Sete meses depois de ter sido libertado da prisão de Landsberg, o líder nazi Adolf Hitler publica em 1925 o primeiro volume do seu manifesto pessoal, Mein Kampf (A Minha Luta).
Ditado por Hitler em grande medida a Rudolph Hess, durante a sua estadia de nove meses na prisão, Mein Kampf é uma narrativa amarga, pontilhada de odes à raça superior ariana, cheia de tiradas anti-semitas, desprezo pela moralidade, adoração pelo poder e ante projectos do seu plano de dominação nazi do mundo.
O trabalho, menos autobiográfico do que o reflexo do pensamento de Hitler, teve pouca venda real antes dele assumir o poder, mas a partir do ano em que se tornou chanceler, o livro passou a ser a bíblia do Partido Nazi.
Nenhum outro livro foi tão vendido durante o regime nazi; poucas famílias se sentiam seguras sem um exemplar na estante. Era coisa quase obrigatória dar um volume a um casal de noivos como presente de casamento, enquanto todos o recebiam no final do seu percurso académico, em todos os colégios. Em 1940, um ano após o início da Segunda Guerra Mundial, seis milhões de exemplares da “bíblia nazi” tinham sido vendidos na Alemanha.
Nem todos os alemães que compraram um exemplar de Mein Kampf leram as suas 782 empoladas páginas. Se mais alemães não nazis o tivessem lido antes de 1933, se os estadistas de todo o mundo o tivessem examinado cuidadosamente, enquanto havia tempo, tanto a Alemanha quanto os aliados poderiam ter sido salvos da catástrofe.
Os planos do Terceiro Reich e a bárbara ordem a ser imposta estavam ali expostos em toda a sua pavorosa crueza, e com pormenores. O livro transpirava também a paixão ardente pelo nacionalismo alemão, o ódio ao marxismo e ao bolchevismo, à democracia e aos judeus e o convencimento de que o destino havia escolhido os arianos, especialmente os germânicos, a constituírem a raça dominante.
No começo dos anos 1920, as fileiras do Partido Nacional-Socialista de Hitler cresciam com a adesão de alemães ressentidos que simpatizavam com o seu ódio implacável ao governo social-democrata, aos comunistas e aos judeus. Em Novembro de 1923, depois de o governo ter reassumido o pagamento de reparações de guerra à Grã - Bretanha e à França, os nazis organizaram o “Putsch da Cervejaria” - a primeira tentativa de tomar o poder pela força. Hitler esperava que sua revolução nacionalista na Bavária se espalhasse pelo insatisfeito exército germânico, que por sua vez derrubaria o governo em Berlim. No entanto, o levantamento foi imediatamente sufocado e Hitler foi preso e sentenciado a cinco anos de prisão por alta traição.
Enviado à prisão de Landsberg, passou o tempo a ditar os seus pensamentos e traços de biografia e a trabalhar os dons oratórios. Após nove meses de prisão, a pressão política de militantes do Partido Nazi forçou a sua libertação. Durante os poucos anos que se seguiram, Hitler e outros líderes nazis reorganizaram a sua agremiação como um movimento de massas fanático capaz de conquistar a maioria no parlamento germânico – o Reichstag – por meios legais, o que jamais chegou a conseguir a ascensão de Hitler ao poder.
Em 1932, o presidente Paul von Hindenburg derrotou Hitler em eleições presidenciais, mas em Janeiro de 1933, pressionado por sectores de direita, conservadores, parte da social-democracia e empresários que queriam impedir a chegada da esquerda ao poder, indicou-o como chanceler, na esperança de que o poderoso líder nazi poderia ter a sua actuação controlada como membro do gabinete presidencial.
Contudo, Hindenburg subestimou a audácia política de Hitler e um dos primeiros actos do chanceler foi utilizar o incêndio do Reichstag, ateado pelos próprios nazis, como ficou posteriormente constatado, como pretexto para a convocação de eleições gerais. A polícia, sob o comando de Hermann Goering reprimiu os principais oposicionistas e atemorizou a população antes das eleições, o que fez com que os nazis conquistassem uma maioria relativa.
Pouco depois, Hitler assume poderes absolutos através de leis habilitantes. Em 1934, Hindenburg falece e os derradeiros remanescentes do governo democrático da Alemanha são desalojados, deixando Hitler como o führer de uma nação que se preparava para a guerra de conquista e o genocídio das “raças inferiores”.
Fonte: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
Adolf Hitler (centro) e o seu gabinete em 30 de Janeiro de 1933
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