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sábado, 31 de março de 2018

Recordamos hoje, Severiano Falcão, Operário, Político e Escritor, que foi “hóspede” da PIDE, no Forte de Peniche.


Severiano FalcãoSEVERIANO Pedro FALCÃO, Operário, Político e Escritor, natural da Freguesia de Alhandra (Vila Franca de Xira), nasceu a 01-03-1923 e faleceu a 05-05-2004. Tinha a alcunha de “Espanhol”, era filho de um “trabalhador sem profissão”, e de uma “operária têxtil”. Seus irmãos, também tinham interesse pela política.
Frequentou a Escola Primária e começou a trabalhar muito cedo numa oficina, cujo patrão era simpatizante dos republicanos espanhóis. Foi mudando de oficina e ofício em função das dificuldades. A sua profissão oficial era de Carpinteiro, mas sempre se considerou Mmarceneiro.
Jovem nos meios operários de Alhandra foi desportista e músico amador,– tocava clarinete na Sociedade Euterpe – , participou em actividades animadas por Soeiro Pereira Gomes. Foi recrutado para as Juventudes Comunistas em 1942 e permaneceu nessa situação até 1944, altura em que entrou para um organismo partidário.
Depois das greves de 8 e 9 de Maio de 1944, foi chamado ao CL de Alhandra, para substituir elementos que tinham sido presos. Participou em actividades sindicais mas o seu nome era vetado pela PIDE para cargos nos Sindicatos. Em 1947, passou a ser membro do CR do Ribatejo e, nessa qualidade, participou, no ano seguinte, na agitação legal e semi-legal, em apoio à candidatura do General Norton de Matos para a Presidência da República.
Foi preso pela mais eficaz e brutal brigada da PIDE na perseguição ao PCP, que incluía José Gonçalves e Fernando Gouveia, e que stava envolvida na investigação do assassinato de Manuel Vital. Fernando Gouveia acusou-o imediatamente de ser o responsável pelo assassinato de Manuel Vital.
Após um período inicial em que Severiano Falcão não foi maltratado, a PIDE iria torturá-locom mais violência do que era habitual. Foi espancado e colocado várias vezes de cabeça para baixo, provocando desmaios. Estas violências tem certamnete a ver com a convicção da polícia de que Severiano Falcão, tendo substiutído Manuel Vital, deveria conhecer as circunstâncias em que este fora morto. Severiano Falcão não prestou quaisquer declarações.
Condenado, foi enviado para Peniche de onse saiu em 1956. Voltou a trabalhar, agora na construção civil, passando a dirigir obras em Lisboa. Retoma o contacto com o PCP e participa na campanha de Humberto Delgado. É preso de novo a 21 de Agosto de 1958, julgado e condenado como militante do PCP. Volta à cadeia de onde só sai em 1966.
Regressa a Alhandra e vai trabalhar para uma empresa de Lisboa. Severinao Falcão era agora medidor e orçamentista e estudara na cadeia o método PERT, de que era considerado especialista.
Participou profissionalmente em obras da TAP no Aeroporto e; à data do 25 de Abril de 1974, trabalhava na grande empresa de construção civil Joaquim Francisco dos Santos.
Operário-Escritor, integra-se no nível de intelectuais não tradicionais que, entre as décadas de 1930 e 1950, deram prática ao conceito defendido por Bento de Jesus Caraça de cultura integral do indivíduo. Trabalhador desde muito moço, atingiu o curso médio industrial como autodidacta, enraizado nos movimentos de cultura e solidariedade que se desenvolveram nos meios populares do Ribatejo e ciaram muitos outros portas-trabalhadores quase incógnitos na literatura portuguesa deste século. Severiano Falcão iniciou a sua actividade política na Federação das Juventudes Comunistas tendo aderido ao Partido Comunista em 1942.
Lutou sempre pelos direitos dos trabalhadores e do Povo em geral, tendo estado preso durante quinze anos e vivido na clandestinidade.
Foi presidente da Câmara Municipal de Loures de 1979 até 1991. Sempre se dedicou à prosa, mesmo nos quase quinze anos de prisão política a que o votou o regime fascista, e chegou a abalançar-se num longo romance de fundo autobiográfico, ainda inédito, cuja conclusão ainda cultiva. Foi um trecho deste que editou, sob a aparência de conto e com o título de “Sonho e Realidade”, numa antologia de ficção organizada por António Borga.
Obras principais: Histórias Breves de Escritores Ribatejanos, (1968).
O seu nome faz parte da Toponímia de: Amadora, Loures (Freguesias de Bucelas, Prior Velho e Santo Antão do Tojal), Odivelas (Freguesias de Odivelas e Ramada).
Fonte: “Dicionário Cronológico de Autores Portugueses”, (Vol. V , Organizado pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, Coordenação de Ilídio Rocha, Publicações Europa América, Edição de Julho de 2000, Pág. 273 e 274)


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