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sábado, 31 de março de 2018

Maria Machado, Professora e activista política, “hóspede forçada da PIDE” que, por causa disso viveu quase como uma indigente


MARIA dos Santos MACHADO, Professora, Educadora e Política, nasceu na Vila da Calheta (São Jorge, Açores), a 25-02-1890, e faleceu na Amadora, a 04-10-1958. Filha de Bartolomeu Silveira Lucas e de Maria dos Santos Teixeira. Maria Machado foi Professora Primária Oficial na Ilha de São Jorge, Açores, onde abriu uma Biblioteca dirigida tanto a alunos como a adultos, de forma a estimular o contacto com a literatura.
Uma notável figura feminina da Resistência antifascista. Professora e activista política, uma mulher verdadeiramente progressista na sua prática profissional e cívica, militou na clandestinidade, foi afastada do ensino e presa. Militante do Partido Comunista foi presa várias vezes, a última das quais no próprio ano em que faleceu.
Inconformada com o ambiente limitado do Arquipélago, Professora, cedo se transferiu para o Continente, sendo colocada em Lisboa, na Escola primária nº 97. Militou no Socorro Vermelho Internacional, tendo sido uma das fundadoras da Comissão Feminina Portuguesa para a Paz, em 1936. Assinalada pela polícia política sofreu as habituais perseguições da PVDE/PIDE e foi expulsa do ensino e impedida de ensinar (mesmo gratuitamente, aos mais necessitados).
Já no Continente, continuou a orientar as suas aulas, segundo o “Método Activo”, dirigiu uma escola destinada aos filhos dos ferroviários, que foi encerrada pelas autoridades do Estado Novo, fundou uma Biblioteca em Algés e leccionou português na sede da Liga dos Esperantistas Ocidentais.
Foi dirigente da Escola Primária nº 97 quando, em 1 de Agosto de 1936, foi detida pela primeira vez. Afastada do ensino público, por motivos políticos, tornou-se governanta e continuou a ensinar gratuitamente adultos.
Maria Machado foi uma das fundadoras da Associação Feminina Portuguesa para a Paz (1936) e foi uma importante activista do Partido Comunista Português nas décadas de trinta e quarenta, tendo, inclusivamente, desempenhado tarefas em Paris (1937-1938).
Em finais de Dezembro de 1937/ princípios de Janeiro de 1938, partiu para França. Em Paris, integra a Federação Portuguesa dos Emigrados neste país, uma organização frentista criada pelo PCP. Exerceu funções de relevo junto da Internacional Comunista e colabora também com membros do Partido Comunista Espanhol e do Partido Comunista Francês. Regressou a Portugal em 1942, passou à clandestinidade e tornou-se numa das primeiras mulheres a viver nesta condição. Trabalhou nas tipografias clandestinas do PCP até 7 de Novembro de 1945, dia em que é presa no lugar de Barqueiro, freguesia de Maçãs de D. Maria, Concelho de Alvaiázere. Restituída à liberdade a 31 de Agosto de 1947, voltou a Caxias a 20 de Dezembro de 1953 e, pela última vez, a 14 de Abril de 1954.
Por razões de saúde teve de deixar a clandestinidade, mas continuou sempre activa no apoio, a todos os níveis, aos presos políticos e suas famílias. Maria dos Santos Machado foi também uma das fundadoras da Liga Portuguesa para a Paz. Foi presa por quatro vezes, entre 1936 e 1956, ficando na Cadeia das Mónicas e em Caxias.
Já sexagenária é proibida de ensinar. Para sobreviver trabalhou como governanta numa casa particular, bordou tapetes de Arraiolos e deu explicações. De forma gratuita e clandestina, continuou a alfabetizar adultos.
Morreu, subitamente, aos 66 anos, a 4 de Outubro de 1958, em plena rua da Amadora, quando procurava alojamento, após ter sido despejada, por pressão policial, do quarto em que vivia.
O seu nome faz parte da Toponímia de: Almada; Amadora, Barreiro (Freguesia de Santo António da Charneca), Cascais (Freguesia de São Domingos de Rana), Loures (Freguesia de São João da Talha).
Fonte: “silenciosememorias.blogspot.pt” (por João Esteves)
Fonte: “Antifascistas da Resistência”

ruascomhistoria.wordpress.com

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