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quarta-feira, 15 de março de 2017

Muddy Waters, a semente do rock


     Quando se fala do blues de Chicago, Muddy Waters – literalmente, “águas lamacentas” – é o exemplo mais típico: ligado às suas raízes, orgulhosamente, retirou o blues do fundo do Mississipi e, através de todas as novidades musicais que surgiram na época, do boom do folk ao flower power, do rock ácido à apatia, evitou ceder à música comercial, seguindo sempre seu instinto. 

    Nele se funde toda a paixão, a raiva e a sensualidade do blues, de um blues estridente no qual se encontra o suor, as dores e as fantasias dos trabalhadores de Chicago.
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    Muddy Waters nasceu McKinley Morganfield, em Rolling Fork, Clarksdale, no delta do Mississipi, no dia 4 de abril, mudando-se aos três anos para a plantação de Stovall. Sobre o ano de seu nascimento há controvérsias, havendo registros de que teria nascido no ano de 1913. Porém, os registros existentes, dentre os quais se inclui a data registrada em seu túmulo, levam à certeza de que nasceu em 1015.

    Suas primeiras experiências musicais ocorreram em pequenos grupos de música country que acompanhavam os bailes nos sábados à noite, mas seu encontro com o blues veio do convívio com Son House e Robert Johnson.

    O jovem McKinley recebeu o codinome de Muddy Waters por sua estranha fixação em adentrar os lamaçais, não apenas pelo gosto de brincar na lama, mas porque era conhecido nos arredores como destilador ilegal de álcool, além de exímio guitarrista.

    Em 1941 o estudioso do folclore Alan Lomax chegou a Clarksdale quando viajava pelo sul dos Estados Unidos em busca de testemunhos da lenda de Robert Johnson, recém falecido, e para gravar artistas negros desconhecidos para a Biblioteca do Congresso. Atraído pela fama de Waters, que em princípio mostrou-se receoso, Lomax gravou Country Blues e I be’s troubled, que nunca foram publicados. Um ano mais tarde, Waters gravou novamente para Lomax, acompanhado de outros músicos, e a gravação foi publicada anos mais tarde no disco Down on Stovall’s Plantation.

    Abandonou o delta do Mississipi em 1943 e mudou-se para Chicago, encontrando trabalho em uma fábrica de ,e inseriu-se no mundo do blues. Conheceu outro gigante da cena musical de Chicago, Big Bill Broozy, que o levou consigo pelo circuito dos clubes, inserindo-o na banda de Sonny Boy Willianson como guitarrista, onde também cantava em algumas ocasiões, quando Sonny Boy se sentisse “indisposto”.

    Começou, em 1947, a gravar para a Chess Records. A princípio, tocava sozinho ou com, no máximo, um baixo e outra guitarra como acompanhamento. Em 1950 formou um grupo com o mestre da harmônica Little Walter e, nos anos seguintes, constituiu-se a The Muddy Waters Band: Little Walter, Jimmy Rogers na guitarra, Otis Spann no piano e inúmeros outros músicos que sucessivamente tocaram baixo e bateria.
    Durante os anos cinquenta esteve na vanguarda do mercado do blues. Os shows de sua turnê pelo sul foram tão concorridos que quando havia menos de seiscentas ou oitocentas pessoas o show era considerado um fracasso. Cantava de forma livre, acompanhado pelos pés, saltando, movendo todo o corpo, como se fosse a expressão física do seu blues. 

    Sua fama começou a crescer e também as gravações, em que conservou seu estilo mais puro, destacando-se I can’t be satisfied e I fell like going home.
    Muddy Waters continuou gravando para a Chess Records até 1977, destacando-se temas como Mannish BoyGot my Mojo WorkingShe moves me e os cedidos por seu amigo Willie Dixon: Hoochie Coochie ManI just want make love to you e I’m ready, clássicos que passaram à história da música e que marcaram seu estilo pessoal e insuperável.
    Em 1977 abandonou a Chess Records e foi acolhido por Johnny Winter na Blue Sky, onde gravou Hard Again, Unk in Funk, Chess, I'm Ready, Muddy "Mississippi" Waters Live e King Bee. 
    Graças aos seus três últimos discos, retomou as turnês compartilhando o palco com artistas como Eric Clapton e Rolling Stones. Sua saúde começou a debilitar-se e no outono de 1982 fez sua última aparição pública em um show de Eric Clapton. A última canção que Muddy Waters cantou foi Blow Wind Blow, de 1953.
    Retirou-se então para Westmont, Illinois, onde faleceu em 30 de abril de 1983, aos sessenta e oito anos.

    Sua influência na evolução da música dos anos sessenta e setenta não pode ser medida, embora se possa afirmar, sem a menor sombra de dúvida, que sem Muddy Waters a música que hoje é reconhecida como rock não seria a mesma, porque a força que imprimiu e transmitiu às suas canções foram decisivas para essa evolução.

deanimaverbum.weebly.com

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