(Nicolau Santos, in Expresso Diário, 30/06/2017)
O furto de armas e munições dos Paióis Nacionais de Tancos é gravíssimo pelo que revela de incúria, incompetência e falta de segurança. Com este arsenal nas mãos de malfeitores, o melhor que podemos desejar é que ele seja para vender no estrangeiro. O pior é pensar que ele pode ser utilizado para ações de banditismo ou de terrorismo em território nacional. Em qualquer caso, trata-se de um pesadelo que nunca deveria ter acontecido. Melhor: que não poderia ter acontecido.
Mas que país é este que dispõe de Forças Armadas cujas instalações, supostamente bem guardadas, podem ser assaltadas sem que haja o mínimo sinal de alarme? Que país é este que dispõe de Forças Armadas de cujas instalações podem ser subtraídas 120 granadas ofensivas, 1.500 munições, 44 lança-granadas e quatro engenhos explosivos “prontos a detonar” sem que ninguém dê por isso? Que Forças Armadas são estas que não conseguem guardar as suas próprias instalações e que não dão por um roubo desta envergadura enquanto ele está a decorrer, partindo do princípio lógico que a operação deverá ter demorado algum tempo? É que, segundo fonte policial, a rede foi cortada e os autores do roubo entraram na zona militar entre 400 e 600 metros até ao paiol. E como, mais uma vez seguindo a lógica, não deve ter sido um mas vários os assaltantes, mais extraordinário se torna que ninguém os tenha detetado.
Que país é este que dispõe de Forças Armadas de cujas instalações podem ser subtraídas 120 granadas ofensivas, 1.500 munições, 44 lança-granadas e quatro engenhos explosivos “prontos a detonar” sem que ninguém dê por isso?
Os 14 paióis estão a cargo do Regimento de Engenharia n.º 1. É um espaço fora do perímetro das unidades situadas na Área Militar de Tancos. Por isso, há várias rondas apeadas e em viaturas feitas diariamente e em horários aleatórios. Se é assim, mais extraordinário se torna o golpe, pelo risco que envolveu, mesmo que haja indicações que os paióis estavam sem videovigilância há dois anos. Aliás, o roubo foi detetado por uma ronda móvel.
Sim, como diz o ministro da Defesa, o roubo foi “bastante profissional”. Mas o que se exige às Forças Armadas é que sejam bastante mais profissionais que os bandidos, porque senão para que servem?
E já agora: o que se vai fazer para evitar que isto se repita? É que, pelos vistos, estão a ser vistoriados os outros paióis, porque não há a certeza que também não tenham sido alvo de operações semelhantes. Desculpem, mas isto dá um sinal aterrador de incompetência e transmite uma mensagem dramática de insegurança. Se as Forças Armadas não estão a salvo de furtos, o que será da generalidade dos cidadãos comuns?
estatuadesal.com
Sem comentários:
Enviar um comentário