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terça-feira, 29 de julho de 2014

Seguro as lapas e o pontapé na bola Foto gamada na Net Se a memória me não atraiçoa, o último político a demitir-se depois da prática de um acto considerado indecoroso, foi Manuel Pinho.

Seguro as lapas e o pontapé na bola


Foto gamada na Net


Se a memória me não atraiçoa, o último político a demitir-se depois da prática de um  acto considerado indecoroso, foi Manuel Pinho. 
Hoje em dia, muitos consideram a exibição dos corninhos na AR um fait divers e opinam que o então ministro da economia devia ter continuado a exercer as suas funções, depois de um pedido de desculpas.
Percebe-se esta maneira de ver as coisas. Este governo tem ultrajado os portugueses por palavras, actos e omissões, mas  ainda nenhum ministro  apresentou a sua demissão. É certo que Portas ainda ameaçou bater com a porta mas, logo que Passos lhe ofereceu um gabinete com vista para o Jardim Zoológico e o cargo honorífico de ministro de estado, o líder do CDS recuou na irrevogabilidade e por lá se mantém a fingir que  faz alguma coisa. O importante é manter o estatuto.
Face ao exemplo que vem de cima, tornou-se viral na sociedade portuguesa o comportamento da lapa. Ninguém se demite. Não há um resquício de dignidade nos actuais protagonistas da coisa pública e o comportamento dos políticos alastrou a outros quadrantes da vida portuguesa. Como o futebol, por exemplo.
Mário Figueiredo, presidente da Liga de Clubes, é por estes dias um exemplo da má formação que infecta a classe dirigente.  Contestado pela esmagadora maioria dos clubes profissionais de futebol, mantém-se  no cargo porque o presidente da assembleia geral da Liga recusou sistematicamente a convocação de uma AG para o destituir, invocando pretextos jurídicos. 
Obrigado pelos estatutos a ir a eleições,  Mário Figueiredo conseguiu a proeza de declarar irregulares todas as candidaturas que se lhe opunham e ser reeleito para o cargo com 7 votos ( um dos quais do Sporting, cujo presidente reclama a toda a hora a transparência no futebol).
Mário Figueiredo já levou a Liga à falência, mas permanece no seu posto ( embora ninguém saiba onde para por estes dias) fiel ao seu objectivo de destruir a Liga de Futebol Profissional e desacreditar os clubes e as instituições desportivas.
O comportamento de Mário Figueiredo faz-me lembrar António José Seguro. Apesar dos fortes indícios de que os portugueses  preferem  e confiam mais em  António Costa, o SG do PS mantém-se agarrado ao lugar como uma lapa. Engendra manobras dilatórias para retardar a sua saída, coloca o seu interesse pessoal acima dos interesses do partido e do país e usa como argumentos de defesa o ataque permanente ao seu adversário.
Tivessem os dirigentes ( partidários, empresariais  ou associativos) vida para além do cargo que exercem, a honorabilidade aconselhá-los-ia a colocar o seu lugar à disposição, ou  aceitar as regras da democracia. Tozé Seguro e  Mário Figueiredo são apenas dois exemplos da mediocridade do dirigismo nacional. Chegaram lá, porque não sabem fazer mais nada e precisam de garantir  a todo o custo o lugar para que foram eleitos.
Enquanto este país não tiver dirigentes que sirvam de exemplo, nunca teremos um povo respeitador das regras da democracia. Todos se julgarão com direito a defender o seu tacho. Irrevogavelmente.


cronicasdorochedo.blogspot.pt

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