Fonte: IEFP |
O volume de pessoas que apareceu nos centros de emprego - fosse desempregada ou não - para pedir um emprego não parou de subir desde então. O terror apenas se atenuou quando a troika e os dois partidos chegaram à conclusão de que não era possível continuar com a anterior política. Todo o programa foi interrompido. Manteve-se o aperto fiscal que ainda não foi desatado, sob pressão comunitária. Desde aí, desde 2014, que o mercado de trabalho tem reanimado um pouco. Os dados divulgados ontem mostram-no. Ainda assim, são 700 mil pessoas que procuram um emprego. Caso se estime o desemprego lato pelos dados do INE - juntando os desempregados, os inactivos desencorajados ou indisponíveis e o subemprego - essa realidade ainda abrangia no 1º trimestre 2016 cerca de 1,133 milhões de pessoas, quando já foi 1,469 milhões no 1º trimestre de 2013.
Para esta evolução, têm contribuído diversos elementos. Veja-se este gráfico que apura os fluxos de ano para ano em cada uma daquelas realidades. O que se vê?
1) O desemprego em sentido lato tem estado a reduzir-se desde 2013, mas a ritmos cada vez menores, a ponto de poder começar a subir em 2016. Esses dados corroboram a evolução das pessoas que em cada mês se têm dirigido aos centros de emprego para se declarar como desempregadas. Esses valores nunca pararam de crescer desde 2002. Eram 30 mil por mês em 2001, passaram para 50 mil em 2007, e saltaram para um valor médio de 60 mil no período do Governo PSD/CDS. Mas desde 2014 que se têm atenuado. E continuaram a descer em 2016, estando ao nível de 2012.
2) Simetricamente, o emprego assalariado subiu desde 2013, mas aparentemente de forma artificial até 2015, já que a subida do emprego em 2013 e 2014 parece corresponder de sobremaneira ao acréscimo dos empregos apoiados pelo IEFP. Diga-se que em 2014 e 2015 foram apoiadas 200 mil pessoas em cada ano. Esses apoios estão a reduzir-se em 2016. E apesar disso, o emprego tem continuado a manter-se num ritmo uniforme - embora insuficiente - ao redor dos 50 mil por ano.
3) Sim, em parte, a redução do desemprego lato também se deveu a outra montanha - a dos emigrados permanentes. Em 2010, eram 23,1 mil. Em 2011, saíram 44 mil. Em 2012, mais 52 mil. Em 2013, mais 53,8 mil. Em 2014, mais 49,6 mil. E em 2015, mais 40,4 mil (dados INE). Ou seja, a emigração permanente está ao nível anual do emprego criado em cada ano! Ao todo, nesses seis anos, saíram permanentemente 263,4 mil pessoas. Só de 2013 a 2015, foram 143 mil.
A situação do mercado de trabalho revela-se, pois, de uma enorme fragilidade. O emprego criado - insuficiente para absorver a montanha de desempregados e emigrantes - assenta em valores de rendimento salarial muito baixos (o salário mínimo nacional atinge uma larga percentagem dos assalariados), na precariedade dos contratos. Um ambiente laboral, de fracas ofertas de emprego, que ainda não desmotiva a fuga do país.
Mas a Direita insiste em voltar à política de terror. Voltou a agitar o perigo de 2011. Que vivemos numa mentira e que tudo vai rebentar. Parece assumir o discurso de Trump ao afirmar que quem não vê que tudo se está a degradar, não está preparado para governar o país...
A situação não é, de facto, das mais sólidas. Mas não se entende por que é que:
1) a retoma do emprego que foi tão saudada por esses partidos até às eleições legislativas de Outubro 2015, passou, depois, com a criação de um governo de PS, a estar à baira da bancarrota outra vez.
2) ou por que é que o Governo de Direita, que contribuiu fortemente para a situação actual - vide profundas alterações da legislação laboral - não recebeu os frutos da economia e o emprego se mantém numa tão frágil situação, a ponto de poder ser - de novo - aproveitada pela Direita.
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