Francisco Assis – Ou quando os eleitos têm nojo dos eleitores...
Surripiei ao Vítor Dias este “recorte” a que “agrafei” a cara do protagonista deste post. Trata-se de um artigueco do Público de ontem, onde Francisco Assis defende que o PS deve fazer um “compromisso histórico” com a direita. Claro que ele chama ao PS “esquerda democrática” e à direita “centro-direita”... mas o meu gosto por eufemismos já viu melhores dias.
Ao que parece, Assis confessa que durante o tempo em que o povo lhe estava a pagar para participar no debate do Orçamento de Estado, ele estava em “retiro”, na biblioteca da Assembleia da República, escrevendo o tal artigueco... certamente para ganhar a sua vidinha com alguma maçaroca extra, já que não acredito que escreva para o Público de borla.
Diz ainda que do lugar em que se encontrava, conseguia ouvir a «vozearia distante» dos manifestantes que se aglomeravam lá fora, aproveitando para dar mais uma insolente pincelada literária na manifestação: «lá fora, uma pequena multidão ululante invectiva os representantes eleitos da República e contesta, com fúria, as mais recentes medidas governamentais».
Claro que o deputado Francisco Assis, que parece detestar tanto as manifestações populares quanto detesta o Renault Clio, tem todo o direito à sua opinião, razão pela qual não me coibirei de deixar aqui também a minha.
Primeiro, para concordar com Assis. De facto, o “compromisso” do PS com a direita é “histórico”. Tão histórico que já vem desde o 25 de Abril de 74!
Segundo, vou refrear a vontade de chamar pelo nome um “socialista” e deputado de uma democracia, que chama a uma manifestação legítima, contra o ataque mais selvagem que foi feito ao povo português... “vozearia distante” e “pequena multidão ululante”.
Terceiro, para me espantar pelo facto de Assis, um deputado eleito, não saber que os eleitores têm todo o direito de “invectivar” os eleitos, sempre que considerem estar a ser traídos por aqueles... e nunca como agora isso foi tão evidente!
Quarto, sobre a perturbação que parece ter causado a Assis a “fúria” com que os manifestantes contestavam as “mais recentes medidas governamentais”... lamento muito o seu choque, mas nem toda a gente domina a técnica apurada da “abstenção violenta” do seu secretário-geral.
E pronto... acho que, no geral, fui bastante contido... mesmo tendo as maiores dúvidas de que (pelo menos hoje) Francisco Assis o merecesse!
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