcançaram êxitos e desprezaremos a experiência negativa. Já contamos com uma experiência prática, escassa, pequena, mas temo-la, e, apesar dela, querem fazer-nos voltar atrás, às “teses de princípio”. Mais que “trade-unionismo”, isto é um movimento “reacionário”.

Em terceiro lugar, o sistema de prêmios. Esses são o papel e a tarefa dos sindicatos na produção: a concessão de prêmios em espécie. A coisa começou. A coisa está em marcha. Para isto foram destinados quinhentos mil puds de trigo e já foram distribuídos cento e setenta mil. Não sei se foram bem distribuídos, com justeza. No Conselho de Comissários do Povo informou-se: não se faz bem a distribuição, e em lugar de prêmios verifica-se um aumento do salário; isto foi assinalado tanto pelos dirigentes sindicais, como pelos dirigentes do Comissariado do Povo do Trabalho. Designamos uma comissão para estudar o assunto, mas ela ainda não o fez. Foram distribuídos cento e setenta mil puds de trigo, mas é preciso fazê-lo de maneira que se recompense quem revelou heroísmo, eficiência, talento e grande preocupação como dirigente na esfera da economia, numa palavra, quem haja revelado as qualidades que Trotski louva. Mas trata-se agora não de entoar loas nas teses, mas de dar pão e carne. Não será melhor que, por exemplo, não se entregue a carne a uma determinada categoria de operários e se a distribua em forma de prêmios a outros, aos operários “de choque”? Não desprezamos este sistema de trabalho de choque. Precisamos dele. Estudaremos seriamente a experiência prática de nossa aplicação desse sistema.

Em quarto lugar, os tribunais disciplinadores. O papel dos sindicatos na produção, a “democracia na produção” — diremos ao camarada Bukhárin sem espírito de censurá-lo —, são puras bagatelas se não existem tribunais disciplinadores. Mas em vossas teses isto não é visto. Assim, pois, no terreno dos princípios, no terreno teórico e no terreno prático, surge uma só conclusão a propósito das teses de Trotski e da posição de Bukhárin: é uma pena!

Chego ainda mais a esta conclusão quando considero que não colocais a questão de modo marxista. Não é somente o fato de que nas teses haja uma série de erros teóricos. A análise do “papel e das tarefas dos sindicatos” não é marxista porque não se pode abordar um tema tão vasto sem meditar nas particularidades do momento atual em seu aspecto político. Pois não foi em vão que escrevemos, juntamente com o camarada Bukhárin, na resolução do IX Congresso do PC da Rússia sobre os sindicatos, que a política é a expressão mais concentrada da economia.

Analisando o atual momento político, poderíamos dizer que atravessamos um período de transição dentro do período de transição. Toda a ditadura do proletariado é um período de transição, mas agora, temos, como se diz, toda uma série de novos períodos transitórios. Desmobilização do exército, término da guerra, possibilidade de uma trégua pacífica muito mais prolongada do que antes, possibilidade de passar mais firmemente da frente da guerra para a frente do trabalho. Só por isto, somente por isto, muda a atitude da classe proletária em face da classe camponesa. Como muda? Isto é preciso ser examinado com a maior atenção, coisa que não fazeis em vossas teses. E enquanto não o examinarmos assim, é preciso saber esperar. O povo está mais que cansado, toda uma série de reservas que deveriam ser consumidas por algumas indústrias de choque já estão esgotadas, modifica-se a atitude do proletariado em relação aos camponeses. O cansaço da guerra é imenso, as necessidades aumentaram, mas a produção não foi incrementada, ou foi incrementada de maneira insuficiente. Por outro lado, eu indicava, em meu informe ao VIII Congresso dos Sovietes, que aplicamos com acerto e resultado a coerção, quando soubemos baseá-la, antes de tudo, em um trabalho de persuasão. Devo dizer que Trotski e Bukhárin não levaram absolutamente em conta esta importantíssima consideração.

Soubemos colocar todas as novas tarefas da produção sobre uma base devidamente ampla e sólida de trabalho de persuasão? Não, apenas começamos a fazê-lo. Ainda não soubemos atrair as massas. Mas podem as massas passar imediatamente a cumprir estas novas tarefas? Não podem, porque a questão, suponhamos, de que se é preciso acabar com o latifundiário Wrangel e de que para isto é necessário sacrifícios, uma tal questão não requer uma propaganda especial; mas quanto à questão do papel dos sindicatos na produção — se se considera não o problema “de princípio”, não as divagações sobre o “trade-unionismo soviético” e outras ninharias, mas o aspecto prático do problema —, não fomos além de começar a elaborá-la, nada mais fizemos do que criar a instituição para realizar a propaganda na esfera da produção; ainda não temos experiência. Estabelecemos os prêmios em espécie, mas ainda necessitamos de experiência. Criamos os tribunais disciplinadores, mas ainda desconhecemos os seus resultados. E do ponto de vista político, o mais importante é, certamente, a preparação das massas. A questão, sob este ponto de vista, já foi estudada, meditada, balanceada? Absolutamente. E nisto está o erro político radical, profundíssimo e perigoso, porque nesta questão, mais que em qualquer outra, é preciso atuar segundo a regra que diz: “medir sete vezes antes de cortar”; mas puseram-se a cortar sem haver medido uma só vez. Dizem que “o Partido deve escolher entre duas tendências”, mas não mediram ainda uma só vez e passaram a inventar a falsa palavra de ordem da “democracia na produção”.

É preciso compreender o significado desta palavra de ordem sobretudo num momento político em que o burocratismo aparece diante das massas com toda a clareza e quando colocamos na ordem-do-dia a questão relacionada com isto. O camarada Trotski diz nas teses que, quanto à questão da democracia operária, ao Congresso “não lhe resta mais do que registrar o seu parecer unânime”. Isto é falso. Não basta registrar; registrar significa sancionar o que foi bem balanceado e medido, enquanto que a questão da democracia na produção ainda está muito longe de haver sido balanceada a fundo, não está experimentada, não está comprovada. Pensai na interpretação que as massas podem dar, quando se proclama a palavra de ordem da “democracia na produção”.

“Nós, homens médios, homens da massa, dizemos que é preciso renovar, que é preciso corrigir, que é preciso derrubar os burocratas, e tu tratas de desorientar-nos dizendo que nos dediquemos à produção, que destaquemos a democracia nos êxitos da produção; mas eu não quero trabalhar com este pessoal burocrático das administrações, das direções gerais, etc, mas com outro pessoal.” Não deixastes que as massas falassem, assimilassem e pensassem, não deixastes que o Partido adquirisse nova experiência, e já sentis pressa, exagerais o tom e criais fórmulas que são falsas do ponto de vista teórico. E como não serão acentuados estes erros pelos executores excessivamente zelosos! Um dirigente político não responde apenas pelo modo como dirige, mas também por aquilo que fazem os dirigidos por ele. Isto, às vezes, ele não o sabe, e frequentemente não o quer saber, mas a responsabilidade recai sobre ele.

Passo agora a tratar dos plenos do Comitê Central, de novembro (dia 9) e dezembro (dia 7), que expressaram todos estes erros não como postulados lógicos, como premissas, como raciocínios teóricos, mas na ação. No Comitê Central fez-se uma mistura e uma confusão; era a primeira vez que tal coisa ocorria na história de nosso Partido, durante a revolução, e isto era preciso. A questão reside em que se deu uma divisão, surgiu o grupo “tampão” de Bukhárin, Preobrajenski e Serebriakov, o grupo que mais prejuízo causou e que mais embrulhou as coisas.

Recordai a história da Seção Política Geral do Comissariado do Povo das Vias de Comunicação(6) e a do Comitê Central do Sindicato do Transporte(7). Na resolução do I Congresso do PC de Toda a Rússia, em abril de 1920, dizia-se que a Seção Política Geral do Comissariado do Povo de Vias de Comunicação era criada na qualidade de instituição “temporária”, e que “no prazo mais curto possível era necessário passar à normalização da situação. Em setembro, lia-se: “Passemos a uma situação normal”(8). Em novembro (dia 9) o pleno se reuniu e Trotski apresentou suas teses, suas divagações sobre o trade-unionismo. Por mais excelentes que fossem algumas de suas frases com respeito à propaganda na esfera da produção, era preciso dizer que tudo aquilo não vinha ao acaso, não tinha sentido prático, constituía um passo atrás e não era possível nos ocuparmos disso no Comitê Central do Partido. Bukhárin disse: “Isto está muito bem”. Pode ser que estivesse muito bem, mas isso não era uma resposta. Depois de acalorados debates foi aprovada uma resolução por dez votos contra quatro, em que se dizia, em forma correta e cordial, que o próprio Comitê Central do Sindicato do Transporte “já havia colocado na ordem-do-dia” a necessidade de “reforçar e desenvolver os métodos da democracia proletária dentro do sindicato”. Dizia-se que o Comitê Central do Sindicato de Transporte devia “tomar parte ativa no trabalho geral do Conselho Central dos Sindicatos da Rússia, fazendo parte dele com os mesmos direitos que os demais sindicatos”.

Qual era a ideia fundamental desta resolução do CC? É clara:

“Camaradas do Comitê Central do Sindicato do Transporte: cumpri os acordos do Congresso e do CC do Partido não de um modo formal, mas concretamente, para ajudar com vosso trabalho todos os sindicatos, para que não fique nem o rastro do burocratismo, de preferência, de vaidades, como a manifestada pelos que dizem: Somos melhores que vós, temos mais que vós, recebemos mais ajuda”.

Depois disto passamos ao trabalho prático. Quando já estava constituída a comissão e se publicara a lista de seus componentes, Trotski retirou-se dela, impediu o seu funcionamento, não quis colaborar com ela. Por quê? Só havia uma razão: Lutovinov só costuma jogar na oposição. É certo. E Osinski também. Isto é um jogo desagradável, digo conscientemente. Mas isto, por acaso, era um motivo? Osinski organizou perfeitamente a campanha de sementes. Era preciso trabalhar com ele, apesar de sua “campanha oposicionista”, e um comportamento como esse, de fazer fracassar a comissão, é burocrático, não soviético, não socialista, desatinado e politicamente funesto. No momento em que é necessário estabelecer um limite claro entre os elementos sãos e os elementos nocivos da “oposição”, esse comportamento é três vezes desatinado e politicamente funesto. Quando Osinski desencadeia a “campanha oposicionista”, digo-lhe: “é uma campanha funesta”; mas quando desenvolve a campanha de sementes, é preciso felicitá-lo. Nunca negarei que Lutovinov comete um erro com sua “campanha oposicionista”, da mesma maneira que Ischenko e Shliapnikov, mas isto não é motivo para fazer a comissão fracassar.

Qual o significado exato desta comissão? Significava a passagem das divagações com pretensões intelectuais sobre divergências sem substância para um trabalho prático. Propaganda na esfera da produção, prêmios, tribunais disciplinadores: disso é que se devia falar, nisso tinha que trabalhar a comissão. Mas foi então que o camarada Bukhárin, chefe do “grupo tampão, com Preobrajenski e Serebriakov, vendo a perigosa divisão surgida no CC do Partido, pôs-se a criar um tampão, um tal tampão que não encontro um termo parlamentar para qualificá-lo. Se eu soubesse fazer caricaturas como o camarada Bukhárin, mostraria o camarada Bukhárin com um balde de petróleo, jogando o líquido no fogo, e poria esta legenda: “O petróleo do tampão”. O camarada Bukhárin quis criar alguma coisa; não há dúvida de que o seu desejo era o mais sincero e “tamponador” possível. Mas não redundou em um tampão, redundou em que não levou em conta o momento político, e, por conseguinte, incorreu em erros teóricos.

Havia necessidade de levar todos esses debates a uma ampla discussão, de ocupar-se de semelhante ninharia e desperdiçar semanas tão preciosas para nós nas vésperas do Congresso do Partido? Durante esse tempo poderíamos ter elaborado e estudado a questão dos prêmios, dos tribunais disciplinadores e do entrelaçamento. Teríamos resolvido estas questões com um sentido prático na comissão do CC do Partido. Se o camarada Bukhárin queria criar um tampão e não desejava encontrar-se na situação da pessoa que se enganou de porta, teria que haver dito e insistido que o camarada Trotski não abandonasse a comissão. Se houvesse dito e feito isto, teríamos empreendido um caminho positivo e haveríamos esclarecido, nesta comissão, como deve ser na realidade a direção unipessoal, como deve ser a democracia, quais são os que devem ser designados para os cargos, etc.

Prossigamos. Em dezembro (Pleno do dia 7) deu-se o choque com os dirigentes do transporte fluvial e marítimo, que veio agravar o conflito, e como resultado disso no Comitê Central do Partido reuniram-se oito votos contra os nossos sete. O camarada Bukhárin escreveu apressadamente a parte “teórica” da resolução do pleno de dezembro, tratando de “apaziguar” e de fazer funcionar o “tampão”, mas é claro que depois do fracasso da comissão não podia resultar disso nada de proveitoso.

É preciso recordar que um dirigente político não responde apenas por sua política, mas também pelo que fazem os que são dirigidos por ele.

Muito bem, em que consistiu o erro da Seção Política Geral do Comissariado do Povo de Vias de Comunicação e do Comitê Central do Sindicato dos Transportes? Não consistiu absolutamente em haver aplicado a coerção; ao contrário, nisto reside o seu mérito. Seu erro foi não saber passar, em tempo e sem conflitos, segundo exigia o IX Congresso do PCR, para um trabalho sindical normal, foi não saber adaptar-se, como devia, aos sindicatos, foi não saber ajudá-los, estabelecendo com eles relações em pé de igualdade. Há uma valiosa experiência dos tempos da guerra civil: heroísmo, grande zelo no cumprimento das tarefas, etc. É um aspecto negativo na experiência dos piores elementos dessa mesma época de guerra: o burocratismo, a vaidade. As teses de Trotski, apesar de sua consciência e de sua vontade, não defendem o melhor aspecto da experiência dos tempos de guerra, mas seu aspecto mais negativo. É preciso relembrar que um dirigente político não responde apenas por sua política, como também por aquilo que os seus dirigidos façam.

A última coisa que queria dizer-lhe, e de que ontem tive que me criticar, é que passei por alto nas teses do camarada Rudzutak. Rudzutak tem o defeito de não saber falar alto, de maneira persuasiva e com beleza. É fácil não prestar atenção, não se inteirar do que ele diz. Ontem, ao não poder assistir à reunião, repassei meus papéis e encontrei entre eles uma folha editada a propósito da V Conferência de Sindicatos de Toda a Rússia, reunida de 2 a 6 de novembro de 1920. Esta folha tem como título: As Tarefas dos Sindicatos na Produção. Vou lê-las, o texto não é muito grande:


                                       À V Conferência de Sindicatos de Toda a Rússia

As tarefas dos sindicatos na produção
Teses do informe do camarada Rudzutak

Imediatamente após a Revolução de Outubro, os sindicatos tornaram-se quase os únicos organismos que, ao lado da aplicação do controle operário, podiam e deviam assumir a tarefa de organizar e dirigir a produção. No primeiro período do poder soviético, o aparelho estatal de direção da economia nacional ainda não estava organizado, e a sabotagem dos donos das empresas e do pessoal técnico superior colocou com premência, ante a classe operária, as tarefas de manter a indústria e de restabelecer o funcionamento normal de todo o aparelho econômico do país.

No período seguinte de trabalho do Conselho Superior de Economia Nacional, quando uma parte considerável deste trabalho se reduzia à liquidação das empresas privadas e à organização da direção destas pelo Estado, os sindicatos realizaram este trabalho junto e conjuntamente com os organismos estatais de direção econômica.
A debilidade dos organismos estatais não só explicava, mas, além disso, justificava semelhante paralelismo; historicamente, esse paralelismo estava justificado por haver-se estabelecido um completo contacto entre os sindicatos e os organismos de direção econômica.

A direção dos organismos econômicos do Estado e a dominação gradual por estes do aparelho da produção, direção e coordenação das diferentes partes deste aparelho, tudo isso fez com que passasse para os referidos organismos o centro de gravidade do trabalho de direção da indústria e de elaboração do programa de produção. Em virtude disso, o trabalho dos sindicatos na esfera da organização da produção se reduziu à participação na formação de juntas assessoras das direções gerais, departamentos centrais e administrações das fábricas.

Atualmente, voltamos novamente a abordar de cheio a questão relativa ao estabelecimento da mais estreita ligação entre os organismos econômicos da República soviética e os sindicatos, quando é necessário a todo custo utilizar racionalmente cada unidade de trabalho e incorporar todos os trabalhadores a uma participação consciente no processo de produção; quando o aparelho estatal da direção econômica, ao crescer e complicar-se paulatinamente, converteu-se em uma máquina burocrática desproporcional, enorme em comparação com a própria produção, e quando impulsiona inevitavelmente os sindicatos a tomarem parte direta na organização da produção, não só através da representação pessoal nos organismos econômicos, senão como tal organização em seu conjunto.

Se o Conselho Superior de Economia Nacional focaliza a fixação do programa geral de produção partindo dos elementos materiais de produção existentes (matéria-prima, combustível, estado da maquinaria, etc), os sindicatos devem encarar este problema do ponto de vista da organização do trabalho com vistas às tarefas de produção e à utilização racional deste. Por isso, o programa geral de produção, por partes e em seu conjunto, deve ser traçado com a participação clara dos sindicatos a fim de combinar do modo mais conveniente o aproveitamento dos recursos materiais da produção e do trabalho.

A implantação de uma efetiva disciplina de trabalho e a luta eficaz contra os casos de deserção do trabalho, etc, só são concebíveis com a participação consciente de todos os produtores no cumprimento das tarefas. Os métodos burocráticos e as ordens de cima não conseguem isto, ou melhor, é necessário que cada trabalhador compreenda a necessidade e a conveniência das tarefas a serem cumpridas na produção; é necessário que cada produtor não somente participe no cumprimento das tarefas indicadas de cima, mas que tome parte, conscientemente, na correção de todas as deficiências técnicas e de organização, na esfera da produção.

As tarefas dos sindicatos nesse terreno são enormes. Eles devem ensinar os seus membros, em cada oficina e em cada fábrica, a descobrir e levar em conta todos os defeitos no aproveitamento da mão-de-obra, derivados de uma utilização desacertada dos meios técnicos ou de um trabalho administrativo deficiente. A soma da experiência das diferentes empresas e da produção deve ser utilizada para uma luta decidida contra a papelada, a negligência e o burocratismo.

Para assinalar, especialmente, a importância destas tarefas de produção, do ponto de vista da organização, devem os sindicatos ocupar um posto determinado no trabalho corrente. As seções econômicas, que em virtude de um acordo do III Congresso de Toda a Rússia estão sendo organizadas anexas aos sindicatos, ao desenvolver o seu trabalho devem deixar claro e determinar paulatinamente o caráter de todo o trabalho sindical. Assim, por exemplo, nas atuais condições sociais, quando toda a produção encaminha-se para satisfazer as necessidades dos próprios trabalhadores, as quotas de salários e os prêmios devem manter a mais estreita conexão e dependência com o grau do cumprimento do plano de produção. O sistema de prêmios em espécie e o pagamento de uma parte do salário em espécie devem converter-se gradualmente em um sistema de abastecimento dos operários em função do nível alcançado pela produtividade do trabalho.

Esta forma de encarar o trabalho dos sindicatos, deve, de um lado, pôr fim à existência de organismos paralelos (seções políticas, etc) e, de outro, restabelecer a estreita conexão das massas com os organismos de direção econômica.

Depois do II Congresso, os sindicatos não conseguiram aplicar em grau considerável o seu programa no que se refere à sua participação na edificação da economia nacional, devido, de um lado, às condições próprias do tempo de guerra, e, de outro, em consequência de sua debilidade orgânica e por estarem desligados do trabalho dirigente e prático dos organismos econômicos.

Por isso, os sindicatos devem propor as seguintes tarefas práticas imediatas: a) participação mais ativa na solução dos problemas da produção e da direção; b) participação direta, conjuntamente com os correspondentes organismos econômicos, na constituição de organismos competentes de direção; c) estudo minucioso e influência dos diferentes tipos de direção na produção; d) participação obrigatória na elaboração e no estabelecimento dos planos econômicos e dos programas de produção; e) organização do trabalho em relação com o grau de urgência das tarefas econômicas; f) desenvolvimento de uma ampla organização da agitação e propaganda na esfera da produção.

É necessário que as seções econômicas anexas aos sindicatos e às organizações sindicais se convertam efetivamente em poderosos meios que atuem com rapidez para assegurar a participação sistemática dos sindicatos na organização da produção.

Com o objetivo de regulamentar o abastecimento material dos operários, é necessário que os sindicatos transfiram sua influência para os organismos de distribuição do Comissariado do Povo de Abastecimento, tanto locais como central, tornando efetivos a participação prática e eficiente e o controle em todos os organismos de distribuição, dando especial atenção à atividade das comissões de abastecimento operário centrais e provinciais.

Uma vez que o chamado "sistema de trabalho de choque”, devido à compreensão estreita por parte das diferentes direções gerais, departamentos centrais, etc, já adquiriram o mais desordenado caráter, é preciso que os sindicatos se mobilizem em toda parte em defesa da aplicação efetiva do referido sistema de trabalho na economia e da revisão do sistema vigente de determinação do trabalho de choque em relação com a importância da respectiva produção, tendo em conta os recursos materiais existentes no país.´

É necessário concentrar, especialmente, a atenção no chamado grupo-modelo de empresas, fazendo com que sejam verdadeiramente modelo mediante a criação de uma direção competente, a observação da disciplina de trabalho e o trabalho de organização sindical.

Em virtude da organização do trabalho, além de estabelecer um sistema regular de tarifas de salários e de revisar em todos os aspectos as normas de rendimento, é preciso que os sindicatos tomem firmemente em suas mãos a luta contra os diferentes casos de deserção do trabalho (ausência injustificada ao trabalho, falta de pontualidade, etc). Os tribunais disciplinadores, aos quais até agora não se dedicou a devida atenção, devem ser transformados em um meio eficaz de luta contra a infração da disciplina proletária no trabalho.

O cumprimento das tarefas enumeradas, bem como a elaboração de um plano prático de propaganda na esfera da produção e de diversas medidas para melhorar a situação econômica dos operários, devem recair sobre as seções econômicas. Por isso, é necessário recomendar à seção econômica do Conselho Central dos Sindicatos da Rússia que convoque com brevidade uma conferência de seções econômicas de toda a Rússia para examinar as questões práticas da edificação econômica em conexão com o trabalho dos organismos econômicos do Estado.

Espero que agora compreendereis por que tive de censurar-me. Isto, sim, é uma plataforma, cem vezes melhor do que o que escreveu o camarada Trotski, depois de haver pensado muito, e do que o que escreveu o camarada Bukhárin (resolução do pleno de 7 de dezembro), sem haver pensado nada. Todos nós, membros do Comitê Central, que não trabalhamos durante muitos anos no movimento sindical, teríamos que aprender com o camarada Rudzutak, e o camarada Trotski e o camarada Bukhárin também teriam que aprender com ele. Os sindicatos adotaram esta plataforma.

Todos nós esquecemos os tribunais disciplinadores, mas “a democracia na produção” sem prêmios em espécie e sem tribunais disciplinadores é puro palavrório.

Comparo as teses de Rudzutak com as teses que Trotski apresentou no Comitê Central. No final da quinta tese, leio:

“...é necessário levar a cabo agora mesmo a reorganização dos sindicatos, isto é, sobretudo a seleção do pessoal dirigente, partindo precisamente deste ponto de vista...”
Isso é verdadeiramente burocracia! Trotski e Krestinski selecionando o “pessoal dirigente” dos sindicatos!

Aí tendes, mais uma vez, a explicação do erro do Comitê Central do Sindicato do Transporte. Mas seu erro não consiste em haver aplicado a coerção; nisto consiste o seu mérito. O erro consiste em não haver sabido abordar as tarefas gerais de todos os sindicatos, em não haver o próprio Comitê Central do Sindicato do Transporte sabido passar, e ajudar todos os sindicatos a passarem a uma aplicação mais acertada, rápida e eficaz dos tribunais disciplinadores de honra. Quando li o que se diz dos tribunais disciplinadores nas teses do camarada Rudzutak, pensei: certamente há um decreto sobre isto. E, efetivamente, há um decreto. A “Disposição sobre os tribunais disciplinadores operários de honra” foi ditada a 14 de novembro de 1919 (Código de leis, n.° 537).

Nestes tribunais corresponde aos sindicatos um papel da maior importância. Eu não sei se estes tribunais são bons, nem se o seu funcionamento é eficaz, nem se atuam em todos os casos. Se estudássemos nossa própria experiência prática, seria um milhão de vezes mais útil do que tudo aquilo que os camaradas Trotski e Bukhárin escreveram.

Termino. Resumindo, devo dizer que levar estas divergências a uma ampla discussão no Partido e ao congresso do Partido é um erro tremendo. É um erro do ponto de vista político. Na comissão, e somente na comissão, haveríamos procedido a um exame prático e dado passos adiante, mas agora marchamos para trás, e durante várias semanas marcharemos para trás, para teses teóricas abstratas, em lugar de abordar a tarefa com um critério realista. No que toca a mim, isto me repugna ao máximo e de boa vontade afastar-me-ia independentemente de meu estado de saúde; estou disposto a retirar-me para qualquer parte.

Conclusões: nas teses de Trotski e Bukhárin há toda uma série de erros teóricos. Uma série de inexatidões de princípio. Politicamente, toda a análise da questão equivale a uma absoluta falta de tato. As “teses” do camarada Trotski são uma coisa nefasta no sentido político. Sua política, em suma, é uma política de limitação burocrática dos sindicatos. Estou seguro de que o congresso de nosso Partido condenará e rechaçará esta política (calorosos e prolongados aplausos).

Notas:
(1)O discurso Sobre os Sindicatos, no Momento Atual e os Erros de Trotski foi a primeira intervenção de Lênin diante do ativo do Partido na discussão relativa ao papel e às tarefas dos sindicatos. Trotski foi o promotor da discussão e da luta contra Lênin e contra o Partido. Depois de Trotski, intervieram também outros grupos anti-Partido. Na discussão sobre os sindicatos, os trotskistas e todos os demais oposicionistas foram derrotados. As organizações do Partido cerraram fileiras em torno de Lênin e se solidarizaram com a plataforma leninista. (retornar ao texto)

(2) Smolni: edifício do antigo Instituto do mesmo nome em Petrogrado, residência do governo soviético antes de sua transferência para Moscou, em março de 1918. (retornar ao texto)

(3) Refere-se aos plenos do CC de novembro e dezembro de 1920. Vejam-se os textos de suas resoluções nos números 255 e 281 de Pravda, de 13 de novembro e 14 de dezembro, e a informação do n.° 26 de Izvestia do CC do PCR, de 20 de dezembro do mesmo ano. (retornar ao texto)

(4) O Conselho de Defesa foi criado pelo Comitê Executivo Central de Toda a Rússia a 30 de novembro de 1918, para dirigir todo o trabalho de defesa na frente e na retaguarda. Lênin foi designado presidente. Liquidadas as frentes principais, o Conselho de Defesa foi transformado em abril de 1920 em Conselho de Trabalho e da Defesa. Depois de terminada a guerra civil, por aprovação do VIII Congresso dos Sovietes de Toda a Rússia (1920), o Conselho de Trabalho e de Defesa passou a funcionar como uma comissão do Conselho de Comissários do Povo e perdurou até fins de 1936. (retornar ao texto)

(5) Refere-se ao birô de toda a Rússia para a propaganda na esfera da produção, anexo ao Conselho Central dos Sindicatos da Rússia. (retornar ao texto)

(6) A Seção Política Geral do Comissariado do Povo das Vias de Comunicação foi instituída em fevereiro de 1919, por decisão do Comitê Executivo Central de Toda a Rússia, e reorganizada em janeiro de 1920, como Direção Política Central do referido Comissariado, na qualidade de organismo temporário para a direção do trabalho do Partido e político entre os operários e empregados em transporte. Em dezembro de 1920, foi dissolvida por decisão do CC do PC(b) da Rússia. (retornar ao texto)

(7) O Comitê Central do Sindicato Unificado de Trabalhadores do Transporte Ferroviário, Fluvial e Marítimo foi criado em setembro de 1920. Os trotskistas, que nos fins de 1920 e começos de 1921 figuravam na direção deste Comitê, atuaram nos sindicatos com métodos coercitivos e autoritários, lançando os operários sem partido contra o Partido, e desencadearam um trabalho divisionista entre a classe operária. A atuação dos trotskistas foi desmascarada e condenada pelo Comitê Central do Partido. O I Congresso de Operários do Transporte de Toda a Rússia, reunido em março de 1921, expulsou os trotskistas da direção do Comitê Central do referido sindicato unificado. (retornar ao texto)

(8) Veja-se Izvestia do CC do PCR, n.° 26, pág. 2, resolução do pleno de setembro do CC, ponto 3: “O CC é de opinião que atualmente melhorou consideravelmente a grave situação dos sindicatos do transporte que motivou a criação da Seção Política Geral do Comissariado do Povo de Vias de Comunicação e da Direção Política Geral do Transporte Pluvial e Marítimo(9), recursos temporários para garantir a boa marcha do trabalho. Por isso, agora se pode e se deve iniciar o trabalho tendente a incluir estas organizações no sindicato como organismos ajustados ao aparelho sindical e fundidos com ele”. (retornar ao texto)


(9) A Direção Política Geral do Transporte Fluvial e Marítimo, anexa ao Comissariado do Povo de Vias de Comunicação, foi constituída em abril de 1920 como organismo dependente da Seção Política Geral deste Comissariado e dissolvida em dezembro de 1920. (retornar ao texto)


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