O antigo Presidente português Jorge Sampaio defendeu hoje a necessidade de debater com políticos populistas e de "levar a sério" as questões que eles levantam, num encontro com legisladores luso-americanos, em Lisboa.
"Os populistas são criticados por aquilo que eles são - um perigo real para a democracia. Mas isso não significa que não devamos envolver-nos com eles num debate político", sustentou Jorge Sampaio, numa intervenção no início do jantar de encerramento do "Luso-American Legislators' Dialogue", uma iniciativa da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), que decorreu na sexta-feira e sábado em Lisboa.
"A minha posição é que falar com populistas não é o mesmo que falar como populistas. Podemos levar a sério o problema que eles suscitam sem aceitar a forma como enquadram esses problemas", disse o antigo Presidente da República.
Para Sampaio, "um dos problemas mais perturbadores das atuais tendências populistas é que os populistas são antipluralistas, já que reclamam que eles e só eles representam o povo" e, por isso, consideram que "todos os outros adversários políticos são, basicamente, ilegítimos e quem não os apoia não é propriamente parte do povo".
Jorge Sampaio sustentou que "o diálogo e a cooperação devem ser encorajados, apoiados e enaltecidos por todos os meios e em todos os níveis -- bilateral, multilateral, mas também localmente, regionalmente e acima de diferenças políticas".
Durante dois dias, o encontro, que decorreu pela terceira vez, reuniu em Lisboa cerca de duas dezenas de eleitos luso-americanos, incluindo os congressistas Devin Nunes e Jim Costa, com políticos e empresários portugueses para debater as oportunidades e os desafios que se colocam ao relacionamento entre Portugal e os EUA.
No encontro, participaram o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, o ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, o ministro Adjunto, Eduardo Cabrita, e o líder do PSD, Pedro Passos Coelho.
No jantar de encerramento marcaram presença o antigo líder do CDS-PP Paulo Portas e a ministra das Finanças do anterior Governo, Maria Luís Albuquerque.
Também Robert Sherman, embaixador norte-americano em Lisboa até janeiro deste ano, participou no encontro.
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