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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

03 de Setembro de 1384: Final do cerco de Lisboa


O segundo cerco de Lisboa foi imposto pelas forças de Castela em 1384 e durou 4 meses e 27 dias.


Do casamento de D. Fernando (1367-1383) com D. Leonor Teles tinha sobrevivido apenas uma filha, a infanta D. Beatriz, que, por proposta do seu pai, firmada no tratado de Salvaterra de Magos (1383), seria desposada por D. João I de Castela, o que aconteceu em Maio de 1383. 

O filho varão que nascesse deste casamento herdaria o trono de Portugal, acaso D. Fernando I não tivesse descendentes até à sua morte. O monarca faleceu no dia 22 de Outubro de 1383, sem herdeiros masculinos, tendo-se iniciado uma crise de sucessão. Diante da revolta popular devido ao receio da perda da independência face aos castelhanos dá-se  a aclamação do Mestre de Avis como Regedor e Defensor do Reino.

D. João I de Castela entra em Portugal e ocupa a cidade de Santarém. A resistência portuguesa e o exército castelhano encontram-se pela primeira vez a 6 de Abril de 1384, na Batalha dos Atoleiros. Nuno Álvares Pereira soma mais uma vitória para a facção de Avis, mas o confronto nada resolve. 

Depois da derrota na Batalha dos Atoleiros, D. João I de Castela retira para Lisboa, cerca a capital e com o auxílio da sua marinha bloqueia o porto da cidade e controla o Tejo. O cerco era uma séria ameaça à causa do Mestre de Avis, uma vez que sem Lisboa, sem o seu comércio e o dinheiro dele afluente, pouco poderia ser feito contra Castela.  João I de Castela precisava de Lisboa por motivos de ordem política, uma vez que nem ele, nem a sua mulher tinham sido coroados e sem esta cerimónia, eram apenas pretendentes à coroa

O cerco é descrito por Fernão Lopes (Crónica de el-rei D. João I, entre os capítulos CXIV e CL), que refere alguns dados interessantes sobre a cerca da cidade, à época, descrevendo as medidas defensivas, entre as quais:
  • a cerca era amparada por 77 torres, no topo das quais foram montados caramanchões de madeira, visando optimizar a defesa;
  • os muros da cerca eram rasgados por 38 portas. 
  • A mais crítica era a chamada Porta de Santa Catarina, defronte da qual se estabeleceu o arraial de Castela, e defronte à qual se registrava maior número de escaramuças.
  • o lado da Ribeira era defendido por duas grossas estacadas, desde as águas do rio até ao pé da cerca;
  • uma estacada dobrada defendia o Caminho de Santos, por baixo da Torre da Atalaia;
  • uma estacada dobrada, no lado oposto da cidade, estendia-se junto ao muro dos fornos de cal, na direcção do Mosteiro de Santa Clara;
  • encontrava-se em construção, mesmo durante os combates, um troço da barbacã em face do arraial castelhano, desde a Porta de Santa Catarina até à Torre de Álvaro Pais, no comprimento de dois tiros de besta.
  • a frota vinda do Porto conseguiu romper o cerco, trazendo poucos alimentos à cidade. No combate naval então travado com os barcos castelhanos foram capturadas três naus portuguesas e a nau do comandante foi igualmente capturada.

o cerco de Lisboa foi levantado a 3 de Setembro de 1384, devido sobretudo à epidemia de Peste Negra que assolou o exército Castelhano, causando-lhe muitas baixas; houve também ataques na periferia do cerco por parte de forças do exército de D. João, Mestre de Avis, forças essas chefiadas pelo fronteiro do Alentejo,Nuno Álvares Pereira. Finalmente o povo de Lisboa encontrava-se seguro e livre de perigo.
Fontes:

A peleja de 1384 - Super Interessante

wikipédia
Siege of Lisbon 1384.JPG
O cerco de Lisboa - Crónicas de Jean Froissart

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