Seu Vitorino estava num dia de intensa reflexão. A luz do fim tarde dourava a varanda da casa e o ajudava a coser a camisa verde já surrada pelo tempo. Caminhou devagar até a cozinha e avistou Dona Clarinda passando o café da tarde. És apaixonada por mim ou pelo amor que sente por mim? Perguntou seu Vitorino. Dona Clarinda o olhou por cima dos óculos e não disse absolutamente nada. Terminou de coar o café, serviu o esposo, tirou dele a camisa que estava a coser e terminou o serviço mal feito que ele havia começado. Em seguida foi ao quintal, espantou as galinhas, tirou as roupas do varal e guardou-as com carinho ao lado do ferro de passar. Ainda em silêncio, sentou-se na varanda ao lado de seu Vitorino para contemplar o pôr do sol. Colocou sua mão sobre a dele e esperaram juntos o entardecer. Quase cinco décadas ao lado de dona Clarinda e seu Vitorino ainda não tinha certeza do amor dela por ele e por não ter certeza, ele sempre a amou de verdade.
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