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sábado, 1 de setembro de 2018

QUANDO O CHOQUE ENTRE LOCOMOTIVAS ERA ATRAÇÃO EM FEIRAS E OUTROS EVENTOS



Do final dos anos 1800 ao início de 1900, as colisões entre trens vindos de direções opostas eram atrações esmagadoras nas feiras estaduais nos Estados Unidos, atraindo multidões de dezenas de milhares de pessoas. Um maquinista, Joseph S. Connolly, de Iowa, fez carreira, entre 1896 e 1932, como "Head-On Joe" participando com sucesso em 73 colisões em feiras e outros eventos em todo o país, principalmente no Centro-Oeste.

A história sobre como surgiram as feiras de «colisões de trens» no oeste americano
Os violentos espetáculos de Joseph eram tão seguros que, em sua carreira de quase quatro décadas, nunca teve sequer um ferimento. O mesmo não pode ser dito de William George Crush, gerente de marketing da Ferrovia Missouri-Kansas-Texas.

A Missouri-Kansas-Texas, comumente referida como linha "Katy", foi uma das primeiras ferrovias a chegar ao Texas em 1872. E tão logo começou a espalhar seus tentáculos de trilhos de ferro, adquirindo outras pequenas ferrovias no processo, substituiu seus motores a vapor de 30 toneladas pelos mais novos e mais potentes motores de 60, abandonando as velhas marias-fumaça, as quais a ferrovia agora já não mais tinha uso.
A história sobre como surgiram as feiras de «colisões de trens» no oeste americano
Em 1896, um agente da Katy, chamado William Crush propôs uma estratégia de publicidade que poderia ajudar a melhorar ainda mais o negócio. Aconteceu de alguns meses antes, uma ferrovia concorrente havia provocado um acidente de locomotivas, que foi um enorme sucesso. William acreditava que se a Katy pudesse realizar um espetáculo similar, a publicidade que o evento atrairia certamente ajudaria a empresa a ganhar uma forte posição na região. O homem conseguiu conquistar a confiança de seus superiores e o projeto foi liberado.

Um local foi escolhido no condado de McLennan, Texas, a cerca de 24 quilômetros ao norte de Waco, próximo a uma das principais linhas da Katy. Em um pequeno vale formado por três colinas, instalaram quatro quilômetros de trilhos e arquibancadas foram colocadas para os espectadores. Dois poços foram perfurados para bombear água e uma grande tenda, emprestada do circo dos Irmãos Ringling, foi montada para servir comida. O local recebeu o nome temporário de "Crush".
A história sobre como surgiram as feiras de «colisões de trens» no oeste americano
Em 15 de setembro de 1896, no dia do evento, cerca de 40.000 espectadores chegaram de todo o Texas em trens de excursão especiais organizados pela Katy, pelo preço de dois dólares por uma passagem de ida e volta. Para manter as pessoas entretidas enquanto esperavam pelo evento principal, uma feira acabou surgindo no local quase que instantaneamente, com mascates vendendo remédios, cabines de jogos, barracas de bebidas e comidas e carrinhos de charuto. Cerca de 300 policiais tiveram que ser levados para manter a ordem. Com os espectadores ainda chegando de trem, o evento que começaria às 4 da tarde, acabou atrasado em uma hora.

Às cinco horas da tarde, as duas locomotivas, cada uma com um obsoleto motor a vapor de 35 toneladas, puxando seis vagões e entupidos de propaganda, foram reunidos para tirar as fotos. O próprio William apareceu diante da multidão montando um cavalo branco e agitando o chapéu como um artista circense. Quando tudo estava pronto, as duas locomotivas recuaram lentamente para o ponto de partida.
A história sobre como surgiram as feiras de «colisões de trens» no oeste americano
As equipes de maquinistas da Katy calculou precisamente o ponto exato de colisão e, enquanto a multidão se congraçava naquele dia, o grupo fez meia dúzia de testes. Para evitar que os vagões se amontoassem umas sobre as outras durante o impacto, as composições foram acorrentadas, em vez de acopladas com um pino. William também estava preocupado com uma possível explosão das caldeiras, mas os engenheiros garantiram a ele que as caldeiras foram projetadas para resistir a rupturas, mesmo em um acidente de alta velocidade. Ainda assim a multidão foi mantida a quase 200 metros do ponto de impacto, com a exceção da imprensa que podia ficar dentro das 100 jardas (90 metros) para fotografar.

No sinal de William, as tripulações das locomotivas avançaram os aceleradores para o máximo e saltaram. Quando as duas marias-fumaça, uma pintado de verde e outra de vermelho, se aproximaram, aumentaram a velocidade e, em menos de dois minutos, encontraram-se no local designado em um violento acidente. As estimativas eram que cada trem estava a cerca de 45 quilômetros por hora no momento do impacto. Toda uma velocidade!

Um repórter do Dallas Morning News fez uma descrição poética do evento:

- "Um estrondo, um som de madeiras rasgadas e quebradas, ferros retorcidos, e depois uma chuva de estilhaços ... Houve apenas um instante de silêncio, e então, como se controlado por um único impulso, as duas caldeiras explodiram simultaneamente e o ar ficou cheio de mísseis voadores de ferro que variavam em tamanho de um selo postal a metade de uma roda motriz..."
A história sobre como surgiram as feiras de «colisões de trens» no oeste americano
Os estilhaços de metal mataram dois homens e uma mulher, todos jovens. Um fotógrafo oficial perdeu um olho para um parafuso de aço. Seis pessoas ficaram gravemente feridas, enquanto muitas outras sofreram ferimentos causados ​​por estilhaços e queimaduras provocadas pela água escaldante em erupção nas caldeiras. Apesar dos ferimentos e choque, a multidão ainda correu para a frente e pulou sobre os destroços para recolher lembranças.

William Crush foi demitido naquela mesma noite, mas recontratado no dia seguinte. Há rumores de que ele recebeu um bônus por toda a atenção que trouxe para a ferrovia. Ele trabalhou para a empresa por 57 anos até sua aposentadoria.
A história sobre como surgiram as feiras de «colisões de trens» no oeste americano
Curiosamente, a tragédia não significou o fim de feiras de batidas de locomotivas. Pelo contrário, começou. Nas três décadas seguintes, mais de cem acidentes foram orquestrados em feiras estaduais nos Estados Unidos.

- "As colisões de trens apelaram para o lado mais primitivo do homem: a emoção de ver algo destruído"disse Reisdorff em seu livro sobre Joseph Connolly, o destruidor de trens mais eficiente da história.

O seguinte vídeo mostra uma colisão de trens na feira estadual da Califórnia em 1913.
VÍDEO
https://www.mdig.com.br

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