Sudão do Sul é o país mais novo e mais pobre do planeta
O Sudão era o maior país em extensão do continente africano, onde a geografia foi desenhada sob fronteiras artificiais impostas pelo período de colonização européia, cujos recortes no mapa obedeceram a regras econômicas, considerando prêmios de guerra e ignorando a história e organização tribal dos povos que ali viviam. Forçando migrações, formando campos de refugiados, gerando guerras civis, sangrando ainda mais a África.
O novo país africano tem recursos naturais abundantes, petróleo e uma enorme diversidade cultural, mas sofre com a corrupção e mais de meio século de inúmeros conflitos étnicos.
Após comemorar a independência, o Sudão do Sul terá de resolver a questão da fonteira com o norte |
O país nasce a partir de um acordo de paz firmado em 2005, após 12 anos de uma guerra civil que deixou 1,5 milhão de mortos. Em janeiro, 99% dos eleitores do Sudão do Sul votaram a favor da separação da região, predominantemente cristã e animista, em relação ao norte, governado a partir de Cartum, onde a população é em sua maioria muçulmana e de origem árabe.
O governo do presidente sudanês, Omar Bashir*, reconheceu formalmente a independência da parte sul de seu país.
Apesar de possuir grandes reservas de petróleo (controladas em sua maioria por multinacionais chinesas, com sede no norte), o Sudão do Sul nasce como um dos países mais pobres do mundo, com a maior taxa de mortalidade materna, a maioria das crianças fora da escola e um índice de analfabetismo que chega em 84% entre as mulheres.
Embora não haja estatísticas oficiais, a ONU estima que a população do país varie entre 7,5 e 9,5 milhões. O Sudão do Sul também nasce sendo um dos maiores do continente, superando as áreas de Quênia, Uganda e Ruanda somadas.
*O presidente do Sudão, al-Bashir, é um dos piores assassinos em massa do mundo. Denunciado pelo Tribunal Penal Internacional por genocídio, durante 20 anos ele tem massacrado repetidamente comunidades inteiras que enfrentaram seu governo.
Dentre elas,
DARFUR - OESTE DO SUDÃO
Um dos maiores campos de refugiados do mundo, conta hoje com aproximadamente 80 mil pessoas.Os campos de refugiados sudaneses se multiplicaram dentro e fora do Sudão desde o início da violência em Darfur no oeste do país. Em função dos conflitos, tornou-se cada vez mais comum encontrar sudaneses refugiados no norte e no sul do país, bem como nos países vizinhos como Chade, Uganda, Quênia e Egito.
Calcula-se que mais de 2 milhões de pessoas tiveram que abandonar suas casas assumindo a condição de refugiadas desde o início do genocídio em 2003. Trata-se de uma multidão que caminha sem direção e que na luta pela sobrevivência teve que de uma hora para outra abandonar sua terra e tudo mais que possuía: casa, bens, animais e familiares.
Campo de refugiados de Darfur no Chade |
O governo dos Estados Unidos também o considera genocídio, embora as Nações Unidas ainda não o tenham feito, pois a China, grande parceira comercial do governo sudanês, defende o país em todos os fóruns internacionais que abordam o tema. Algumas propostas de intervenção militar internacional realizadas na ONU não foram aprovadas por veto deste país.
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