Milhares de militares protestam silenciosamente em Lisboa
Milhares de militares iniciaram esta tarde, em Lisboa, uma marcha silenciosa, saindo da Praça do Município até aos Restauradores, em protesto contra "as malfeitorias" de que dizem ser alvo.
Por volta das 15:00, milhares de militares concentraram-se na Praça do Município, num encontro que pretendia chamar a atenção para "as preocupações dos militares e de todas as forças armadas", explicou à agência Lusa o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, Manuel Carcel.
O coronel lembrou que "os militares estão sujeitos a todas as malfeitorias que têm recaído sobre a população em geral".
Manuel Carcel contou que "há muitos que estão a recorrer a penhoras", outros que "deixaram de poder enviar os seus filhos para a universidade" e ainda casos de "militares que ficam nos quartéis porque não têm capacidade [financeira] para irem visitar a família".
Entre muitas bandeiras das três associações que convocaram a marcha - Associação de Oficiais das Forças Armadas, Associação de Praças e Associação Nacional de Sargentos-- encontravam-se cartazes feitos à mão, com dizeres como "Revolução com cravos não foi a solução", e faixas com apelos: "Estas políticas destroem a condição militar -- combate-as."
Os militares queixam-se dos consecutivos cortes salariais e do aumento dos impostos, mas também dos problemas de funcionamento dos serviços, como a falta de dinheiro para a manutenção dos equipamentos ou a quase inexistência de treinos.
Apesar de estarem presentes muitos militares no ativo, as queixas ouvem-se pela voz dos que já estão na reforma, o que não impede que se peça "amnistia aos militares castigados por delito de opinião".
"Estamos todos aqui por causa da grande degradação a que chegou a situação dos militares. Ficámos sem subsídios de natal e de férias, a assistência na doença foi cortada em mais de 50 por cento, foram feitos cortes nos transportes e isto para não falar nos equipamentos que estão parados, porque não há dinheiro para os reparar", enumerou Luís Dias, que há 17 anos deixou o cargo de sargento-chefe da Armada.
Revoltada, a mulher do sargento na reforma, Conceição Dias, realçou que a falta de condições é tal que nem há dinheiro para o combustível. "Se hoje houvesse outro 25 de Abril, não havia forma de os militares aqui chegarem", compara.
Às 16:00, o cortejo de militares ocupava toda a Rua do Ouro e chegava já ao Rossio.
Lusa
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