O Negócios e a Máxima atribuíram o Prémio Mulher de Negócios 2011 a Isabel Vaz, presidente da comissão executiva da Espírito Santo Saúde, que, ao que parece, chegou a ser convidada para Ministra da Saúde deste governo. Negócios máximos, rendas máximas, até porque melhor negócio do que a saúde, como já assinalou Vaz à RTP, só mesmo a indústria de armamento, por sinal um outro negócio bem imbricado politicamente.
Um lindo sinal dado por esta imprensa com este prémio. Um sinal da fronteira da acumulação possível por expropriação de recursos públicos e por aproveitamento lucrativo de todas as vulnerabilidades humanas, de todas as assimetrias contratuais, de todos os governos submissos, de toda a captura de pessoal político. Uma sordidez sem fim. Uma sordidez com muito futuro se depender deste governo: das ruinosas, para o Estado, claro, parcerias público-privadas até a brutais aumentos das taxas moderadoras, co-pagamentos na realidade. O seu principal objectivo é criar barreiras no acesso universal aos serviços públicos de saúde e incentivar o recurso à saúde privada, a melhor forma de aumentar a injustiça social e a ineficiência na área de saúde, já que só serviços públicos de acesso universal, gratuitos para o utilizador e financiados por impostos progressivos, garantem bom cuidados para todos; quanto maior a percentagem de despesas a cargo do paciente, piores tendem a ser os indices de saúde dos países.
Enfim, na mesma rubrica do Negócios onde saúda Isabel Vaz, que prospera à custa da ineficiência e da iniquidade, Helena Garrido acusa Pedro Nuno Santos de ser um "perigoso populista", assim mostrando como anda desorientada a bússola ético-política. "Perigosa" é mesmo uma "mulher de negócios" que compara a saúde ao armamento. Assim, o epíteto de populista só pode ser um elogio: o capital financeiro predador tem mesmo de se pôr fino...
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