Toda a gente fala da necessidade de fazer a “reforma da floresta”, mas na verdade ninguém a quer fazer.
Cada medida apresentada pelo governo é de imediato alvo de um coro de críticas de um sector que se sente lesado. Sejam os bombeiros, os pequenos proprietários, os agricultores, as empresas agricolas, florestais, industriais ou de combate aos fogos, há sempre quem ataque as medidas do governo , porque colide com os seus interesses.
Em entrevista ao “Público”, o presidente da CAP foi bem claro. Reformas? Sim…desde que o governo pague bem.
Apesar de se chocante, confesso a minha admiração pela frontalidade e clareza do presidente da CAP. Sem tibiezas, numa entrevista de várias páginas, em que faz diversas críticas às medidas propostas pelo governo, Eduardo Oliveira e Sousa diz ao que vem numa pequena frase:
“ Isto ( a reforma florestal) passa sempre por dinheiro e sou o primeiro a reconhecer que o dinheiro é um problema complicado. O instrumento mais fácil que o governo às vezes usa é (recorrer a) benefícios fiscais. Se uma pessoa lhe disser que lhe vai diminuir o seu imposto se fizer uma determinada acção na sua propriedade, mas já não pagar imposto- porque aquilo não lhe dá nada- o que é que lhe interessa dizer que vai pagar menos imposto? Mas se lhe disserem que se fizer uma acção, se calhar tem um prémio, aí as coisas talvez mudem de figura Venha a imaginação e há aí muita coisa para fazer ”
Ou seja… se o governo pagar para as pessoas cumprirem as suas obrigações, a gente conversa, mas sem dinheiro não contem que a reforma se faça ( por outras palavras: que as pessoas cumpram as suas obrigações)
Isto não acontece só na reforma da floresta. Acontece em qualquer reforma que qualquer governo queira fazer. Os portugueses estão sempre a exigir respeito pelos seus direitos mas, quando se trata de cumprir deveres, querem dinheiro.
Para mim sempre foi claro que a dificuldade em fazer reformas reside mais no povo que somos, do que nos governos ( sem coragem) que temos.
Os tugas fazem-me lembrar a Jangada de Pedra de Saramago. Quando ficam à deriva no meio do Atlântico, procuram uma bússola para se orientarem. Ora, como a História de Portugal nos ensina, a bússola dos tugas é o dinheiro.
Assim sendo, estamos conversados
cronicasdorochedo.blogspot.pt
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