Salomão andou por aqui
A triste telenovela da privatização da RTP reflecte bem a forma de actuar deste governo. Anda à bolina, navega à vista, confunde golfinhos com tubarões, não faz a mínima ideia do que fazer, nem como fazer.
A única missão que sabe cumprir com zelo é executar as ordens da troika. Quanto ao resto, Gaspar trata das contas e Pedro Passos Coelhos da imagem do elenco.
Assim que se percebeu que a privatização da RTP era um tiro no pé e nem sequer havia candidatos interessados na sua aquisição, começou a falar-se da venda de apenas um canal. Depois de concessão. Mais tarde, aqueles tipos que durante a campanha eleitoral garantiam que já tinham estudado todos os dossiês, anunciaram que, afinal, ainda iam estudar o problema e estavam todas as hipóteses sobre a mesa. A opinião pública mobilizou-se contra a privatização. Alberto da Ponte começou por lhes dar razão mas no dia seguinte Miguel Relvas puxou-lhe as orelhas e obrigou o homem das cervejas a dar uma entrevista a desdizer-se.
Miguel Relvas temeu perder mais uma vez a face ( se é que aquela coisa ainda tem face!) e exigiu a PPC que defendesse a sua honra, em nome do passado comum no mundo dos negócios. Lembrou-lhe que tinha sido ele a catapultá-lo para PM e os jeitos que prestou à Tecnoforma quando PPC era administrador da empresa e Relvas secretário de estado de Durão Barroso.
PPC ficou entalado, porque já se tinha comprometido com Portas em não avançar com a privatização. Foi até Cabo Verde arejar as ideias e tomou uma decisão salomónica.Privatização, sim, mas só de 49% O resto será concessionado. Ou seja, um molho de bróculos!
Relvas ficou mais aliviado. Com jeito, conseguirá pelo menos que a privatização atinja os 51%. Gaspar sorriu, porque vão entrar mais uns tostões nos cofres das Finanças. Paulo Portas, mais uma vez, admite recuar.
E assim continua este grupo de energúmenos e de embusteiros a delapidar o património do país, para satisfazer os seus interesses pessoais. Em Belém, um zombie continua a olhar, indiferente, para o país a desmoronar-se. "No pasa nada!"
Crónicas do rochedo
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