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sexta-feira, 22 de julho de 2016

Guterres, o único que não teve um voto contra





Os 15 do Conselho de Segurança disseram se "encorajam", "desencorajam" ou não têm opinião sobre cada um dos candidatos

Straw polls. Ou seja, "votos de palha". Assim se designa, na gíria da ONU, a primeira votação, que ontem teve lugar no Conselho de Segurança sobre as doze candidaturas a secretário-geral das Nações Unidas.

Esta é uma votação destinada, acima de tudo, a eliminar candidatos. Ou seja, a dizer a quem não tem condições de prosseguir que não deve prosseguir, porque entre os 15 países com assento no Conselho de Segurança (cinco permanentes + dez rotativos) os apoios não são suficientes.

Cada representante fez, em relação a cada um dos doze candidatos, uma de três escolhas: "encorajamento"; "desencorajamento"; e "sem opinião". E o resultado do antigo primeiro-ministro português António Guterres - ontem na Índia em campanha - foi de longe o melhor: obteve 12 votos de "encorajamento"; zero de "desencorajamento"; e três "sem opinião". Foi aliás, de todos os candidatos, o único que não teve um voto de "desencorajamento". Um resultado, segundo fontes diplomáticas consultadas pelo DN, igual ao do atual secretário-geral da ONU, o sul-coreano Ban Ki-moon, no seu processo de seleção para o cargo (foi eleito pela primeira vez em 2006 e reeleito - desta vez sem concorrência - em 2011).

Não se soube que país votou o quê e em quem mas soube-se a distribuição dos votos pelo menos em relação àqueles que a partir de agora serão os cinco principais candidatos.


Danilo Turk, ex-presidente da Eslovénia, teve 11 votos de "encorajamento", dois de "desencorajamento" e dois de "não opinião"; Irina Bokova, búlgara, chefe da UNESCO, ficou-se pelos nove "encorajamentos", quatro "desencorajamentos" e dois "não opinião"; Vuk Jeremic, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Sérvia, obteve nove votos de "encorajamento", cinco de "desencorajamento" e um de "não opinião". E Helen Clark, a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia e atual chefe do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), oito "encorajamentos", cinco "desencorajamentos" e dois votos de "não opinião".

Esta foi uma primeira ronda de votações, a segunda será no final deste mês e a terceira, presumivelmente, em setembro (em agosto a ONU basicamente fecha para férias). Em outubro, mês em que a Rússia presidirá ao Conselho de Segurança da ONU, este órgão deverá definir finalmente o candidato único a apresentar à Assembleia Geral, órgão onde têm assento todos os países da ONU. Será a Assembleia Geral a proceder formalmente à sua eleição e o eleito iniciará funções no início de janeiro de 2017.

Esta primeira straw poll indica, para já, que não parece estar a fazer caminho a tese - que se pensava dominante - segundo a qual o próximo chefe das Nações Unidas teria de ser necessariamente uma mulher (em privado Guterres chegou a considerar que esse era o seu principal handicap, lamentando a rir entre amigos não ter tido tempo para fazer uma operação de mudança de sexo).

Por outro lado, esta primeira sondagem revela uma preferência clara por personalidades com currículo dentro da estrutura da ONU e nas suas agências mais importantes (o ACNUR, no caso de Guterres, ou a UNESCO e o PNUD, no caso de Bokova e Helen Clark).


www.dn.pt

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