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sexta-feira, 22 de julho de 2016

O silêncio de Morais Sarmento





No Diário de Notícias de 13 de Junho passado desafiei Nuno Morais Sarmento (NMS) a "esclarecer onde, quando e como tive o comportamento que ele classifica como "cobarde"" e os "atentados que por escrito ou oralmente eu cometi contra a sua pessoa privada e respectiva família".

Recorde-se que numa entrevista a este jornal, publicada a 10 de Junho, o antigo ministro da Presidência do PSD e putativo candidato à liderança desse partido me ameaçara com murros por eu supostamente o ter ofendido pessoalmente e atingido a sua família. Note-se ainda que, nessa entrevista, nem entrevistado nem entrevistador esclareciam as razões concretas que justificavam tal assanhamento pessoal, com ameaças de agressão física. Daí o desafio que lancei mas não obteve qualquer resposta.

O silêncio de Morais Sarmento - personalidade com responsabilidades públicas notórias, advogado, ex-ministro e candidato a uma liderança partidária - não pode passar em branco, até porque as suas declarações irresponsáveis e ameaças de violência não só visaram a minha dignidade pessoal e profissional como mostraram a falta de carácter de quem as proferiu e a sua cobardia intrínseca, quando colocado perante uma exigência de verdade. Mais: ao não responder ao meu desafio, Morais Sarmento demonstrou uma falta de respeito elementar pelos leitores do Diário de Notícias e a opinião pública em geral. Aliás, soube entretanto que não era essa a primeira vez que NMS me fazia semelhantes ameaças, reiterando declarações que prestara ao jornal i e que eu desconhecia até hoje.

Para além do meu caso pessoal, é simplesmente intolerável e motivo de indignação pública que um político, comentador televisivo e advogado - suponho que inscrito na respectiva Ordem - se permita (e por mais de uma vez!) ameaçar a integridade moral e física de terceiros, sem se sentir obrigado a esclarecer os motivos por que o fez.

Apenas me lembro de um episódio em que me vi confrontado directamente com NMS. Foi durante uma audição parlamentar, era eu então deputado do PS e ele ministro da Presidência, sobre a nomeação para administrador da Lusa de um jornalista conhecido pelas suas manifestações de servilismo perante o Governo da altura. Citei alguns exemplos mais óbvios, questionando a isenção do jornalista em causa e as razões oblíquas que tinham levado o Governo a nomeá-lo. NMS não escondeu a sua irritação e agressividade, acusando-me a despropósito de ser um nostálgico do Maio de 68, ao que eu respondi com uma frase do género: "Tomara a si fazer parte dessa geração."

Se NMS confunde um episódio de natureza política como este - que ele, pelos vistos, nunca terá digerido - com qualquer outro de natureza pessoal, isso só mostra até que ponto pode chegar a cegueira e a perturbação mental de alguém possuído pela arrogância e o culto da violência. De qualquer modo, é um atestado de insanidade que não o recomenda de todo para o exercício de cargos de responsabilidade na vida pública.


Jorge Bacelar Gouveia
Jornalista

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